março 05, 2008

Obama

Ouvem-se vozes do Brasil oferecendo palpites a respeito das eleições americanas, e uma não disfarçada simpatia pelo pré-candidato Democrata Barack Obama. Talvez por uma hipotética (e bota hipotética nisto!!!!) semelhança em termos de história pessoal com o atual Presidente brasileiro, ou por uma eterna simpatia pelas causas mais vinculadas aos direitos humanos dos Democratas, os comentaristas políticos no Brasil, tal como seus companheiros americanos, parecem embasbacados pelo "fenômeno Obama". O que não se sabe, e é um mistério mesmo para analistas daqui, é qual o efeito de uma eventual presidência Obama para a América Lat(r)ina.

Estive procurando algumas declarações de Obama a respeito da metade sul do hemisfério e encontrei com algumas pérolas, frequentemente ignoradas pela imprensa da pátria-mãe gentil. Vejam este trecho de um discurso no Senado, da época em que Bush esteve no país para visita oficial:

"In Brazil, it has been reported that President Bush is expected to join with President Inacio Lula de Silva to announce greater ethanol cooperation between the United States and Brazil. Together, the United States and Brazil are the world’s largest ethanol producers and consumers. Brazil’s more than 30 years of renewable fuel technology investments allowed it to achieve energy independence last year. Ethanol now accounts for 40 percent of Brazil’s fuel usage. More than 80 percent of cars sold in Brazil today are flex fuel vehicles—capable of running on gasoline, ethanol, or a mixture thereof."

Só elogios. Legal, né? Mas olhem este trecho, mais à frente:

"As it relates to our country’s drive toward energy independence, it does not serve our national and economic security to replace imported oil with Brazilian ethanol. In other words, those who advocate replacement of US-based biofuels production with Brazilian ethanol exports however well intentioned they may be, are both misunderstanding our long term energy security challenge and ignoring a valuable foreign policy opportunity. The U.S. needs to dramatically expand domestic biofuels production, not embrace a short term fix that discourages investment in the expansion of the domestic renewable fuels in industry. Also, accelerating technology advances and transferring the technology to our neighbors in the Caribbean and South America will help them employ their own resources to produce environmentally clean ethanol to reduce their imported oil bill, thereby promoting economic stability in the Caribbean and South and Central America and strengthen the U.S.-Brazil relationship.

Mr. President, it is vital that President Bush keeps the Congress involved each step forward in a U.S.-Brazil relationship based on renewable fuels. This relationship must be structured so as not to hamper the domestic production of renewable fuels, or the development of new technologies here at home that can enhance our energy security."


Hummm... então quer dizer que Obama apóia a exportação de etanol do Brasil para os outros países da América Latina, de forma a reduzir a importância de Chavez-pobre-Chiquinha. Mas aumentar a exportação para os Estados Unidos, nem pensar: isto afeta "a segurança energética de longo prazo" do país. É óbvio que, pragmáticos que são, se o Brasil efetivamente criar condições para produção de etanol em grande escala e a preço muito baixo, os americanos irão importar o produto. Entretanto, acreditar que, por serem Democratas, e por ser Obama de origens humildes, que as negociações comerciais serão facilitadas, isto parece um tremendo engano, para não dizer ingenuidade.

Vamos mais longe. O que Obama pensa sobre os líderes da América Latina? Uma dica nesta matéria do Miami Herald:

"On the minus side, Obama has never been to Latin America, as he told me in an interview last year. And when I asked him who are the three Latin American leaders he respects the most, it took him a while to scan through his mental C-drive and respond, ''the president of Chile,'' whom he correctly identified as a woman but failed to mention by name. (I didn't press him about the remaining two.)"


Que tal? Um dos favoritos na campanha americana apenas reconhece a presidente do Chile como uma pessoa de respeito, ainda que sequer se lembre do nome de Michelle Bachelet. Onde fica o líder-maior da pátria-mãe gentil?

Se a imprensa brasileira não gosta de McCain por ser Republicano, se não gosta de Hillary por ser a esposa de Clinton, então a decepção com Obama tem tudo para ser muito grande.

Abraços!

3 comentários:

Unknown disse...

Bom comentário meu caro Dr. Fasolo. O blog do Reinaldo Azevedo faz uma boa análise da condidatura Obama (claro, o RA apóia o John McCain).

Agora, o motivo do comentário é outro: mais uma vez, o plágio no blog continua. Essa história de América Lat(r)ina me parece muito familiar!!!!

Hehehe. Mais uma vez, muito bom o comentário.

Abração,

Marcelo (a.k.a. hvymtl)...

Angelo M Fasolo disse...

Ah, não, Marcelo! DESTA VEZ, não! O trocadilho com a América Lat(r)ina é velho prá caramba! Até para ser mais exato, eu nunca te ouvi usando esta expressão!
Repito: DESTA VEZ, não teve plágio... rsrsrsr...

Abraço!

Anônimo disse...

mas so desta vez, viu??? hahahaha hahahahaha hahahahahaha hahahahaha hahahahahahahahaha

beijao pros 2! (so que nao o mesmo tipo de beijao, ne'? hahahaha!)

Chris ("inspirada" hoje! rs)