clipped from www1.folha.uol.com.br "Não fiz anúncio de nada. Eu sou autoridade, não sou subordinado à Comissão de Valores Mobiliários. Sou membro do governo e estava falando para um público especializado" |
E aqui fica evidente a confusão muito presente, no Brasil, entre Governo e Estado. Vamos para o exemplo mais simples: toda a vez que publicamos um artigo na série de Working Papers do Banco Central, sai um aviso, de todo o tamanho, dizendo que "As opiniões expressas neste trabalho são exclusivamente do(s) autor(es) e não refletem, necessariamente, a visão do Banco Central do Brasil". Por que é feito isto? Porque o trabalho, a despeito de ter sido produzido durante o Governo do Presidente A, B ou C, é um trabalho gerado para o Estado brasileiro: o Presidente (da República, do Banco Central, da Petrobrás, ou do órgao do Governo que seja) passa, mas o trabalho fica.
Qual a confusão que faz "Haroldo Oficioso"? Ao dizer que "é membro do Governo", ele coloca uma agência reguladora no mesmo nível do governante do momento, quando, na verdade, ela se encontra acima, em termos da execução de políticas de Estado (aquelas que o Governo do turno não consegue alterar com facilidade). Quando o "Haroldo Oficioso" falou aquilo, ele estava representando o Estado brasileiro: sendo Lula, Fernando Henrique, Collor, Sarney, o Diabo-que-me-carregue o Presidente da República, a informação divulgada por ele é uma informação de Estado. O que ele fez é o equivalente a um artigo do Banco Central que saísse, por exemplo, em meu nome, escrito a partir de informações que apenas eu teria acesso como funcionário do Banco Central. E, pior, que fosse dito que a crítica era ao Governo de Fulano ou Cicrano.
Para simplificar, mais uma vez, a confusão entre Governo e Estado no Brasil, pergunto: ao se colocar como "membro do Governo", quando Lula encerrar o seu mandato, "Haroldo Oficioso" vai pedir o boné também? Não deveria, por princípio, mas acredito que vá.
Abraços!
Um comentário:
'vc. nao quer que eu volte!!!!'
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