março 31, 2008

E Não Podia?

Que coisa: agora a ex-ilha de Fidel permite que cubanos frequentem os seus hotéis!!! Talvez a proibição não faça diferença alguma: com o rendimento médio de um cubano, como diz a reportagem, não dá para passar uma noite em um dos hotéis onde a "inteligentzia" brasileira costuma ficar para render homenagens ao ditador.

Dado que a ditadura levou cerca de 30 anos para permitir que seus cidadãos frequentem os próprios hotéis, talvez leve mais 30 para permitir algo simples como o acesso à internet. Da coluna de Elio Gaspari de quarta-feira (26 de março):

"Dos 11 milhões de cubanos, só 200 mil têm acesso à rede, passando pelo único provedor, que pertence ao governo. Essa modalidade de bloqueio é burlada por um mercado negro de senhas e de acessos noturnos em empresas estrangeiras ou mesmo em agências estatais. Até parabólicas clandestinas já apareceram e a maior parte delas é usada para baixar músicas ou filmes."

Tristeza.

Abraços!

Prostituta, Traficante...

... e mentirosa. Eu já tinha escrito a este respeito, o fato dela ter se declarado culpada do crime de prostituição e tráfico de drogas não batia com a história que a infeliz contava.

Se fosse verdade metade do que Andréia afirma, ela ainda estaria presa por aqui. No Brasil, ela vai sair na Playboy.

Abraços!

Obama: Quanto Mais Rezo, Mais Assombração Aparece

Olhem só que beleza chicaneira e burocrática a proposta de Barack Obama para o mercado de trabalho americano. Em discurso no Senado, em Abril de 2006, ele tratava do problema da imigração e do uso de trabalhadores ilegais na força de trabalho americana. Começou bonito, não tem como não concordar com este trecho:
"We need guestworkers instead of undocumented immigrants. Toward that end, American employers need to take responsibility. Too often illegal immigrants are lured here with a promise of a job, only to receive unconscionably low wages. In the interest of cheap labor, unscrupulous employers look the other way when employees provide fraudulent U.S. citizenship documents. Some actually call and place orders for undocumented workers because they don't want to pay minimum wages to American workers in surrounding communities. These acts hurt both American workers and immigrants whose sole aim is to work hard and get ahead. That is why we need a simple, foolproof, and mandatory mechanism for all employers to check the legal status of new hires. Such a mechanism is in the Judiciary Committee bill."

Depois de falar dos empregadores, o cara mostra que não entende nada de mercado de trabalho:
"And before any guestworker is hired, the job must be made available to Americans at a decent wage with benefits. Employers then need to show that there are no Americans to take these jobs. I am not willing to take it on faith that there are jobs that Americans will not take. There has to be a showing. If this guestworker program is to succeed, it must be properly calibrated to make certain that these are jobs that cannot be filled by Americans, or that the guestworkers provide particular skills we can't find in this country."

Neste parágrafo, aparecem as bruxarias e definições nada precisas:
  1. O que é um salário "decent with benefits"? Se a economia entrar em recessão, o salário "decent with benefits" é o mesmo da economia em crescimento?
  2. Como provar, para um empregador da Carolina do Norte, que não tem um cara perdido no meio do Iowa que aceitaria o emprego pelo que ele está oferecendo? Cheiro de burocracia extra...
  3. Ele não acredita que existem empregos que os americanos não queiram? Então que entre dentro da cozinha de qualquer restaurante nos Estados Unidos e verifique a origem dos cozinheiros e garçons.
  4. A respeito do uso de "guestworkers" que possuam "particular skills", ou ele está sendo elitista, no sentido de permitir imigração apenas dos trabalhadores com altíssima qualificação (se a imigração destes fosse proibida, eu não estaria aqui, já que pelo menos oito dos dez professores com quem tive aula por aqui são estrangeiros), ou ele acredita que os "latinos" possuam uma aptidão especial para serviços como "Construction and extraction", "Office support" e "Service ocupations" em geral.
É incrível, mas quanto mais leio e observo Obama, menos eu gosto dele.

Abraços!

março 23, 2008

Pesquisa: "O Grande Calote"

O último texto me deu inspiração para trazer uma nova pesquisa para o meus NOVE leitores (sim, mais um se manifestou de forma anônima! São nove, são nove). Quero saber de vocês qual a pior consequência do "Grande Calote" que, como todos sabemos a partir da palavra dos profetas, ainda virá.

Respostas, aí do lado. E me deixem voltar para o campeonato universitário de basquete, que, mesmo com Duke eliminado, está muito bom!

Abraços!

Aos Profetas do Fim dos Tempos

Em tempos normais, muitos profetas carregando suas "bíblias" vagam pelas ruas prevendo o fim dos tempos, o apocalipse, a fome, o flagelo e o jiló como elemento essencial da cesta básica alimentar da população pós-crise. Nas crises, os profetas ganham os holofotes, e as publicações que concedem espaço aos profetas parecem aliviadas por terem mantido "o debate" aceso.

Citando suas palavras de ordem contra "o capital transnacional" (onde os fundos de hedge são chamados de "cassinos internacionais"), as "bolhas especulativas", a "incerteza fundamental do processo de decisão econômica" (onde o 11 de setembro, na sua visão distorcida, é o grande exemplo), para os profetas tudo representa uma fonte iminente de colapso do sistema. Aos países menores, chamados de "economias periféricas" (eles adoram esta denominação), não restaria outra prescrição de política que não seja o calote, a moratória e o controle de toda a movimentação econômica com o exterior. De fato, na visão dos profetas, a economia capitalista não parece se constituir de muito mais que uma sucessão de calotes, onde o "Grande Calote" ainda está por vir, de acordo com o previsto em um livro de 1936 ou outro de 1887.

A pergunta essencial que os profetas não respondem: a despeito das bolhas especulativas, a despeito dos fundos de hedge não-fiscalizados, a despeito dos "fluxos financeiros incontroláveis", a despeito da "incerteza fundamental", por que a maior economia do mundo nos últimos 18 anos teve apenas uma recessão de 9 meses, e as "economias periféricas" que seguiram em grande parte os bons manuais de política econômica são vistas justamente como a sustentação para a crise atual? Ou ainda, reformulando última parte da pergunta, tivessem as "economias periféricas" seguido as recomendações proféticas de política econômica, estariam elas em condições de ao menos amenizar a recessão atual?

O tom e o discurso monocórdicos e sinistros destes profetas não é mais do que uma forma de auto-preservação: se não for esta crise que condenará todos ao consumo diário de jiló, vale sempre lembrar que o "Grande Calote" ainda virá. E, com ele, a punição de todos os pecadores que acreditam no mercado e em sua boa (auto-)regulação como o melhor mecanismo de alocação de riquezas pelo mundo.

Abraços!

março 22, 2008

Game Over (De Novo!)

Sem comentários. Apenas uma observação: mantida a tendência, quando eu for embora daqui, o time estará chegando entre os oito melhores do país no torneio nacional (ano 1 em Duke, derrota na primeira rodada do nacional; ano 2 em Duke, derrota na segunda rodada do nacional...).

Abraços!

"Ela é uma heroína no Brasil."

Pena que o uso da palavra "heroína" não tenha a conotação (narco-traficante) que eu gostaria para Andréia Schwartz. Uma prostituta presa por "porte de drogas e outros crimes" (diga-se: lavagem de dinheiro, coordenação de rede de prostituição de luxo e tráfico de drogas) só poderia se tornar heroína no Brasil. É incrível, também, como a versão da prostituta de luxo se desmanchando em lágrimas depois de reconhecer o crime (ela se declarou culpada na corte de NY) não teve nenhuma repercussão no país. Alô, Justiça Brasileira: ELA SE DECLAROU CULPADA! E sob juramento!

A propósito, a pesquisa que foi feita em Portugal possivelmente daria resultados muito semelhantes se aplicados por aqui. De acordo com minhas fontes (e estou muito seguro delas), prostitutas na Inglaterra se dizem brasileiras para poder cobrar mais de seus clientes. E depois não se entende por que brasileiras, em especial, são mal vistas no exterior, ou têm dificuldades para entrar na Espanha, por exemplo.

Heroína? Não: cocaína.

Abraços!

março 18, 2008

Samantha Power

Aqui o video da entrevista da ex-auxiliar de Obama para o grande Stephen Colbert.



Abraços!

Brasil e Obama

Programas importantes são assim: depois de chamar Hillary Clinton de monstro, Samantha Power, ex-assessora de assuntos internacionais da candidatura Obama, apareceu em público pela primeira vez desde o seu pedido de demissão em "Colbert Report" desta noite. O interessante, a despeito das piadas sobre a frase infeliz da assessora, foi o motivo da entrevista: ela está lançando um livro com a biografia de Sérgio Vieira de Mello, diplomata brasileiro assassinado no Iraque depois de um atentado à bomba no hotel onde se hospedava.

Se Obama for eleito e não fizer nada daquilo que as vozes de apoio da imprensa brasileira pregam, não terá sido por ignorância completa a respeito do país.

Nation, quando alguém aqui precisa fazer as declarações sérias em público, também já se sabe a quem procurar.

Abraços!

março 17, 2008

Vítimas da Crise Americana

Jim Cramer foi um dos primeiros caras que eu vi na tevê daqui, logo que cheguei no hotel em Durham. Achei muito engraçado o estilo dele. Entretanto, acho que ele não vai mais durar muito como apresentador depois desta.



Economia: fulmine a sua carreira com poucas palavras!

Abraços!

PS de 19 de março: a resposta dele (e, de fato, bate com o que ele diz em parte do video) é que a recomendação era para "não retirar o dinheiro do Bear Stearns", no sentido de manter a carteira de ações no banco, ao invés de levá-la para outra corretora. Entretanto, aqui você vê ele dando outra explicação, mas usando a mesma expressão ("had the money in Bear") no contexto de mercado acionário. Como ele usou a mesma expressão nas duas situações...

março 16, 2008

Sobre o Governador de NY

Uma pergunta bem pensada vale às vezes muito mais do que uma resposta elaborada. Sobre os problemas do Governador de NY, quem fez a melhor pergunta sobre o caso foi o Noblat.

Abraços!

março 12, 2008

Agradecimento

Agora que ganhei um (pequeno) tempo para respirar, um agradecimento ao grande Cláudio Shikida, que gerou um bem público inestimável (informação) ao citar uma base de dados gratuita que eu não conhecia (a Polity IV), e que estava me fazendo falta para um dos papers de final de semestre.

Blog também serve para isto. Basta ler os melhores.

Abraços!

março 07, 2008

Separados no Nascimento

Meu avô comenta futebol na ESPN com sotaque irlandês. É um barato!!!! Abaixo, a foto dele com os netos na festa de Ano Novo.


Veja a foto dele no trabalho aqui!

Abraço, vô!

Abraço a todos!

março 06, 2008

Conheça o Novo Imposto: IP

Ok, digamos que a proposta não seja absurda (como diz um professor meu daqui, é o tipo da coisa que não pode ser nem dita como errada, porque é simplesmente uma bobagem), que o Congresso coopere e que o IP - Imposto Pochmann - entre em vigor. Algumas perguntas:

1) Como estudante financiado pela CAPES, eu terei isenção por estar obrigado a voltar ao Brasil - e assim compartilhar a minha "riqueza imaterial"? Ou serei duplamente tributado, já que o Estado me deu recursos que o Imposto de Renda não consegue tributar corretamente?

2) Crianças que apresentem boas notas em boas escolas pagarão alíquotas mais altas - afinal, o potencial de conhecimento concentrado nas mentes brilhantes é quase infinito, não?

3) O fato de eu eventualmente publicar artigos (no caso, por enquanto, um) na página do Banco Central (um órgão público), me dá abatimento sobre a minha contribuição, já que estou socializando o meu conhecimento?

4) Se eu publicar apenas livros, ao invés de colocar artigos em páginas de internet, não pagarei o IP, já que o problema é a difusão de conhecimento através de uma mídia acessível e de poucas restrições (no Brasil, no Brasil...) como a internet?

5) Se eu publicar pesquisa em sites do exterior, estarei isento do imposto já que o domínio não será ".br"? Ou pagarei dobrado, enquadrado no crime de "evasão de divisas mentais"?

6) O IPEA, em conjunto com a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo e a Receita Federal, manterão equipes em plantão permanente nas universidades (talvez um convênio com a CAPES) para vigiar alunos que fazem pós-graduação no exterior, e assim evitar a sonegação?

É incrível como, mesmo depois de quase 20 anos de estudos em teorias de crescimento endógeno e capital humano, alguns ainda parecem que não aprenderam nada.

Brincadeira.

Abraços!

março 05, 2008

Obama

Ouvem-se vozes do Brasil oferecendo palpites a respeito das eleições americanas, e uma não disfarçada simpatia pelo pré-candidato Democrata Barack Obama. Talvez por uma hipotética (e bota hipotética nisto!!!!) semelhança em termos de história pessoal com o atual Presidente brasileiro, ou por uma eterna simpatia pelas causas mais vinculadas aos direitos humanos dos Democratas, os comentaristas políticos no Brasil, tal como seus companheiros americanos, parecem embasbacados pelo "fenômeno Obama". O que não se sabe, e é um mistério mesmo para analistas daqui, é qual o efeito de uma eventual presidência Obama para a América Lat(r)ina.

Estive procurando algumas declarações de Obama a respeito da metade sul do hemisfério e encontrei com algumas pérolas, frequentemente ignoradas pela imprensa da pátria-mãe gentil. Vejam este trecho de um discurso no Senado, da época em que Bush esteve no país para visita oficial:

"In Brazil, it has been reported that President Bush is expected to join with President Inacio Lula de Silva to announce greater ethanol cooperation between the United States and Brazil. Together, the United States and Brazil are the world’s largest ethanol producers and consumers. Brazil’s more than 30 years of renewable fuel technology investments allowed it to achieve energy independence last year. Ethanol now accounts for 40 percent of Brazil’s fuel usage. More than 80 percent of cars sold in Brazil today are flex fuel vehicles—capable of running on gasoline, ethanol, or a mixture thereof."

Só elogios. Legal, né? Mas olhem este trecho, mais à frente:

"As it relates to our country’s drive toward energy independence, it does not serve our national and economic security to replace imported oil with Brazilian ethanol. In other words, those who advocate replacement of US-based biofuels production with Brazilian ethanol exports however well intentioned they may be, are both misunderstanding our long term energy security challenge and ignoring a valuable foreign policy opportunity. The U.S. needs to dramatically expand domestic biofuels production, not embrace a short term fix that discourages investment in the expansion of the domestic renewable fuels in industry. Also, accelerating technology advances and transferring the technology to our neighbors in the Caribbean and South America will help them employ their own resources to produce environmentally clean ethanol to reduce their imported oil bill, thereby promoting economic stability in the Caribbean and South and Central America and strengthen the U.S.-Brazil relationship.

Mr. President, it is vital that President Bush keeps the Congress involved each step forward in a U.S.-Brazil relationship based on renewable fuels. This relationship must be structured so as not to hamper the domestic production of renewable fuels, or the development of new technologies here at home that can enhance our energy security."


Hummm... então quer dizer que Obama apóia a exportação de etanol do Brasil para os outros países da América Latina, de forma a reduzir a importância de Chavez-pobre-Chiquinha. Mas aumentar a exportação para os Estados Unidos, nem pensar: isto afeta "a segurança energética de longo prazo" do país. É óbvio que, pragmáticos que são, se o Brasil efetivamente criar condições para produção de etanol em grande escala e a preço muito baixo, os americanos irão importar o produto. Entretanto, acreditar que, por serem Democratas, e por ser Obama de origens humildes, que as negociações comerciais serão facilitadas, isto parece um tremendo engano, para não dizer ingenuidade.

Vamos mais longe. O que Obama pensa sobre os líderes da América Latina? Uma dica nesta matéria do Miami Herald:

"On the minus side, Obama has never been to Latin America, as he told me in an interview last year. And when I asked him who are the three Latin American leaders he respects the most, it took him a while to scan through his mental C-drive and respond, ''the president of Chile,'' whom he correctly identified as a woman but failed to mention by name. (I didn't press him about the remaining two.)"


Que tal? Um dos favoritos na campanha americana apenas reconhece a presidente do Chile como uma pessoa de respeito, ainda que sequer se lembre do nome de Michelle Bachelet. Onde fica o líder-maior da pátria-mãe gentil?

Se a imprensa brasileira não gosta de McCain por ser Republicano, se não gosta de Hillary por ser a esposa de Clinton, então a decepção com Obama tem tudo para ser muito grande.

Abraços!

março 04, 2008

América Lat(r)ina

Quem sabe com a revelação a respeito do programa "Urânio Zero - Quem Combate Neoliberais-Porcos-Capitalistas-Comedores-de-Jiló tem Pressa", o governo daqui resolve dar um pouco mais de atenção à região, diferentemente do acontecido até agora.

Ainda vou ler mais sobre o assunto antes de emitir opinião.

Um abraço!

março 02, 2008

Tudo Azul

Para este inglês, só faltou ficar "tudo bem, tudo zen", tal como na música do Lulu Santos. Até porque eu acredito que, em algum momento, ele de fato tenha ficado nu depois da dose cavalar do comprimido azul...

Abraços!

Da Pesquisa

Aceito democraticamente a opinião dos meus (rigorosamente, como falei em outros posts) oito leitores, mas não concordo: nos últimos dois jogos, duas vitórias de Duke. Bem que eu tinha sugerido que poderia ser só uma ressaca, mas vocês preferem polemizar. Paciência.

Entretando, por via das dúvidas, ficarei longe do Cameron Indoor Stadium no próximo sábado, quando ocorre o jogo de volta entre Duke e UNC...

Um abraço!