novembro 21, 2007

Apenas por Educação, Mesmo...

Trecho da coluna de Miriam Leitão, comentando sobre as mudanças no IPEA e as estripulias de um novo diretor, professor de um grande departamento de economia do país.
clipped from oglobo.globo.com

O novo diretor do Rio é o primeiro de fora da carreira que assume o posto. Mas isso não é o relevante. O esquisito é a maneira como essa direção lida com as pessoas que estão no instituto há décadas. Ele convocou todos para sua posse. Chegou uma hora e meia atrasado, ficou alguns minutos e foi embora. O breve discurso, para uma platéia de mestres e doutores, foi patético:


— Meu nome é Sicsú. Sic-sú! O dever de casa de todos é aprender como se pronuncia o meu nome. Se quiserem alguma coisa comigo, a senha é professor. Me chamem de professor.

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Sinceramente, não tenho nada contra alguém querer ser chamado de "professor". Profissão nobilíssima, deveria receber um respeito infinitamente maior do que a dispensada no país, ainda mais em função da carência de pessoas capacitadas para o cargo. Também não consigo, talvez por questão de educação, chamar meus professores (e alguns ex-professores também) diretamente pelo nome ou sobrenome, a não ser que seja dada a abertura. Fiz um estágio com um professor da UFRGS, durante a graduação, em que eu não conseguia dar outro tratamento que não fosse o de "Professor", ainda que o estágio fosse em uma instituição fora da universidade.

Entretanto, existe uma medida para tudo. Professor, com letra maiúscula, na minha opinião, é quem faz por merecer o título. Tenho certeza que muitas pessoas eventualmente gostam do "professor" do IPEA. Agora, Professor, mesmo é justamente quem não precisa anunciar, a plenos pulmões, alguma "senha" de tratamento. E mais: Professor é quem, inclusive, fica até encabulado ao ser tratado por "Professor".

Talvez a demanda do "professor" seja uma tradição brasileira, onde o "sabe com quem está falando" vem primeiro. Já vi, inclusive em local de trabalho, pessoas que faziam questão de destacar o título antes de mostrar o trabalho que fez. Christiane, aqui do meu lado, lembrou que, quando chegou no novo serviço, chamou o seu chefe de "Doctor Purves". Imediatamente, foi interrompida:

"— Nobody calls me Doctor! It is 'Dale'."

Aposto que o "professor" do IPEA não tem, proporcionalmente, a mesma importância, em termos de pesquisa em economia, para o Brasil, a mesma importância que "Professor Purves" tem para a sua área no mundo. Mas a "senha" foi dada. E ai de quem tentar mudar nos dias de hoje...

Abraços!

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