— O artigo clássico de Akerloff, sobre seleção adversa e o "mercado de limões", foi submetido e rejeitado em duas revistas (American Economic Review e Journal of Political Economy) por motivos exatamente opostos, antes de ser aceito e publicado no Quarterly Journal of Economics. Na primeira tentativa, o autor recebeu a resposta que o "tema era interessante, mas era trivial"; na segunda, "o artigo possui uma generalização tão grande de aplicações que não seriam verdadeiras as conclusões".
— Paul Krugman submeteu o seu trabalho sobre retornos crescentes de escala, concorrência monopolística e comércio internacional ao Quarterly Journal of Economics. Recebeu como resposta que, de fato, os dois primeiros tópicos poderiam ser importantes na determinação dos fluxos de comércio, "mas que a atual compreensão destes fenômenos não seria suficiente para escrever o que ele colocou no artigo". O trabalho só foi publicado porque Jagdish Bhagwati era o editor do Journal of International Economics e, apesar de duas recomendações de revisores contra, resolveu bancar por contra própria a publicação.
— O parecerista do texto clássico de Robert Lucas, "Expectations and the Neutrality of Money", na sua justificativa contra a publicação na American Economic Review, disse que o texto "se possuísse algum resultado relevante", estaria escondido no meio da matemática complicada...
— Algumas das melhores histórias falam de economistas já mortos, mas ainda assim são divertidíssimas. Keynes, por exemplo, enquanto editor do Economic Journal, merece uma seção especial inteira do trabalho com suas façanhas. O maior exemplo foi o trabalho de Ohlin sobre intensidade dos fatores de produção e comércio internacional, que foi rejeitado pelo editor e, por engano, a nota com a rejeição acabou encaminhada para o autor. Dizia:
"This amounts to nothing and should be refused, J.M.K."
O trabalho valeu para Ohlin, anos mais tarde, o Prêmio Nobel de economia.
O artigo possui uma série de histórias hilárias, e serviu como capítulo de um livro publicado em 1994. Outros economistas "rejeitados" foram Gary Becker, James Buchanan, Milton Friedman, Franco Modigliani, Paul Samuelson, James Tobin... Vale muito a pena para quem se frustra com facilidade depois de ter o trabalho severamente criticado: anime-se, a culpa pode ser de quem leu!!!
Referências:
GANS, J.S. e SHEPHERD, G.B. "How Are the Mighty Fallen: Rejected Classic Articles by Leading Economists". The Journal of Economic Perspectives, vol.8, no.1 (Winter 1994), pp. 165-179.
SHEPHERD, G.B. "Rejected: Leading Economists Ponder the Publication Process". Ed. Thomas Horton & Daughters, 1994.
Abraços!
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