agosto 26, 2010

Aguardem

Em breve, algumas mudanças aqui no blog, e mais alguns links legais relacionados ao meu trabalho. Ok, talvez não seja tão "em breve", mas colocando o post fica ao menos o compromisso moral de fazer algo que estou adiando já faz um bom tempo.

Aguardem.

Abraços!

agosto 15, 2010

DSGE e a Crítica de Lucas

Meu orientador durante o doutorado já dizia que procurar literatura nos grandes journals de economia era perda de tempo: dada a velocidade de publicação de um artigo, é muito mais vantagem buscar por novidades em economia nas páginas dos professores que trabalham na sua área de pesquisa. Com o tempo gasto nestas buscas, além de ganhar informação sobre quais os temas em voga na academia, ganha-se tempo para inovar sobre o que está, atualmente, sendo avaliado pelas grandes publicações.

Uma vertente que parece estar crescendo em importância são as análises sérias sobre a robustez dos chamados "parâmetros estruturais" em modelos DSGE em resposta à mudanças de política. Eu tinha assistido a apresentação de Frank Schorfheide falando do problema de agregação quando a heterogeneidade dos agentes é significativa, e as implicações disto na estimação de modelos DSGE (artigo aqui). Agora, Timothy Cogley aparece com um trabalho muito interessante sobre a invariância dos parâmetros quando a própria estrutura do modelo contém discrepâncias em relação ao verdadeiro processo gerador dos dados (ver aqui). Pelo abstract, Cogley é muito mais otimista sobre o futuro dos modelos DSGE do que Schorfheide, já que ele encontra ainda algum uso para estes modelos, mesmo que a estrutura esteja errada.

Está na minha lista de leituras, espero que esteja na sua.

Abraços!

agosto 03, 2010

Concurso na UFRGS

Com atraso (desculpe, S.), mas segue a divulgação de concurso para a área de economia da minha alma mater. Ver por áreas aqui, aqui e aqui.

Abraços!

CUIDADO! Estudantes de Economia Armados

Poucos meses depois do retorno ao Brasil, tive que reformular uma piada antiga que já circulava nos (bons) mestrados do país*: o Dynare é uma arma da macroeconomia, e, como tal, só deveria ser utilizado com licença prévia, com garantias de permanência em mãos capazes. As consequências do uso indevido do programa podem ser irreparáveis.

Abraços!

(*) A piada, na minha época, relacionava o uso do E-views nas cadeiras de econometria.

julho 28, 2010

Chari e DSGE

Na mesma sequência de depoimentos no Congresso Americano onde Solow deixou sua opinião sobre modelos DSGE, segue a argumentação de V.V.Chari, professor da Universidade de Minnesota e economista do Federal Reserve de Minneapolis. Chari faz uma análise mais extensa dos modelos, inclusive respondendo a alguns dos pontos levantados por Solow nas suas três páginas.

Ainda relacionado aos depoimentos, segue o debate no blog espanhol Nada Es Gratis, com quem sabe muito do tema também.

Interessante, nos dois sites, é que boa parte da argumentação em favor destes modelos já foi abordada por aqui. Quem lê o blog já ouviu falar do que se discute por lá.

Abraços!

Sobre o Filho de Cissa

O advogado afirmou à Folha que a afirmação do pai do motorista Rafael Bussamra, que atropelou o filho da atriz, é apenas uma "estratégia para desviar o foco do caso". O pai do rapaz, o empresário Roberto Bussamra disse em depoimento à polícia que os PMs liberaram o Siena de seu filho, pediram R$ 10 mil de propina e combinaram de receber o dinheiro no dia seguinte.


O empresário acompanhou o filho no momento do pagamento, já pela manhã de quarta-feira (21), mas recebeu uma ligação da mulher informando que a vítima era filho da atriz Cissa Guimarães e estava morto. Segundo o depoimento, ele passou mal com a notícia e os policiais deixaram o local com R$ 1.000.

 blog it
Só um comentário: quer dizer que se o rapaz atropelado não fosse filho de atriz famosa da Globo, o pai do acusado pagaria a propina normalmente, sem "passar mal"?

Abraços!

julho 27, 2010

Solow e DSGE

Mais críticas aos modelos DSGE. Ao menos, desta vez, são sérias: Robert Solow sabe muito. A crítica ao chamado "agente representativo" é séria, ainda que antiga (inclusive, o próprio Solow, em um dos seus artigos mais famosos, utilizou fartamente do artifício). O problema é que modelos que fogem deste paradigma ou são de difícil computação (por exemplo, Krusell e Smith, 1998), ou assumem hipóteses que, nas palavras do próprio Solow, não passam do "smell test".

É sabido, nos meios acadêmicos, que Solow nunca aceitou bem a idéia que o seu modelo, de alguma forma, é a base daquilo que hoje se chama de modelos DSGE: a idéia de um agente maximizador de utilidade que oferece trabalho no mercado em troca de um salário capaz de financiar o seu consumo já estava no trabalho de 1956. O que a literatura atual fez foi adicionar, como ele mesmo destacou, fricções capazes de incrementar a aderência do modelo aos dados na frequência do "business cycle". A grande crítica por ele elaborada é que o mesmo modelo que explicaria o crescimento de longo prazo (o dele) não serviria para ser aplicado na macroeconomia de curto prazo.

Não deixe de ler a nota de Solow, vale a pena.

Abraços!

O ABC do C

Agora com tempo, depois do doutorado terminado, estou aproveitando para estudar outros tópicos de alguma forma complementares ao que faço na minha pesquisa. Tenho usado meu tempo aprendendo o básico da programação em C/C++ e colocando os programas para rodar dentro do Matlab (formando os chamados Mex-files). Até algum tempo atrás, existia uma percepção que usar os Mex-files dentro do Matlab gerariam ganhos substanciais de velocidade, especialmente em casos que não fossem carregados em álgebra linear. Hoje, com as novas versões disponíveis do Matlab, corre um rumor que a diferença de velocidade já não seria mais tão grande.

Além da curiosidade de aprender a programação em C/C++, estou usando isto também para, daqui algum tempo, fazer minhas incursões sobre programação em paralelo, em especial com base na tecnologia CUDA. A linguagem desenvolvida pela NVIDIA para processamento paralelo é quase um complemento da programação tradicional em C.

Não, eu não abandonei a economia. Só quero fazer mais rápido o que hoje me toma muito tempo e recurso em termos de horas na frente do computador. Vale a pena.

Abraços!

julho 15, 2010

They're Back!!!!

"I'm the Great Cornholio!!! I need T.P. for my butthole!!!"

"That's gonna be cool", apesar da baixa qualidade de alguns remakes. Ainda que só o fato do formato proposto consista no retorno dos "heróis" criticando vídeos atuais já vale o esforço.

Abraços!

julho 08, 2010

Conduta Pessoal no Futebol

Algo a se pensar, depois de casos como Adriano, Vagner Love e, mais recentemente, Bruno. Na Liga de Futebol Americano Profissional (NFL), o assunto é sério.

Abraços!

julho 03, 2010

Novo Dicionário Português

Agora vai:

1) Faço a assinatura da tv à cabo. A atendente da Net, muito prestativa, pegava todos os dados, dava a suas dicas sobre os pacotes de programação, explicava detalhes, marcava o dia e hora da instalação. Aí veio a pérola:

— Sr. Angelo, como cortesia pela sua nova assinatura, a Net gostaria de lhe oferecer uma DEGUSTAÇÃO dos canais PFC durante três meses. Com a DEGUSTAÇÃO, o senhor pode assistir a todos os jogos do Brasileirão na sua casa. É uma cortesia da Net.

Da forma como o Grêmio está jogando, dá para reclamar de diarréia após assistir alguns dos jogos e dizer que a "degustação" não foi muito boa?

2) Compramos um carro. Fazemos o seguro. Banco do Brasil coleta os dados. Recebemos o que, antigamente, se chamava "Kit do Segurado". Agora, logicamente, mudou o nome. O "Enxoval do Segurado" (ver página 2) me dá total confiança de que serei bem atendido em caso de acidentes: é casa, comida e roupa lavada!

Abraços!

junho 27, 2010

Tudo (Quase) Normal

Aos poucos, volta a normalidade da vida no Brasil:

a) trânsito infernal;

b) burocracias para resolver no trabalho, ao invés de trabalhar;

c) aficcionados em teorias conspiratórias ao meu redor vendo minha filha (cidadã americana) quase como uma infiltrada na Grande Nação do hemisfério sul;

d) preços altíssimos para serviços ruins;

e) tolerância e adaptações com o que não devia ser tolerado (pense no carro que você compraria sabendo que ele não tem garagem para ficar: é o mesmo que você compraria em condições normais? Quão pior deve ser o carro comprado já que ele não vai ficar à noite em uma garagem?);

f) boa comida, menos artificial, mas também, em alguns aspectos, menos saborosa e com certeza, mais cara do que quando eu saí daqui;

g) adaptação ao clima seco da capital, eu estou bem, Chris mais ou menos, Bia nem tanto;

h) várias visitas a pediatras e postos de saúde: quase tudo ajeitado para Bia, dentro do possível atendimento de saúde no país;

i) e já ia esquecendo, os sacos de supermercados cada vez menores, e mais impróprios para serem usados como lixo. Quanta ecologia!!!

Devagar, tudo volta ao normal. Mas volta.

Abraços!

junho 14, 2010

Brasil nos EUA: A Pérola Burocrática

Meu retorno ao Brasil não poderia ter sido melhor caracterizado pelo meu contato com o Consulado Brasileiro de Atlanta. O Consulado atende um conjunto de estados que inclui a Carolina do Norte. Logo, todos os trâmites burocráticos que os brasileiros residentes nos EUA devem enfrentar passam por este Consulado. Fomos até Atlanta, por exemplo, para fazer o registro de nascimento da Bia, que, obviamente, ainda que o Consulado tenha feito o registro, precisou de um segundo documento a ser solicitado em cartório depois do retorno ao Brasil (uma "transcrição", o que quer que isto faça sobre um documento oficial do governo brasileiro).

Mas este post não está aqui para falar do registro da Bia. Sabendo da necessidade de revalidação do diploma, resolvi, ainda nos EUA, escrever para o Consulado buscando informações sobre como iniciar o processo. Para quem não sabe, todo o brasileiro que estuda no exterior (com exceção de alguns países) precisa revalidar o diploma para este ter valor no território nacional. Como tivemos que marcar horário para comparecer pessoalmente no Consulado para o registro, mandei o seguinte e-mail no dia 08 de abril:



"Prezado Sr(a):

Sou brasileiro, estudante de doutorado em Duke University (Durham-NC) e estou terminando o curso neste semestre. De acordo com as instruções brasileiras, o diploma do curso de doutorado precisa ser carimbado pelo consulado da minha região para iniciar o processo de revalidação do diploma no Brasil. Eu tenho algumas perguntas sobre o procedimento:
1) qual é, exatamente, a lista de documentos que eu tenho que apresentar no consulado para a autenticação? É apenas o diploma? Eu já vi alguns sites do governo (vide, por exemplo, http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12405&Itemid=867) afirmarem que é necessário também o histórico escolar, entre outros documentos.
2) por uma condição particular do meu financiamento aqui nos EUA, eu tenho que retornar para o Brasil antes que o diploma seja efetivamente emitido pela universidade. Existe algum outro procedimento para iniciar a revalidação do diploma antes de recebê-lo?
3) É necessário fazer o agendamento também para este procedimento?

Grato desde já pela atenção,

Angelo M. Fasolo"



No dia 09, recebo a seguinte pérola:

"On Sex 09/04/10 16:22 , legal@atlantaconsulatebrazil.org sent:
Somente legalizamos o original do diploma e o "official transcript".

LEGALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS ESCOLARES E ACADÊMICOS

ATENÇÃO: a legalização de documentos SOMENTE é feita por CORREIO. Importante: a JURISDIÇÃO do Consulado-Geral do Brasil em Atlanta cobre os estados de Alabama, Georgia, Mississippi, North Carolina, South Carolina, e Tennessee e somente pode legalizar documentos emitidos dentro de sua jurisdição.

1) Históricos (school records and transcripts), cartas, certificados, diplomas, e outros documentos emitidos por schools, high schools, colleges e universities devem ser enviados no original, ou seja, devem estar impressos em papel timbrado, contendo o nome/endereço/estado da escola ou instituição acadêmica, bem como selo ou carimbo em relevo (raised seal). Cartas, certificados e diplomas devem ainda estar assinados por funcionário autorizado (normalmente o principal, register, or counselor).
2) O valor da legalização é de US$ 5,00 por cada documento escolar/acadêmico. Mais de três (3) documentos escolares/acadêmicos podem ser legalizados em forma de maço (o que significa que não podem ser desmembrados) ao custo de US$ 15,00. A única forma de pagamento aceita pelo Consulado é money order do correio norte-americano (U.S. Postal Service) nominal ao Consulate of Brazil.
3) O Consulado somente aceita correspondência enviada por envelope Express Mail do correio norte-americano (U.S. Postal Service - não confundir com UPS-United Parcel Service). Outras formas de envio como Fedex, DHL, UPS, etc não serão aceitas e seus envelopes serão devolvidos sem ser abertos.
4) Os documentos enviados por correio devem vir acompanhados de um envelope Express Mail pré-pago (ou seja, já com os selos postais) e auto-endereçado para devolução ao interessado. O endereço de devolução pode ser tanto nos EUA, quanto no Brasil. Dada a impossibilidade de o Consulado arcar com o pagamento de tarifas de correio internacional, o interessado deve prestar atenção para que o valor dos selos postais colocados no envelope Express Mail de retorno correspondam ao custo exato de envio internacional para o Brasil. Outra alternativa para os estudantes que já se encontram no Brasil é que a legalização seja providenciada por alguém nos EUA.
5) O Consulado não se responsabiliza por atrasos ou perdas de documentos enviados por correio e recomenda que a pessoa interessada anote o número de contole (tracking number) dos envelopes de Express Mail.
6) Em caso de extravio, nova documentação original deverá ser providenciada pelo interessado e um novo processo de legalização deverá ser iniciado, seguindo os procedimentos aqui descritos.
7) Documentos que sejam enviados de forma incompleta, ou seja, sem seguir os requisitos acima, não poderão ser legalizados (como por exemplo documentos que não tenham sido emitidos dentro da jurisdição, ou que não sejam originais, ou que não contenham assinaturas e carimbos) e serão devolvidos pelo envelope Express Mail de retorno fornecido pelo interessado.
8) O prazo para a legalização de documentos escolares é geralmente no mesmo dia, a partir da data de seu recebimento no Consulado, ou seja, sem contar o tempo gasto no correio. Dado que o Consulado cobre 6 estados e recebe um grande volume de documentos escolares/acadêmicos enviados por estudantes de intercâmbio, estudantes universitátios e de pós-graduação ao final do ano letivo norte-americano, o prazo de legalização nessa época pode ser mais longo.
9) Para entrar em contato com o setor de legalizações, os estudantes devem enviar email para: legal@atlantaconsulatebrazil.org .

Atenciosamente,

Setor de Legalizações
Consulado do Brasil em Atlanta
3500 Lenox Road, Suite 800
Atlanta, GA 30326"



Por partes:

1) O Consulado não presta serviços para quem já voltou para o Brasil: se o infeliz resolveu sair dos EUA, não pode mais contar com os serviços do Consulado, mesmo que consiga provar que morou em algum dos estados atendidos pela representação brasileira. Como diz a mensagem, devemos contar com a boa vontade de amigos, já que "[O]utra alternativa para os estudantes que já se encontram no Brasil é que a legalização seja providenciada por alguém nos EUA." Também não adianta pegar um avião e aparecer na sede: como diz a mensagem "a legalização de documentos SOMENTE é feita por CORREIO."

2) Obviamente, também não é qualquer correio que resolve o problema: seja por causa do pagamento do serviço, seja pelo envio do documento, o único meio válido para o Consulado abrir o processo é "envelope Express Mail do correio norte-americano (U.S. Postal Service - não confundir com UPS-United Parcel Service). Outras formas de envio como Fedex, DHL, UPS, etc não serão aceitas e seus envelopes serão devolvidos sem ser abertos." Para economistas, o Consulado de Atlanta estimula monopólios?

3) Finalmente, cabe lembrar que este não é o passo final para a revalidação do diploma: agora, o meu diploma será enviado para alguma universidade federal que reunirá uma comissão para dizer se o meu diploma é válido ou não para o exercício da profissão no país. Se vocês já observaram com cuidado a barra de links na lateral, vocês devem ter associado que dois dos meus financiadores no PhD são agências governamentais. O interessante é que o governo do Brasil gastou dinheiro para me sustentar durante quatro anos, para só depois avaliar, através dos procedimentos do Consulado e de alguma universidade, se o diploma que eu ganhei é válido no país. Ou seja, teoricamente, a bolsa de estudos do governo pode estar sustentando alguém cujo diploma não será aceito no país.

Eu juro que tentei explicar isto para os meus colegas, mas eles não conseguiram entender. Eu também tenho dificuldades para entender isto. Welcome to Brazil!

Abraços!

junho 06, 2010

Dissertação

A versão final do trabalho apresentado em Duke já está disponível no site da universidade. Para o abstract, ver aqui. Para a versão em pdf da dissertação completa, aqui.

Abraços!

junho 01, 2010

Pra Não Dizer que Não Falei...

... do tão discutido texto de Narayana Kocherlakota, Presidente do FED de Minneapolis, um breve comentário. Eu encerrei um post antigo com a seguinte frase: "[A macroeconomia moderna] apenas (ainda) não é computável de uma maneira adequada. Seja para clássicos, seja para keynesianos".

No post, eu fazia considerações sobre a inadequação da classificação americana entre economistas "de água doce" e "de água salgada", tendo em vista a convergência metodológica entre os grupos. Com a frase final, tinha deixado a idéia no ar que pretendia desenvolver em um post mais cuidadoso que aquele. Felizmente para o leitor deste blog, um economista muito mais competente e inteligente que eu formalizou os conceitos que eu ainda mal elaborava quando pensava no tema. Este trecho genial da introdução já diz tudo:



"According to the media, the defining struggle of macroeconomics is between people: those who like government and those who don’t. In my essay, the defining struggle in macroeconomics is between people and technology."



Depois de uma revisão da história da macroeconomia nos últimos 40 anos, desde a decadência dos velhos modelos keynesianos, passando pela revolução das Expectativas Racionais e do uso recente de modelos DSGE pelos governos, Kocherlakota destaca os problemas existentes para a resolução de modelos macroeconômicos mais complexos. Ele também trata da necessidade de cuidados na definição precisa das origens dos ciclos de negócios (os "choques" dos modelos) e no uso de uma maior formalização na análise de política econômica.

O texto é brilhante na análise do estado atual da macroeconomia, dos cuidados necessários para o uso dos modelos DSGE na formulação de políticas, e das perspectivas para o futuro, sempre condicionadas à evolução da tecnologia para a resolução dos modelos. A mensagem que eu creio que fica do texto é que nenhum macroeconomista abre mão de aspectos relevantes da realidade na construção de seus modelos por maldade, incompreensão, birra ou burrice: o que falta, mesmo, é capacidade de solução de estruturas mais complexas. E Kocherlakota, neste ponto, sabe muito do que está falando.

Abraços!

maio 30, 2010

Correndo

Correndo demais. De volta à terra, revendo a família no sul, os amigos, agora a família em Minas. Sem tempo de colocar mais posts*, especialmente a primeira impressão do país depois de dois anos sem aparecer. Mas ainda estamos vivos.

Abraços!

(*) Foi mal, Berman, nem o teu comentário no último post tive tempo de colocar no ar.

maio 12, 2010

Fechando a Conta

Dias tumultuados por aqui: fechando mudança, carro vendido, impressão de comprovantes, escolha sobre o que vai conosco no vôo e o que é despachado pela transportadora, mais impressões de comprovantes, um primeiro contato com o departamento para onde posso ir trabalhar, cerimônia de formatura (começa na sexta-feira, termina no domingo), cancelamento de contas (luz, telefone, internet), outras impressões de comprovantes.

No fim, tudo se organiza. Por bem ou por mal, tudo se organiza.

Abraços!

abril 29, 2010

Eu Acho Engraçado...

... quando colunistas no Brasil tentam esticar para países desenvolvidos a mesma lógica "periferia-centro" ao tratar dos problemas dos PIGS. Eles não se dão conta que o problema é único: solvência das contas externas e/ou fiscais. Nenhum membro do "Deus-Mercado" passa por cima de alguém que tenha contas em ordem, seja da "periferia", seja do "centro". E o mais interessante do reducionismo: quando o problema é na "periferia", os mercados "massacram"; quando é no "centro", é "crise do capitalismo global". Ei, estamos em 2010, ok?

... quando colunistas que estão ocupando efetivas posições de poder reclamam que o seu trabalho é prejudicado por "quinta-colunas", "brasileiros de sotaque espiritual" e "países em desenvolvimento adesistas". Nunca passou pela cabeça que o problema pode estar na ação do colunista?! Dedicar uma coluna inteira para justificar nas costas dos outros a própria ineficiência é de doer! Ah, e ainda começa a coluna reclamando que "leitores estrangeiros" interferem na sua conversa com os brasileiros. Não posso fazer nada se colunistas têm problemas com os conterrâneos do Ulises, um dos meus oito leitores.

... quando empresários sem empresas questionam a competência dos outros.

... quando mais burocracia é necessária para corrigir erros e problemas de outra ponta da burocracia. É chocante, mas esta história fica para depois.

Abraços!

abril 26, 2010

Em uma Esquina de Durham

— Está terminando o doutorado em quê?

— Economia.

— Ah, que legal. Minha mãe é economista, dá aulas em uma universidade lá na Índia.

— Que bom, que legal. E tu nunca te interessou pelo assunto?

— Eu sempre achei muito estranha esta coisa de "oferta e demanda", pegar o comportamento individual e agregar para falar de um país inteiro... muito estranho para mim. Preferi estudar bioquímica.

— Ah, tá.

Pouco tempo depois:

— O carro que vocês estão vendendo está bom, possui boas condições de uso, mas eu vou gastar algum dinheiro fazendo reparos. Dá para negociar o preço que vocês postaram?

— Não, aquele é o preço final.

— Mas comprando o carro eu tenho que gastar mais um tanto para os reparos.

Resposta dada:

— Lamento: nós temos outras duas pessoas interessadas no carro, e ambas aceitaram pagar o preço final. Se não tivesse mais ninguém interessado, eu aceitaria negociar, mas não é o caso.

Respostas alternativas, que poderiam ter sido dadas:

— Ligue para a mamãe, e ela pode te explicar por que eu não estou baixando o preço.

— Estou apenas usando o meu conhecimento sobre "oferta e demanda". Ainda não entendeu? Mamãe, sim.

— Nota bem: eu fiz um exercício de maximização intertemporal restrito, resolvendo o problema das preferências individuais de vocês, possíveis compradores, e a minha oferta para chegar neste valor. Não entendeu?

Espero contribuições dos meus oito leitores para outras respostas que eu poderia ter dado para a possível compradora do nosso carro.

Abraços!

O Que Ele Anda Lendo???

Eu já escrevi aqui outras vezes do quão vazia se tornou, em termos metodológicos, a discussão entre "escolas de água salgada" (Princeton, MIT, Harvard, Berkley, entre outras) e "escolas de água doce" (Chicago e Minnesota, principalmente). Krugman quer recuperar o debate, argumentando sobre uma possível ignorância das "escolas de água doce" a respeito os modelos novos-keynesianos.

Na boa, eu não sei o que ele anda lendo, mas até onde eu saiba, este paper aqui foi escrito por um pessoal muito competente de Minnesota, e ainda não vi respostas específicas, só citações.

Abraços!