março 26, 2009

Processo de Decisão no U.S. Treasury

Vejam como anda o processo de decisão do Tesouro Americano sobre salvar empresas do setor financeiro. Bem latino-americano. Por South Park.



Abraços!

P.S.: a pedidos, o link para o episódio inteiro.

março 24, 2009

"Das Kapital": O Musical

Suprema ironia, poço de contradições que só mesmo uma economia que começa a se abrir pode permitir: a obra maior de Karl Marx virará um musical estilo Broadway, na China!!! Diz a matéria:


"O estudo político-econômico sobre o capitalismo deverá se transformar em uma colorida narrativa ambientada em uma empresa onde os operários estão insatisfeitos com as condições de trabalho.

Na trama, eles descobrem que estão sendo explorados por um chefe inescrupuloso que só pensa em lucros e se revoltam.

Os trabalhadores decidem agir, mas não conseguem chegar a um acordo. Alguns empregados se amotinam, outros tentam barganhar coletivamente, e um terceiro grupo resolve continuar trabalhando."


Algumas perguntas pertinentes:

1) os atores do musical serão "explorados pelo dono do capital" da peça, gerando assim a "mais-valia" para o empresário?

2) a peça seria montada na China, nos mesmos moldes, se o regime econômico anterior ainda fosse vigente?

3) a peça tratará do destino de trabalhadores que se motinam em regimes não-capitalistas? (exemplos caseiros seriam bem-vindos, não?)

4) por fim, se o Ministério da Propaganda chinês vetar a montagem, poderemos saber os motivos?

Abraços!

março 23, 2009

"Óia Eu, Galvão! Tô na Globo"

A pose na foto, bem estilo estádio de futebol com cartaz pedindo pelo Galvão, mostrando o "sofrimento pelas horas perdidas com o excesso de trabalho", já justificaria o AUMENTO da carga horária.

A rima, muito rica, na mensagem, implora pelo AUMENTO da carga horária de literatura.

O "porque" e o "almenta" constituem uma súplica por mais aulas de português!

É o clássico tiro no pé. Se gastassem menos tempo no MSN, Orkut e afins, talvez tivessem evitado o mico.

Dica do Selva Brasilis.

Abraços!

P.S.: quem merece ser esculhambado pelo Galvão Bueno em estádio de futebol não precisa levar pedaço de papelão. Lembra, Sabino? :)

março 22, 2009

Rant: Uma Resposta Parcial

Muito boa a dica do blog do Mankiw sobre este texto do Prof. Scott Sumner, a respeito da hipótese dos mercados eficientes (EMH, em inglês), base da descrição dos mercados de ativos em modelos de equilíbrio geral. Parte da minha discordância em relação ao texto do Prof. Willem Buiter está exatamente na sua crítica à adoção da EMH. Ao comentar a solução dos modelos de equilíbrio geral, Prof. Buiter diz:

clipped from blogs.ft.com

The efficient markets hypothesis assumes that there is a friendly auctioneer at the end of time - a God-like father figure - who makes sure that nothing untoward happens with long-term price expectations or (in a complete markets model) with the present discounted value of terminal asset stocks or financial wealth.

What this shows, not for the first time, is that models of the economy that incorporate the EMH - and this includes the complete markets core of the New Classical and New Keynesian macroeconomics - are not models of decentralised market economies, but models of a centrally planned economy.

 blog it

Além de não entender o resultado sobre a equivalência entre a economia do "central planner" e a economia descentralizada no modelo neoclássico na sua forma mais básica (ver Stokey, Lucas & Prescott, 1999, capítulo 15, teoremas 15.3 e 15.4, mais conhecidos como o Primeiro e o Segundo Teoremas do Bem Estar), Prof. Buiter ignora também que, em economias onde a equivalência não se sustenta (caso da estrutura novo-keynesiana), ainda pode existir um equilíbrio suportando a convergência para um steady-state. Ou seja, mesmo que a formulação neoclássica não seja a mais adequada para o problema, a existência do equilíbrio pode ser provada a partir da análise das condições de primeira ordem dos agentes no modelo. E, para isto, uma estrutura de ativos ainda que parcialmente compatível com a EMH é necessária.

Assumindo-se, então, para satisfazer Prof. Buiter, que a EMH não se sustente de forma alguma, e que, ainda assim, seja possível estabelecer um equilíbrio para a economia, o que a ausência da hipótese traria de novo? Aqui entra o texto do Prof. Sumner, onde o grande resumo está aqui:

[I]magine two people looking at Mt. Monadnock. One says “That’s a very small mountain.” The other says “No, that’s just a big hill.” Pointless debate, isn’t it? Now imagine two economists look at the tech bubble. One says “boy, those rational investors made a big mistake,” whereas the other says “no, the investors were irrational.” Another pointless debate.

The only aspect of the EMH/anti-EMH debate that is of any interest is the policy implications. Are there any practical implications to the anti-EMH position? I have no trouble looking at some of the bubbles we considered here and saying: “Boy, those investors sure seemed irrational.” But it doesn’t help, because unless the anti-EMH people can find some interesting policy implications (investment advice for me, or public policy advice that will sway my vote), I would just as soon toss the anti-EMH theory away. I have found the EMH to be very useful in all sorts of ways mentioned in previous posts. The anti-EMH position? Not so much.

 blog it

Ou seja, seria ótimo, mesmo, ter modelos onde os trabalhos de Stiglitz, Akerloff, Shiller, entre outros, fossem incorporados. Infelizmente, como estes trabalhos não resultam em proposições gerais de política (uma vez que cada um destaca um aspecto dos mercados financeiros não tratados no "mainstream", o famoso equilíbrio parcial), o acréscimo de informação trazida para os modelos de equilíbrio geral acaba minimizado.

Além de não entender as proposições que derivam equilíbrios nos modelos de equilíbrio geral (como diria um famoso senador brasileiro, chamar estes modelos de "economias centralizadas" desperta em mim meus piores instintos...), Prof. Buiter atira trabalhos cuja generalidade dos resultados é mínima. Afinal, se o modelo dos autores acima citados é tão relevante, qual é a semelhança entre as crises de 1987, a de 2000 e a atual? "Ah, os investidores, em todos os casos, foram irracionais." E daí? A EMH permite explicar muitos eventos, mas não consigo explicar fatos esporádicos (um a cada 10 anos, na média dos três citados) sem partir para estudos de caso. E aí, onde fica a generalização que a teoria deve trazer?

Parte do meu "rant" está aqui. Com certeza, mais textos serão produzidos sobre as outras críticas feitas pelo Prof. Buiter, e que estão se espalhando sobre a técnicas de DSGE. Como estou sem tempo de produzir algo, vou colecionando estas observações aos poucos.

Abraços!

março 19, 2009

Overdose de Basquete

O país pára nesta época do ano, jogos todos os dias, do meio-dia até a meia-noite. E é apaixonante. Todo mundo dá os seus palpites, até o Presidente (se você acha que é um perfil falso que fez as escolhas, veja aqui). Para entender a paixão do americano pelo "March Madness", leia aqui. Até cirurgia de vasectomia é marcada com mais frequência nesta época, para os pacientes se recuperarem assistindo aos jogos.

Abraços!

março 15, 2009

Duke Basketball: ACC Champions!

Primeiro título que vejo Duke comemorar por aqui: Campeões do Torneio da ACC! Duke ganhou hoje de Florida State (que eliminou a universidade número 1 do ranking nacional, a rival UNC, nas semi-finais), com autoridade, em placar até relativamente dilatado.

Sinceramente, acho que se a UNC estivesse chegado na final, o resultado seria muito diferente. De toda forma, vale muito a comemoração. Agora, é esperar pelo início do torneio nacional, o famoso "March Madness", onde os 64 melhores times do país jogam partidas eliminatórias até o jogo final, que será disputado este ano em Detroit. É a melhor fase do ano em termos de basquete universitário.

Abraços!

março 14, 2009

Obama, Lula e Etanol: CQD

Como queríamos demonstrar: a abertura de Obama para o etanol da cana-de-açúcar não será aquela esperada pelos brasileiros mais ingênuos. Quem leu o blog, já esperava esta resposta.

Abraços!

março 12, 2009

Diálogo de Supermercado

— Chris, viu que o U2 vai iniciar uma nova turnê, e que vai ter show aqui nos EUA?

— Ah, que legal. Quais são as datas dos shows por aqui?

— Todos marcados para setembro, logo depois da criança nascer...

— Putz, que chato. Mas tudo bem, o Bono já virou Oreo agora...

— ???

— Sim, o Bono, antes, era como o biscoito: recheado, gostoso e vitaminado. Agora virou Oreo: só engorda.


Abraços!

março 11, 2009

Preferências

Estou passando por um dilema agora que, sempre acreditei, jamais passaria na minha vida. Explico.

A ESPN está passando os jogos eliminatórios do campeonato do Big East (uma das conferências, talvez a mais forte do país junto com a ACC, onde está Duke). Jogos eliminatórios, os garotos jogando no Madison Square Garden, tudo de bom para quem gosta de basquete. O jogo agora é entre Marquette (#21 no ranking nacional) contra St John's, que nem faz parte dos 25 melhores do país. Marquette está triturando St John's.

A ESPN2 está abrindo as transmissões de Inter de Milão e Manchester United. Copa dos Campeões da UEFA. Alguns dos melhores jogadores de futebol do mundo jogando no Old Trafford. Segunda partida da série, vale vaga nas quartas-de-final.

Até um tempo atrás, não haveria dilema algum sobre onde deixar a tevê ligada. É estranho, mas a tevê está no basquete, "and I feel fine".

Abraços!

Rant: A Origem

Apareceram solicitações para que a pancadaria começasse a correr solta aqui no blog. Um dos textos que me deixaram muito irritado foi este. Recomendo, a quem quiser entender o que vou postar nos próximos dias, que leia o texto com muito cuidado. Mas tome cuidado mesmo, já que tem muita infelicidade e, até diria, um tanto de rancor acadêmico no texto deste senhor. Fim de carreira deve ser uma fase triste da vida, mesmo.

Abraços!

março 10, 2009

Rant

Eu passei ontem o dia escrevendo um post onde eu ia explodir contra algumas bobagens que tenho lido sobre modelos de equilíbrio geral. Esta fase de crise trouxe muitas críticas à metodologia da macroeconomia moderna, mas tem certas críticas que são muito difíceis de engolir. Eu ia mandar muita gente para lugares pouco aprazíveis, mas resolvi fazer isto aos poucos. Vou tentar sistematizar um pouco mais as críticas, responder na medida do possível, e evitar "ranting" desnecessário.

Abraços!

março 08, 2009

Do Primeiro Paper

Está ficando bonito o modelo para o primeiro paper da tese!!!! Todos os choques já estão incorporados, todas as variáveis bem definidas, as simulações estão andando bem. Ainda falta definir alguns detalhes, que serão discutidos com o orientador. Os programas para estimação do modelo já estão escritos e prontos. Falta atualizar a base de dados e colocar o servidor da universidade para fazer o trabalho pesado.

Acho que no final do verão terei duas novidades em casa: o capítulo da tese e a criança esperada.

Tudo em dia.

Abraços!

março 02, 2009

"Ditabranda": A Folha Errou

Sim, você leu certo o título deste post. E não, você não está na webpage de algum pau-mandado de certo partido (como quem frequenta o blog sabe). Se tiver curiosidade para entender o meu argumento siga lendo. Antes, uma explicação.

Para quem não acompanhou o debate (e eu estou chegando muito atrasado nesta história, desculpe), a Folha de São Paulo, no editorial do dia 17 de fevereiro, ao tratar do último referendo elaborado pelo governo Chavez na Venezuela, chamou o regime brasileiro no período entre 1964 e 1985 de "ditabranda". De acordo com o editorialista, estes regimes partem "de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça". Esta classificação do regime brasileiro resultou em muitos protestos e até em uma passeata que deve acontecer por estes dias.

O argumento de quem critica ou apóia o uso da expressão está baseado na PREMISSA que o termo foi empregado para, em resumo, comparar o número de execuções entre as diferentes ditaduras latino-americanas. Assim, de acordo com a PREMISSA, Pinochet seria o chefe de uma "ditadura de verdade", enquanto os generais brasileiros, por terem executado muito menos gente, teriam comandado uma "ditabranda".

Voltando ao início do texto, eu reafirmo: a Folha de São Paulo errou! E o erro não está no uso do termo (não é um neologismo ou uma piada sem graça, como muitos dizem), como também não errou ao aplicá-lo para o Brasil. Pois bem, onde está o erro da Folha de São Paulo?

O erro da Folha de São Paulo encontra-se no mau uso de uma expressão consagrada na literatura de ciências políticas a respeito de transições de regimes autoritários para democracias. Os precursores da expressão são os cientistas políticos Guillermo O'Donnell e Philippe Schmitter, que criaram as expressões "dictablanda" e "democradura" (O'Donnell é argentino, daí por que as expressões em espanhol) para descrever duas formas de TRANSIÇÃO de regimes autoritários para formas imperfeitas de democracia. No primeiro caso, a "dictablanda" é caracterizada por um ditador que permite, na transição para um regime democrático, algumas liberdades individuais que em um regime ditatorial comum não seriam concebíveis (o número de execuções, como os carniceiros brasileiros fazem questão de citar, também está incluído como característica; mas é só UMA das características). No segundo caso, a "democradura" seria caracterizada por um regime de eleições e liberdades individuais, mas cuja organização, partido ou instituição que controlasse o poder durante o período ditatorial ainda exercesse forte influência na agenda política.

Os autores formularam estas idéias em um livro publicado em três volumes (infelizmente eu os deixei no Brasil, então estas conceituações que estou passando são um resumo do que encontrei na internet), cujo objetivo era compilar textos que tratassem de processos de transição de regimes autoritários ao redor do mundo. O título do livro é "Transitions from Authoritarian Rule", e foi editado e re-editado milhares de vezes, com os textos de um seminário organizado nos anos 80 aqui nos EUA. Sobre a definição, eu encontrei este texto, onde ao final da página 22, Schimitter recupera os dois conceitos. Portanto, o erro da Folha foi chamar TODO o período ditatorial brasileiro de uma "ditabranda", quando, na verdade, este conceito refere-se à TRANSIÇÃO da ditadura para a democracia.

Agora, mesmo levando-se em conta apenas o período restrito de transição, o Brasil foi uma "ditabranda"? Fico aqui com a análise do autor de um dos textos do livro, ex-professor de Brown, um conhecido nosso. O capítulo 6 é dele. Notem que o autor trata apenas do período entre 1974 (início do governo Geisel) até "os dias atuais" do governo Figueiredo, exatamente os dois últimos presidentes militares. Mais do que isto, o artigo trata do papel da burguesia industrial (e ele usava estas palavras, acreditem povo do partidão!) na LIBERALIZAÇÃO política. Ou seja, dava-se como certo o pano de fundo de uma transição, tal como descrito em O'Donnell e Schmitter.

Portanto, a Folha errou, fundamentalmente, ao utilizar um termo que se refere à transições para caracterizar todo um período ditatorial. E todos no debate erram ao usar o termo como "neologismo", "comparativo de número de mortes", entre outras maluquices do debate político raso no Brasil.

Abraços!

Pesquisa

A pesquisa aí do lado diz respeito ao post abaixo, onde Edson Arantes do Nascimento explora todos os seus personagens.

Abraços!

Edson, Pelé e... Alguém?

Esta mania de fazer referências a si mesmo usando a terceira pessoa pode trazer frases maravilhosas. Em uma peça cômic... digo, entrevista na Veja desta semana, Edson Arantes do Nascimento se saiu com a pérola:


"Veja - O senhor está com 68 anos. Sente o peso da idade?
Edson - O Pelé é imortal. O Edson não tem medo de envelhecer, nem de morrer. Agora, eu me preocupo com a minha saúde. Faço exercícios e fecho a boca para manter o peso: 78 quilos, o mesmo que eu tinha quando parei de jogar. É bom para a minha altura, 1,72 metro.(...)"


Ou seja, existe o Pelé, que é imortal; existe o Edson, que não tem medo de envelhecer; e existe esta pessoa que respondeu a pergunta, e que se preocupa com a própria saúde, que eu assumo não ser o Pelé (já que imortais não precisam, por definição, se preocupar com temas terrenos), nem ser o Edson (que, por não ter medo de envelhecer, não precisa se ocupar com a saúde).

Eu acho interessante como outras estrelas do esporte não dão entrevistas com referências próprias na terceira pessoa. Michael Jordan não usa, Tiger Woods não usa, Michael Schumacher não usa. Todos têm, em seus esportes, o mesmo sucesso que Pelé no futebol. Todos possuem histórias mais ou menos cabeludas em seu passado, tal como Pelé. Estes três que citei, especificamente, são casos de sucesso financeiro muito maiores do que Pelé.

A impressão que fica é que Pelé cria personagens para explicar suas ações, e para ter a quem também atribuir responsabilidades: quem jogava futebol, era o Pelé; quem teve que reconhecer filhas fora do casamento foi o Edson; quem dava entrevista para a Veja era outra pessoa, como esta outra pergunta parece deixar claro:


"Veja - Mas o senhor se disse um pai ausente quando o seu filho Edinho foi preso por ligação com o narcotráfico.
Edson - Fui ausente por causa do trabalho e resolvi falar porque havia muita injustiça com o Edinho pelo fato de ele ser filho do Pelé. O outro episódio negativo que envolveu o nome do Pelé foi o da filha que o Edson teve e nem ficou sabendo direito que tinha: a ex-vereadora de Santos Sandra Nascimento, que morreu de câncer em 2008. Muita gente falou mal do Pelé, acusou-o de abandonar a filha."


Ok, então o Pelé não pode ser acusado pelos problemas com o Edinho, nem pelo abandono de Sandra Nascimento. Mas o Edson também é "acusado" por esta pessoa de ser ausente da vida de Sandra, já que ela era "a filha que o Edson teve e nem ficou sabendo direito que tinha".

Pelé pode ser um cara ingênuo, pode ser alguém com problemas para lidar com a fama, pode ter o problema que se queira atribuir. Entretanto, vir a público e bater a mão no peito para dizer "eu errei", "eu falhei", "eu não consegui" é de uma grandeza muito maior do que se esconder atrás de personagens.

Abraços

P.S.: Para quem o INSS está pagando a aposentadoria de R$3.000,00, declarada na entrevista?