Fazia tempo que não colocava no ar alguma música. Resolvi, então, recuperar uma canção de letra muito bonita do Zeca Baleiro, gravada no disco Líricas, de 2000.
Minha Casa
Por Zeca Baleiro
É mais fácil cultuar os mortos que os vivos,
mais fácil viver de sombras que de sóis.
É mais fácil mimeografar o passado
que imprimir o futuro.
Não quero ser triste
como o poeta que envelhece
lendo Maiakóvski na loja de conveniência.
Não quero ser alegre
como o cão que sai a passear com o seu dono alegre
sob o sol de domingo.
Nem quero ser estanque
como quem constrói estradas e não anda.
Quero no escuro
como um cego tatear estrelas distraídas.
Minha casa
Amoras silvestres no passeio público,
amores secretos debaixo dos guarda-chuvas.
Tempestades que não param,
pára-raios quem não tem
mesmo que não venha o trem não posso parar.
Veja o mundo passar como passa
uma escola de samba que atravessa,
pergunto onde estão teus tamborins
pergunto onde estão teus tamborins.
Sentado na porta de minha casa,
a mesma e única casa,
a casa onde eu sempre morei.
Abraços!
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