Ainda sobre o iPhone, li hoje em O Globo On Line matéria dando conta dos problemas de operação que a AT&T está tendo para atender a demanda inicial pela rede do aparelho. De toda a matéria divulgada, o interessante é o número: 2% de todos os telefones vendidos tiveram algum tipo de problema. Considerando que o volume de vendas foi muito maior do que o esperado, acho este percentual de problemas muito baixo.
Mas o que chamou a atenção mesmo da primeira matéria foram os comentários dos leitores, a maioria reclamando da demora para a chegada do aparelho no Brasil, alguns desdenhando, dizendo que, "daqui a 2 ou 3 meses vai exisitir (sic) toneladas de clones chineses, mais baratos, e sem problemas de contrato com a AT&T", e, por fim, outros afirmando que o aparelho é mero lixo tecnológico. Vou tentar responder algumas das questões, com base no que eu vi, usei e, principalmente, li na imprensa daqui.
Primeiro, sobre a demora para chegar ao Brasil, lamento informar, mas é fato: se, para a Europa, a previsão de chegada do aparelho é no final de 2007 (2008 para a Ásia), acho que a América Lat(r)ina vai ter que se contentar com o aparelho apenas por volta de 2009, a depender da evolução das telecomunicações por aí.
Este atraso tem as suas vantagens: fatalmente, o aparelho que chegar no Brasil vai ser mais avançado que o lançado aqui. E o melhor exemplo disto foi justamente o iPod: quando comprei no free-shop o meu, o vendedor mal sabia para que servia o player de música digital. Pouco tempo depois (acho que seis meses depois), a Chris, voltando da Europa, já tinha disponível o iPod nano, muito mais avançado e com capacidade de armazenamento maior que o meu. Ou seja, uma vez lançadas as versões mais novas, o produto comprado no Brasil vai ter uma qualidade muito maior do que a atualmente disponível aqui.
De toda forma, acredito que a maior restrição para o uso do aparelho no Brasil é a própria infraestrutura de internet disponível: um dos maiores baratos do aparelho é a conexão com a internet totalmente wi-fi. Ou seja, entrando em um café daqui, dá para, enquanto se come um bolo, acompanhar o noticiário de qualquer canto do mundo através do celular. Ou então, chegando na universidade, descarregar as apresentações que serão feitas em sala de aula diretamente para o aparelho, e usar os visualizadores de pdf's para acompanhar a apresentação do professor. Como fazer isto, no Brasil, onde as operadoras de internet banda larga ainda entregam aqueles modems para conexão com fios no PC (aqui, antes, pergunta-se em que tipo de computador será usada a conexão: se for laptop, modem wi-fi sem custo adicional), e são ainda poucos os estabelecimentos comerciais que investem em uma infraestrutura destas para manter os clientes no estabelecimento (não vou nem falar de universidades e/ou serviço público em geral).
Sobre a possibilidade de clonagem, de fato, existe um esforço de hackers para tentar driblar a principal restrição sobre o uso do iPhone nos Estados Unidos: como fazer para usá-lo com outras companhias de telefonia que não a AT&T. Agora, fora isto, acho difícil uma clonagem mais avançada, tendo em vista tanto questões de software como de hardware. Na parte de software, vale lembrar que os Mac's são os micros menos clonados do mundo, tendo em vista que eles só funcionam com o software da Apple, ao contrário dos PC's-Windows. No hardware, seria necessário clonar os sensores de orientação, luz e proximidade, que fazem os principais recursos do iPhone funcionarem, como a possibilidade de visualização da imagem na horizontal apenas com um giro do telefone na mão.
Sobre ser lixo tecnológico, o review mais completo que eu já vi sobre o aparelho conclui dizendo que a Apple, com este lançamento, elevou o nível não apenas do que se conhece como telefone celular, mas também para todos os tipos de aparelhos multimídia portáteis, a despeito dos problemas com a operação de e-mail e internet encontrados. De fato, ainda que ele tenha muito a evoluir, de acordo com o review, o iPhone é uma peça de tecnologia absolutamente fantástica, de acordo com este humilde escriba.
Abraços!
P.S.: tá bem, tá bem, eu desisto. Não vai ter como dar certo, mesmo.
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