Miami, 18:15hs, horário local. Primeiro um aglomerado de pessoas em torno do ponto de embarque. Todas falando alto, carregando pacotes imensos, bronzeados, suados. A cena era familiar, em algum sentido: parecia um ponto de ônibus destes de grandes cidades do Brasil. Só era diferente por causa de um pessoal no "ponto" de embarque, que insistia, por algum motivo, em falar inglês.
Sim, estava no aeroporto internacional de Miami, pronto para voltar ao Brasil. Aos poucos, outras diferenças apareciam, ao menos na comparação com um ponto de ônibus tradicional. Por exemplo, a mulher, na casa dos seus 40, com passaporte do Paraguai, dando escândalo no meio do aeroporto, porque o marido, um senhor já com idade, não teria comprado/conferido alguma coisa na passagem. A mulher devia ter duas próteses de silicone do tamanho de uma bola de futebol americano, e usava (deve ser mania de nossos hermanos) uma blusa imitando pele de onça. Entretanto, toda a produção não era suficiente para disfarçar a idade e a origem.
Também estava por lá uma garota por volta de 20/25 anos, com um senhor de idade avançada que não poderia ser nem seu avô. Ela, carregando um urso de pelúcia pelo saguão, o urso quase do tamanho da Chris. E, para desespero de todos os passageiros, tentando, mais tarde, encontrar espaço para o urso em meio à classe econômica... que alegria!!!
Não poderia faltar, óbvio, as tradicionais sacoleiras, com maridos à tira-colo que aproveitam esta época do ano para ficar nas piscinas e praias da cidade (e sei que é isto, porque as mulheres apresentavam um tom de pele bem mais claro, menos bronzeado, que eles). Elas falando dos preços de câmeras digitais, cosméticos, roupas; eles, dos drinques, cervejas e jogos na beira da praia.
Mas as diferenças em relação aos pontos de ônibus no Brasil param por aí. Bastou anunciar que os passageiros seriam chamados para se formar a tradicional fila de entrada. Mesmo que a American Airlines (e qualquer outra empresa aérea) chame primeiro idosos, gestantes, mulheres com crianças de colo e clientes de cartões preferenciais, lá estava a fila de passageiros esperando para entrar. Fila esta que logo se transformava em amontoado em frente ao portão, talvez do pessoal com medo do avião partir sem que eles estejam dentro. Sabe como é: o busão, digo, avião, vem lotado do outro ponto, e se eu perder este, só chego em casa três horas depois. Não adianta saber que o nome está na lista de passageiros confirmados: tem que fazer o amontoado para entrar no busão/avião de uma vez!!!
Dentro do avião, não poderia faltar o tiozão, que, com a sua família, tentou embarcar com uma bagagem "de mão" que tinha quase a minha altura (e largura), e tentando colocar a sacola no bagageiro superior do vôo!!! Por mais que o cara tentasse, e que a fila atrás dele com pessoas esperando para passar crescesse, ele não conseguia colocar a bagagem no compartimento. Chega o funcionário da empresa, muito atencioso, e sugere que a bagagem vá na parte da frente, com a tripulação. E o nosso prezado senhor insiste: a sacola cabe no compartimento, é só uma questão de jeito!!! Depois de muita insistência, a sacola é levada para junto da bagagem da tripulação.
Sim senhores, o aeroporto e o avião transformados em ponto de parada para ônibus. Você sabe que está chegando no Brasil quando...
Abraços!
Um comentário:
hahaha! Sabado eu vou via Newark (Nova Jersey, acho que outro ponto de sacoleiras que vao comprar roupas para revender no Brasil)... vamos ver se vai ser tao divertido!!!!
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