outubro 31, 2007

Em Dia de Halloween...

Este aqui é o falso Jason. O verdadeiro, só mais tarde.

Abraços!

Culpa dos Juros?

Excelente texto na Folha On-Line do Valdo Cruz. A pergunta que fica, diante do problema do empresário, é: onde estão FIESP, FIRJAN, FIERGS e afins quando um problema destes aparece? Quando o BC muda os juros, são os primeiros a fazer fila na porta dos jornais para chamar a decisão de "escandalosa", "absurda", etc.

Começo a acreditar que a pressão sobre o BC é consequência do bom trabalho ao longo do tempo. Algo do tipo "já que fez tanto, pode fazer um pouco mais". Ou ainda, "como não posso esperar nada dos outros setores do governo, deixa eu cobrar um pouco do que funciona".

Abraços!

Cena recente ocorrida em Nova York. Um grande produtor de óleo de soja brasileiro reuniu-se com um grupo de investidores estrangeiros para tentar convencê-los a investir no seu negócio. O plano industrial do empresário brasileiro agradou. Custo de produção baixo, boa plantação de soja, transparência total do projeto. Enfim, o plano estava repleto de qualidades e encheram os olhos dos investidores. Fora isso, as condições macroeconômicas no país são favoráveis, economia em crescimento, inflação baixa, juro ainda alto mas bem menor do que num passado recente. Só que aí veio uma perguntinha final: E o seu plano de logística? Qual será seu custo de exportação? Como estão as condições de escoamento da produção pela via portuária? Aí deu vontade de chorar, confidenciou o empresário brasileiro a amigos.
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outubro 30, 2007

Dica

A coluna dela no Estadão costumava ser muito boa, das melhores fontes de informação sobre política e economia disponíveis. Espero que o podcast da Sônia Racy tenha o mesmo sucesso.

Abraços!

outubro 25, 2007

De Fato, Heresia

Sem comentários.

Abraços!
clipped from oglobo.globo.com
RIO - Um célebre espaço na Bowery Street, no East Village, em Nova York, está prestes a reabrir. Só que, em vez do clube de rock CBGB, a loja será ocupada por uma butique de alto luxo do estilista John Varvatos. O lugar, que estava fechado desde outubro de 2006, passou por uma reforma completa e não tem mais nada a ver com o lendário clube que lançou a cena punk/new wave nova-iorquina nos anos 70 e 80.
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PhD de Elite

Em algum lugar dos Estados Unidos:

— O que é isto, cabo Fasolo?!?!? O que você está fazendo?

— Estou jantando, comandante, mas eu...

— Como assim "estou jantando, comandante"??? E a lista de exercícios? Já terminou a prova?! Tá achando que eu sou moleque em acreditar neste papo de "estou jantando"?

— É só um prato de massa, comandante...

— Você está achando que eu sou moleque? Tá achando que eu sou moleque??? MO-LE-QUE!!! Moleque é o senhor, cabo Fasolo!!! MOLEQUE É O SENHOR!!!!

— Eu precisava parar um pouco, estava cansado, comandante. Virei a noite trabalhando na lista de exercícios...

— E você acha justo que, em um país como os Estados Unidos, alguém possa passar uma noite montado em apenas uma lista de exercícios??? Que tipo de luxo é este?!?!?!?! Tinha que ter feito ao menos duas listas e mais uma das três apresentações para a semana que vem!!! O SENHOR É UM MOLEQUE!!!!

— Já estou voltando para o escritório: termino duas apresentações hoje à tarde e...

— Só duas apresentações?!?!? O senhor é um fanfarrão, cabo Fasolo! UM FANFARRÃO!!! E a prova?!?!? E as outras duas listas de exercícios! O senhor é muito folgado, cabo Fasolo, FOL-GA-DO!!! O senhor deve achar que todo mundo aqui é moleque, não? MOLEQUE É O SENHOR!!! MOLEQUE É O SENHOR, CABO FASOLO!!!! O senhor trate de apresentar as duas apresentações: quando estiver terminado, eu lhe passo mais duas listas de exercícios!

— Senhor, sim, senhor! Obrigado pela atenção, senhor!

— Está dispensado, cabo. E deixe o macarrão aqui...

(Texto puramente ficcional e inspirado no cotidiano de um aluno de PhD em economia. Nada a ver com Tropa de Elite.)

Abraços!

outubro 20, 2007

E a Pesquisa...

... ainda está no ar!!! Levante o seu traseiro gordo do sofá, vá ao cinema e me conte o que você achou de Tropa de Elite!!!! Estou curioso!!!

Ah, a Coerência...

Tem um blogueiro, ex-jornalista famoso da Folha de São Paulo por acompanhar programas falidos de combate à inflação nos anos 80/90 no Brasil, que adora cair de pau no Banco Central por estar "capturado pelo mercado", onde as decisões do Copom só servem para alimentar a "farra do boi". O blogueiro ainda se refere a uma das diretorias do Banco como sendo formada pelo "trio-terremoto", e aliviado por esta diretoria não estar mais no banco no início da crise.

Pois bem: o famoso jornalista escreveu no dia 17 deste mês um longo post, elogiando a capacidade do banco UBS em prever os efeitos da crise do mercado imobiliário americano no Brasil, afirmando que o seu grupo de decisão estimulou a compra de ativos em meio à crise, apostando no caráter passageiro do evento. E o que isto tem a ver com as suas opiniões sobre o Banco Central? Adivinha só quem é o economista-chefe do UBS-Pactual para a América Latina.

O terremoto, pelo visto, faz boas previsões sobre crises externas.

Um abraço!

P.S.: não vou ficar fazendo propaganda de blogs ruins para os meus amigos. Logo, se você quer saber quem é o blogueiro, junte as expressões entre aspas, coloque no Google e divirta-se.
P.S.2: UPDATE: se vocês jogarem as palavras entre aspas, não vão encontrar o site do jornalista. O Google deve estar criando juízo... hahaha.

outubro 17, 2007

Sobre a Demagogia com a CPMF

Sobre o texto anterior a respeito da CPMF, que existia neste espaço, a única coisa que restou decente foi o trecho abaixo. O post original (ver abaixo) foi implodido pela mais absurda incoerência e estupidez intelectual do autor.

Grato pela atenção.

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Agora, o que mais me assusta nesta discussão a respeito da CPMF é o monstrengo tributário e populista que pode ser criado, caso o governo emplaque a proposta do líder do Senado, Romero Jucá, endossada pelo voluntarioso bigode de Aloízio Mercadante. Segundo a proposta dos nobres senadores, trabalhadores que ganham até R$1.700,00 estariam isentos da cobrança do imposto. A proposta é um monstrengo tributário porque vai permitir que contribuintes espalhem a sua movimentação por várias contas a fim de demonstrar que sua movimentação é compatível com salário inferior ao teto. Exemplo: usar uma conta em nome da esposa, dona-de-casa, para movimentar parte dos rendimentos da família e fugir da cobrança do imposto.

Além disso, a proposta é um monstrengo populista porque qualquer pessoa com um pouco mais de dois neurônios (não, não aqueles que desceram até o bigode, senador: os que ficaram na cabeça!!!) sabe que o maior efeito da cobrança do imposto é na venda do produto final, e não na movimentação do dia-a-dia da conta bancária. Quando o sujeito vai comprar o seu pão, ele paga CPMF não porque deixou algumas moedas para o caixa, mas porque a panificadora pagou a empresa que vendeu a farinha (e aí teve a cobrança do imposto); porque a panificadora pagou o aluguel do prédio onde está instalada (e aí teve a cobrança do imposto); porque a panificadora pagou água, luz e telefone para poder funcionar (e aí, de novo, teve a cobrança do imposto). Logo, vir com o argumento que "o pobre vai ser isento do imposto" é um populismo dos mais rasteiros.

É, não existe nada de ruim que não possa ser piorado.

Abraços!

CPMF: Contra Tudo

Ok, ok, ok. Argumento errado. Totalmente errado. Furei feio. Se você esteve aqui no site entre as 10 da noite e as 0:45hs, no horário brasileiro, você pôde constatar que tinha um texto aqui que tratava sobre a CPMF. Usei um argumento lamentável para justificar esta aberração, que eu mesmo derrubei.

Abraços!

outubro 16, 2007

Nobel: Surpresa na Cobertura

Fiquei especialmente satisfeito com a cobertura de parte da imprensa brasileira a respeito dos laureados com o Prêmio Nobel deste ano. Tendo em vista a complexidade do tema da pesquisa dos homenageados, esperava que o festival de bobagens fosse inesquecível. Decepção minha: nos três jornais mais importantes do país (Folha, O Globo e Estadão, os dois últimos nas suas páginas de notícias on-line), a cobertura foi bem ponderada.

O Globo e o Estadão se limitaram, corretamente, em reproduzir o que as agências internacionais publicaram a respeito dos vencedores. Por pior que seja a cobertura destas agências, a possibilidade de erros na matéria diminui bastante, já que os jornalistas tentam fazer uma reportagem bastante "descritiva" da notícia, sem se preocupar com análises detalhadas sobre o mérito da premiação. Até neste aspecto, o texto da BBC-Brasil, publicado por ambos jornais, foi bastante feliz ao lembrar a ligação do trabalho destes autores com a pesquisa de John Nash Jr., vencedor do Nobel pelo desenvolvimento e aplicação de teoria dos jogos em economia.

Já a Folha, na sua edição impressa, evitou fazer a ligação do trabalho dos homenageados com situações cotidianas, dentro da linha editorial que costuma resultar em desastres na área. Ao contrário, fez o que um jornal correto deveria fazer, se quisesse estabelecer alguma ligação com o Brasil: procurar economistas sérios para dar a sua opinião. O resultado foi excelente. As entrevistas com Aloísio Araújo e Maurício Bugarin foram escolhas das mais felizes para explicar ao leitor leigo a importância da pesquisa dos vencedores.

Por outro lado, Zero Hora parece ter designado o estagiário da coluna de horóscopo para escrever a sua matéria. Dizer que a escolha de Maskin, Hurwicz e Myerson é um "golpe no liberalismo econômico ortodoxo" é, para dizer o mínimo, uma bobagem sem tamanho. A afirmação equivale a dizer que as universidades de Chicago (!!!), Minnesota e Princeton, onde trabalham os agraciados, seriam centros de disseminação da cultura heterodoxa. Antes os nossos heterodoxos ouvissem o que dizem os pesquisadores destas escolas...

Felizmente, outros sites capazes de produzir bobagens de qualidade equiparável sob a carcaça de jornalismo econômico responsável se abstiveram de comentar a premiação.

Abraços!

outubro 15, 2007

Sobre o Nobel de Economia

Prêmio merecidíssimo pela relevância da área na pesquisa em microeconomia atual: de fato, o trabalho de Maskin, Myerson e Hurwicz em desenhos de mecanismo é o que de mais relevante apareceu em termos de teoria microeconômica depois do "boom" em teoria dos jogos dos anos 80/90.

Agora, o mais divertido da premiação será mesmo ler os jornais brasileiros tentando explicar a relevância do prêmio em seus espaços cada vez menores para as manchetes.

Abraços!

outubro 14, 2007

Pesquisa! Pesquisa! Pesquisa!

Depois de me informarem sobre o destino da taxa de câmbio no Brasil (na verdade, ninguém sabe de nada, mesmo, sobre o câmbio, já que as respostas ficaram distribuídas entre todas as alternativas), agora meus leitores no Brasil vão me informar sobre a última polêmica nacional: "Tropa de Elite" pegou geral?

Deixo a pesquisa no ar por bastante tempo, para tentar coletar as opiniões do maior número possível de pessoas. Comentários são (MUITO) bem-vindos. Estou curioso para ler a opiniões de quem viu o filme.

Abraços!

Luiz Caversan

O texto é do dia 6 deste mês, só consegui ler agora graças à porcaria do site da Folha que resolve mostrar colunas antigas, ao invés dos textos mais atuais. Serviu para alguma coisa. Vai na íntegra, mesmo.

Abraços!

Invasão de privacidade

Por Luiz Caversan.

- Boa noite! Posso falar com o sr. Luiz Carlos?

Xi, boa coisa não é, porque só minha mãe me chamava de Luiz Carlos, mesmo assim quando estava muito brava. Mas resolvo atender.

- Pois não, é ele. Quem está falando?

- Antes de mais nada eu gostaria de informar que nossa conversa está sendo gravada?

- Como assim, gravada?

- Questão de segurança...

- Mas eu estou em perigo?

- Não, não. Olha, primeiro de tudo eu gostaria de lhe parabenizar (sic) pelo seu ótimo relacionamento com o comércio de sua cidade.

- Como assim, ótimo relacionamento? Você quer dizer que eu não sou caloteiro?

- Isso mesmo! Quer dizer, não, não. Apenas estou dizendo que o senhor é um ótimo cliente...

- É, quem te contou?

- Como assim?

- Quem te contou que eu chamo Luiz Carlos, que este é meu telefone, que estou em casa às 10 da noite, que compro, pago? Como você me descobriu?

- Ah, o senhor está em nossa base de dados?

- É mesmo? E quem me colocou na sua base de dados?

- Bem, isso eu não posso dizer...

- A nossa conversa está sendo gravada?

- Está? Para sua segurança...

- Então eu estou em perigo?

- Não, não... eu só preciso falar com o senhor alguns minutos...

- Senão você não ganha nada, né?

- Como assim?

- É, você tem que me prender no telefone pelo menos x minutos para ganhar alguma coisa. E ganha mais se me vender... o que você está me vendendo mesmo?

- Cartão de crédito... Não! Desculpe, estou ligando primeiro para cumprimentá-lo...

- Isso você já falou, vamos aos finalmente, depois você me explica como eu entrei na sua tal base de dados.

- É um cadastro...

- Quer dizer que eu estou cadastrado? Tem nome, endereço, RG, essas coisas todas?

- Sim?

- E quem me cadastrou?

- O outro cartão de crédito...

- Ah, quer dizer que vocês pegaram meu cadastro num cartão para me vender outro cartão? Espertinhos, heim?!

- Não, o senhor não está entendendo...

- Alô, alô, nossa conversa está sendo gravada?

- Sim!

- Então eu quero falar para quem ouve a gravação, se é que alguém ouve a gravação: olha aqui, pessoal, isso é muito feio, viu? Vocês pegaram meus dados do meu cartão de crédito sabe-se lá como, sabem tudo a meu respeito, certo?, RG,CP, telefone, endereço. Sabem, até que eu pago direitinho minhas contas, certo? Daí mandam essa moça simpática ligar pra minha casa às 10 da noite, com essa conversinha de 'parabéns pelo meu ótimo relacionamento com o comércio da sua cidade' (de fato, eu me dou super bem com a dona Francisca da mercearia...) e tudo e tal e acham que está tudo bem, que é assim mesmo?

- Por favor, senhor Luiz Carlos...

- Peraí, Luiz Carlos era minha mãe que me chamava; agora espera aí que eu estou falando com o moço da gravação. Então, isso é feio, imoral, antiético e sobretudo invasão de privacidade. Você sabia, moça, que você está invadindo minha privacidade?

- O senhor está falando comigo agora?

- Sim!

- Não sabia, não...

- Desculpe, querida, eu sei que você está tentando ganhar o seu, mas sua tarefa é inglória e está a serviço de interesses espúrios...

- Peraí, espúrios, não!

- Sim, espúrios, minha filha, isso não é nenhum palavrão, embora pareça: quer dizer alguma coisa que não está de acordo com as leis ou a ética, é ilegal, desonesto, ilegítimo.

- Ah, bom...

- Bom nada, eu estava quietinho aqui no meu canto e você me liga sabendo tudo a meu respeito e querendo dar um golpe no meu cartão do crédito para eu ficar com o seu?!

- Não!

- Sim! E sabe o que é pior pra você? Faz dez minutos que a gente está conversando e você nem conseguiu falar qual é o seu cartão de crédito!

- Senhor Luiz Carlos, o cartão é...

- Boa noite...

*
Discute-se em São Paulo se colocar chips para monitorar os automóveis da cidade seria ou não invasão de privacidade. Polêmica ultrapassada, esta: como demonstra o diálogo acima, eles já sabem tudo.

Nobre Al Gore?

Um excelente artigo no Boston Globe questionando o prêmio Nobel da paz concedido ao ex-vice presidente americano Al Gore deixa implícito no final uma questão importante: qual a importância de um trabalho concluído para a obtenção de um prêmio Nobel da paz? Em outras palavras, uma obra puramente idealista é merecedora deste prêmio Nobel?

A resposta, até a premiação deste ano, parece indicar que não. O vencedor do prêmio de 2006, Muhammad Yunus, construiu uma instituição bancária de crédito popular em Bangladesh - uma obra concreta e acabada. Mohamed ElBaradei e a International Atomic Energy Agency (IAEA), vencedores do prêmio de 2005, efetivamente tiveram a sua participação na construção da política nuclear atual - ainda que de qualidade questionável, é uma obra concreta. A ativista política Wangari Maathai ganhou o prêmio de 2004 pelo combate à ditadura no Quênia. A luta pelos direitos humanos, especialmente de mulheres e crianças, em países islâmicos, na figura de Shirin Ebadi, talvez seja outra causa menos concreta agraciada com a premiação, em 2003. Todavia, as obras de Kofi Anan (a despeito dos escândalos com seu filho), Jimmy Carter, Nelson Mandela, Henry Kissinger, Yasser Arafat, Ytzhak Rabin, Madre Tereza, entre outros, apresentaram resultados concretos.

O prêmio dado a Gore refere-se a um problema existente, mas note que até mesmo a instituição que compartilha o prêmio afirma que a manutenção do estado atual causará efeitos bem menos nefastos que os alardeados pelo ex-vice-presidente. Será que agora, para ser premiado, basta estar "apaixonado" por uma causa, ou resultados concretos voltarão a ser considerados?

Abraços!

Furo de Notícia

Eu tinha comentado, algumas semanas atrás, sobre um acidente em partida de futebol americano onde um jogador teve uma lesão na coluna cervical. Pois não é que parece que o cara está se recuperando bem? :-)))))))



Fora de brincadeira, Kevin Everett está se recuperando em um hospital de Houston, com boas perspectivas em termos de voltar a caminhar.

Abraços!

BOPE, o PhD da Polícia

Frase do Comandante do BOPE, Coronel Pinheiro Neto, na Veja desta semana:

"Nesse curso, a rotina do aluno é quebrada. Ele dorme muito pouco, se é que dorme, alimenta-se muito pouco, quando se alimenta, e é submetido a tarefas extenuantes"

Por um instante achei que ele estava falando de algum bom programa de PhD em economia.

Abraços!

outubro 07, 2007

Apostas para o Nobel de Economia

Shikida já colocou no seu site algumas apostas sobre o prêmio Nobel de economia deste ano. Deixei um comentário por lá, mas resolvi trazer para cá as idéias um pouco mais elaboradas, além de outros palpites, bem mais calibrados que o meu.

É óbvio que a minha preferência para o prêmio é viesada pela área de estudo, mas eu creio que sejam poucos os economistas que nunca leram alguma obra do Thomas Sargent nos seus estudos de macroeconomia. De toda forma, já que foi o Phelps que ganhou no ano passado, também com trabalhos em macroeconomia, acho difícil que o Sargent leve desta vez.

Também ligado em macroeconomia, poderíamos citar David Romer e Robert Barro. Todavia, de novo, seus nomes ficam prejudicados pela tendência de alternância das áreas de pesquisa na distribuição dos prêmios.

Seguindo uma tendência da academia de premiar os autores que, de alguma forma, complementaram pesquisas originais (Debreu, depois de Arrow; Miller, depois de Modigliani; Phelps, depois de Friedman), poderia puxar a brasa para a sardinha de Duke, e dizer que Tim Bollerslev teria chances. Entretanto, dois fatores pesam contra a sua escolha: 1) fazem apenas quatro anos que Engle ganhou o seu prêmio com os modelos GARCH; 2) Bollerslev é ainda bastante novo (seu trabalho mais famoso é de 1986).

Outros palpites interessantes já apareceram: Mankiw, além de Barro, cita Fama, Feldstein e Schleifer, com base em citações. Entretanto, estes também estão marcados pelo viés do campo de pesquisa. Além disso, com base em rankings de citações, não podemos nos esquecer de Paul Krugman, ainda que ele já tenha se esquecido da academia faz algum tempo...

Seguindo o link que Mankiw indica, da Thomson Scientific, os palpites já se tornam muito mais razoáveis: Paul Milgrom já mereceria o prêmio; Jean Tirole já entra em categoria muito parecida com o que Sargent é para a macroeconomia.

Por fim combinando a contribuição com o número de citações, além da tendência das áreas de pesquisa em economia não se repetirem, acho que Jean Tirole é um excelente palpite para este ano.

Abraços!

On Any Given Saturday

Hoje tentamos seguir a tradição americana dos sábados de outono nos Estados Unidos, especialmente em cidades universitárias do país: ao invés de ficar presos na televisão, Chris e eu decidimos assistir ao jogo de futebol americano universitário de Duke. Tudo bem, o time é uma porcaria (conseguiu a proeza de perder todos os doze jogos da temporada passada), mas o programa em si é legal.


Talvez seja difícil, no Brasil, ter uma noção mais exata do que é o esporte universitário por aqui, já que, mesmo tendo acesso à ESPN, o número de transmissões é muito pequeno (nos sábados, por exemplo, a ESPN internacional transmite o Campeonato Espanhol para o resto do mundo). Entretanto, a experiência daqui é muito interessante. Para se ter uma noção, em todo o sábado de temporada é possível ficar da uma da tarde até a uma da manhã do domingo plantado na frente da televisão assistindo futebol americano, com jogos universitários que começam na costa leste e vão terminar no último jogo da noite de alguma universidade da Califórnia.

No estádio, o clima de jogo é bem diferente. Não sei se é por causa da (baixa) qualidade do time de Duke, mas a torcida mais animada era a visitante, da universidade de Wake Forest. Na foto abaixo, uma curiosidade: a foto destaca a banda de Duke, tocando para as cheerleaders; entretanto, olhando com um pouco mais de atenção, notem com as cores azul e branca de Duke vão sendo trocadas, nas roupas da torcida, para o preto e dourado de Wake Forest, à medida em que olhamos as arquibancadas mais para o fundo. Sim, é isto mesmo: as torcidas ficam misturadas nas arquibancadas, sem divisórias, sem provocações, sem pancadaria. Cada família vai para o estádio vestindo as cores da sua universidade, compra o seu cachorro-quente, refrigerante para os filhos, e torce para o seu time preferido, sem ser incomodada por torcedores adversários.


Entre os pontos altos do dia, a exibição da banda marcial da universidade antes do jogo e no show do intervalo (ver na foto abaixo, atrás da Chris); a entrada em campo do time de Duke, com alguns fogos e uma festa que até lembra a entrada dos times de futebol no Brasil em jogos decisivos; o sanduíche de lombo de porco com pimentão vermelho e cebola que comi estava ótimo; a velocidade com que a Chris entendeu as regras do jogo, o que me permitiu prestar atenção no jogo (o que mais eu posso pedir da vida? Minha mulher conhece a lei do impedimento e topa ir comigo a jogos de futebol americano!!!!); e, lógico, o fato de Duke ter ao menos dado um calor na partida contra a universidade campeã da conferência do ano passado (placar final: WF 41 x 36 Duke).


O sábado foi divertido, deu para descansar bastante e curtir um pouco do que o americano médio entende por programação de final de semana.


Abraços!

outubro 06, 2007

Duke X Illinois: os Latinos

Já estou para escrever este post faz algum tempo, mas por ser apenas uma provocação, fiquei adiando, talvez esperando uma boa oportunidade. Depois de ler a última frase do ante-projeto de ditador equatoriano, não resisti:

"Com o Congresso é muito difícil de atuar e creio que o pronunciamento do povo equatoriano foi contundente: o Congresso tem de ir para casa."


Sabem onde Rafael Correa, o autor da preciosidade caudilhista latino-americana citada, estudou? Segundo a biografia disponível, o atual presidente equatoriano é PhD em economia pela Universidade de Illinois, em Urbana-Champaign. A mesma universidade onde muitos brasileiros estudaram estimulados pelo contato com o professor Werner Baer.

Agora, me permitam o contraponto. Lembram de Ricardo Lagos, ex-presidente do Chile, antecessor da atual presidente Bachelet? Entre os seus feitos: a assinatura de acordos de livre comércio com a União Européia e a China, além de negociações para tratados com os Estados Unidos, aumentando drasticamente o fluxo de comércio do país; a obrigatoriedade de 12 anos de estudos para as crianças no país; as reparações dos crimes cometidos durante a ditadura de Pinochet. Agora, depois de concluído o mandato, vai estar junto de um conhecido nosso, dando aulas em Brown. Sabem onde Ricardo Lagos estudou para o PhD em economia? Sorry, Illini friends...

Por fim, uma observação: antes de jogarem na cara os alumni de Duke, quero lembrar que estou comparando ex-alunos do PhD em economia, ok? Não me venham citar o Nixon, que este foi da Law School...

Abraços!

outubro 04, 2007

Troca-se Big Mac por iPod

Um dos mais famosos indicadores da paridade do poder de compra entre moedas pode entrar em desuso: o "Índice Big Mac", da revista The Economist, está sendo desafiado como indicador da valorização das moedas nacionais pelo "Índice iPod", desenvolvido pelo banco australiano Comsec. A teoria por trás da construção dos índices é a boa e velha PPP: na sua síntese, o que ela afirma é que produtos iguais, depois de ajustados pela taxa de câmbio, devem ter preços iguais em qualquer país onde o produto seja comercializado. Assim, se o preço em dólares do Big Mac no Brasil é 15% maior que o preço do Big Mac nos Estados Unidos, afirma-se que o Real brasileiro está 15% sobrevalorizado em relação ao dólar.

Partindo deste princípio, duas perguntas se fazem necessárias: 1) Por que o Big Mac para comparar os preços? 2) Por que medir os preços pelo iPod seria mais eficiente?

Para a primeira resposta, fico com as palavras de um saudoso professor, que em suas aulas de economia internacional para a graduação na UFRGS elaborava o raciocínio de forma brilhante. A comparação entre as taxas de câmbio deveria ser feita usando um produto que todos os habitantes, em média, de um país consomem. Assim, o produto ideal deveria considerar mão-de-obra, capital, gastos com comida, além de impostos. Qual é a mistura mais uniforme destes produtos, de forma que um consumidor de Taiwan esteja comprando o mesmo objeto que um consumidor de Buenos Aires, e que leve em conta todos estes produtos básicos? O Big Mac!!! Logo, o Big Mac não é sequer uma refeição, mas uma grande mistureba de bens que todo mundo consome.

Para responder por que o iPod seria uma medida melhor para a paridade do poder de compra, basta constatar um fato: quando os brasileiros voltam de viagem da Europa, ou dos Estados Unidos, qual o produto que eles trazem na bagagem? Um iPod, que custa US$ 149,00 por aqui, contra US$ 327,71 no Brasil, ou um Big Mac, que custa US$ 3,22, contra US$ 3,60 no Brasil? É óbvio que, mesmo sendo mais barato, e mesmo sendo constituído por bens comercializáveis, ninguém vai trazer um hamburguer americano para a sua refeição. E aí está a grande vantagem do iPod como medida: por ser produzido na China, seus custos de transporte são mais ou menos equalizados ao redor do mundo, e os custos de produção absolutamente uniformes; também é um produto que possui as mesmas características onde quer que seja vendido; além disso, o "status" de ter um iPod ao redor do globo é mais ou menos o mesmo ao redor do mundo - o mesmo não se pode dizer do Big Mac em lugares onde ir para o Mc Donalds seja uma espécie de luxo, ao contrário daqui.

Para maiores informações sobre o "Índice iPod", ver aqui.

Abraços!

outubro 03, 2007

Como Diz Meu Pai...

Notícia interessante em O Globo Online de hoje: nem a Supernanny deu jeito nestas pestes. O mais interessante é a condição em que a casa começou a pegar fogo: a mãe no telefone, com um filho de três anos andando com um acendedor de fogão nas mãos, passeando em meio às cortinas da casa!

Eu ainda vou ver alguém fazer isto com a Supernanny.

Como diz meu pai: "bater, nem pensar?"

Um abraço!

outubro 01, 2007

Outra Pesquisa!!!

Gostei da brincadeira!!! Nova pesquisa no ar, e depois, sob recomendação da maioria qualificada dos oito leitores, "volto para estudar e não encho o saco" de mais ninguém.

A nova pesquisa trata, mais uma vez, de tema relevante para a sociedade brasileira, quiçá para o resto do mundo. O tema é economia: para onde vai o dólar no Brasil? Deixe o seu palpite!

Abraços!