fevereiro 25, 2008

Eu Falei com Ele...

Sabe quem é o novo presidente do NBER? Dica: eu já estive com ele...

Soube da notícia através do blog de outro grande professor.

Abraços!

Dores da Pesquisa

Tem certas coisas que doem muito quando se faz pesquisa em alto nível. Uma delas é descobrir que o mercado de idéias efetivamente funciona: se você acha que o artigo no tema desejado, com a abordagem que você considera apropriada, ainda não foi escrito, então é porque ou o tema é muito difícil de ser trabalhado, ou você ainda não encontrou o artigo através do Google.

Por que estou escrevendo sobre isto? Bom, é que eu tenho gasto o pouco tempo disponível para pesquisa tentando coletar artigos para o projeto de tese. Algumas idéias foram se consolidando na cabeça ao longo destes dois anos, muitas foram excluídas. Entre as que sobraram, uma renderia um tremendo artigo, base fundamental do que eu pretendia que fosse a minha tese. O que aconteceu? O Google me trouxe um artigo exatamente com os mesmos fundamentos que queria aplicar, com praticamente os mesmos métodos e avaliando os mesmos problemas.

Duas palavras sobre isto: que dor!

Abraços!

fevereiro 21, 2008

Nova Pesquisa

... e dependendo da resposta de vocês, eu não falo mais de basquete, ok?

Abraços!

fevereiro 20, 2008

Fidel

O melhor texto que li na imprensa sobre os fatos recentes envolvendo Fidel: Sérgio Malbergier. O resto fica naquela de "Fidel fez coisas boas, apesar da ditadura" (ou melhor, "da prática política repressora das liberdades individuais" - como diz José Simão, tucanaram a ditadura). Queria saber por que, quando de sua morte, não se dizia "Pinochet fez coisas boas, apesar da ditadura". Para este, a frase mais comum era "Pinochet foi um ditador tirano, ainda que o governo tenha resultado em coisas boas".

Para mim, o lugar de ambos é a lata de lixo da história.

Abraços!

P.S.: a respeito do segundo texto, notaram como a associação Fidel-ditadura só aparece para falar do regime que ele derrubou? Um cara que fica no governo durante 49 anos é considerado o quê?

fevereiro 16, 2008

Cadê o Papa?!?!?!?!

Vocês devem, obviamente, ter lido sobre a recepção de "Tropa de Elite" no Festival de Berlin, e agora estão sabendo que o filme conquistou o maior prêmio da mostra. Quando estivemos no Brasil, e antes de ver o filme, um amigo nosso comentou que o filme seria visto como uma espécie de filme de ficção científica a partir de um determinado momento, já que as cenas não seriam vistas dentro do que se entende por "sociedade" para quem mora fora do país.

Pois, durante a exibição de Berlin, resolvi coletar algumas resenhas sobre o filme e verificar qual foi o entendimento que os críticos tiveram sobre o filme. Na medida do possível, tentei separar o que era juízo de valor sobre o filme, e fiquei concentrado apenas no entendimento que os críticos tiveram da história em si. A melhor pérola foi encontrada na crítica do site "Hollywood Reporter".

Ainda que tenha achado o filme divertido para quem procura um pouco de ação, o crítico deixou de entender partes importantes da história. Exemplo disto é o trecho sobre os novatos na polícia, Matias e Neto, afirmando que "por algum motivo, seu trabalho envolve empregos secundários, de tal forma que Neto trabalha na 'auto shop' da polícia, enquanto Matias estuda Direito". Ou seja, o crítico não entendeu que a oficina é parte da corporação policial (lógico, em países desenvolvidos, a polícia paga alguém para fazer a manutenção das viaturas, ao invés da própria polícia fazer os serviços), e que fazer faculdade é uma forma de, no futuro, procurar um emprego que tenha remuneração melhor que a oferecida pela polícia.

Além disso, o crítico se surpreende, pois mesmo depois de muitos flashbacks, ainda que a trama esteja toda em torno do evento, "nada do Papa aparecer ao final do filme". Possivelmente, como disse a Chris, ele devia estar esperando uma imagem do Papa desembarcando no Rio de Janeiro e trazendo a paz para toda a humanidade. Tenha dó!!!

Foi a crítica mais divertida que li sobre o filme. E o mais interessante é que foi reproduzida em diversos sites. Espero ansioso pela recepção do filme por aqui.

Um abraço!

fevereiro 09, 2008

#2 Duke, e Subindo

A temporada de basquete universitário deste ano está divertidíssima: depois do fiasco do ano passado, quando teve uma campanha "un-Duke-like" e acabou sendo eliminado na primeira rodada dos play-offs, o treinador de Duke, Mike Krzyzewski, resolveu chutar o pau da barraca. Depois de passar o verão treinando a seleção americana de basquete que venceu o Pré-Olímpico das Américas e conversar muito com o seu auxiliar técnico, o treinador do Phoenix Suns Mike D'Antoni, Coach K resolveu implementar no time da universidade um sistema ofensivo parecido com o utilizado pelo time do Arizona.

Para resumir como funciona o esquema, um time de basquete normalmente se organiza, ofensivamente, com um armador, dois alas e dois pivôs. O Phoenix Suns, sob a batuta do grande Steve Nash, geralmente abre mão de um dos pivôs em favor de mais um ala, de forma a ganhar muita velocidade na transição. O tipo de jogo com o uso de um ala a mais recebeu o apelido por aqui de "small-ball", em referência à média reduzida de altura dos times sem um dos pivôs. Em termos estatísticos, o Suns é o time da NBA que menos gasta tempo de posse de bola para fazer um arremesso.

Pois Coach K, tendo em vista o recrutamento do último ano, combinado com a lesão de um dos poucos pivôs do time, resolveu trazer o sistema para a universidade. Muitos questionaram a medida, afirmando que Duke teria problemas para enfrentar times fisicamente mais fortes e mais altos, como, por exemplo, o rival local, a UNC. De fato, a única derrota até agora de Duke foi no início da temporada, para Pittsburgh, que possui um time fisicamente forte.

Pois não é que o time foi tomando gosto pelo esquema, e, desde a derrota para Pitts, Duke se manteve invicto, inclusive passando a ex-número 1 (no início da temporada) UNC, assumindo assim o segundo posto do país? Mais do que isto: no primeiro clássico local, disputado nesta quarta-feira em Chappel Hill, Duke ganhou por onze pontos de vantagem da UNC, em um jogo que o país parou para assistir (sim, Duke vs UNC é considerado, por muitos, como a maior rivalidade no país em termos de basquete universitário).

Destaques do time? É interessante dizer isto, mas não dá para apontar "o" destaque de Duke. O "small-ball" resulta em uma pontuação muito espalhada entre os jogadores. No jogo contra a UNC (Duke 89 a 78), por exemplo, seis jogadores fizeram mais do que dez pontos, e nenhum dos jogadores de Duke fez mais do que vinte pontos. Na comparação, a UNC teve quatro jogadores com mais de dez pontos e o cestinha da partida (Tyler Hansbrough, muito bom jogador) com 28 pontos.

Para que vocês possam acompanhar Duke no torneio universitário, está instalado, na barra lateral do blog, bem embaixo, dois pequenos aplicativos: um deles oferece o ranking dos times de basquete universitário, atualizado semanalmente; o outro dá as últimas notícias de Duke, com os resultados dos jogos e análises pelo site da ESPN.

Ainda tenho que ir a algum jogo da universidade neste ano. Mas que está muito divertido ver a correria dos jogadores de Coach K em quadra, ah, isto está, com certeza!

fevereiro 04, 2008

Mercado de Trabalho: Socorro!

Falei a vocês que estou fazendo duas cadeiras de econometria de séries de tempo. Enquanto a cadeira onde o Bollerslev dá aula é eminentemente teórica (Hamilton é meu pastor, e nada me faltará até o exame), a outra se concentra em aplicações empíricas e técnicas mais avançadas em séries temporais. Pois bem, a professora quer um paper como avaliação para o semestre, e o ingênuo resolveu replicar um texto que está bastante em voga por aqui para começar os estudos (para os interessados, identificação de choques de política monetária em Christiano, Eichenbaum e Evans (2005) "Nominal Rigidities and the Dynamic Effects of a Shock to Monetary Policy").

Fiquei hoje parte do domingo coletando as séries para o trabalho. Em síntese, o paper começa com a estimação de um VAR com 9 variáveis em um período de 30 anos de dados. Tudo bem, imaginei que estimar um modelo destes com ao menos 99 parâmetros (9 X 9 = 81 dos coeficientes autorregressivos, assumindo apenas um lag, com mais 9 referentes às constantes e mais 9 referentes às variâncias) fosse impossível para a amostra disponível para a economia brasileira. Vale notar que, na melhor das hipóteses, fechando os olhos para muitas observações e críticas que devem ser feitas, o período de inflação baixa começou em 1995, o que totaliza 12 anos de informações - menos da metade do utilizado pelos autores americanos.

Entretanto, o que me chamou a atenção, e me deixou contrariado, foi constatar que não existem séries de qualidade e tamanho suficiente para começar algum estudo de séries de tempo incorporando medidas de mercado de trabalho para a economia brasileira. Precisava de duas medidas básicas: salários pagos e horas trabalhadas. Pensei na hora nas duas fontes tradicionais: IBGE e CNI. No IBGE, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) foi reformulada e os dados começam em 2001; apelando para a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), querendo aproximar a economia a partir do comportamento da indústria, também as séries começam em dezembro de 2000. Na CNI, as séries de horas trabalhadas na produção e massa salarial foram interrompidas ao final de 2006 para reformulação.

Qual o resultado disto em termos de pesquisa? Sinceramente, agradeço, de coração, o trabalho esforçado de quem está nestas instituições, coletando números, muitas vezes arrancados à força das empresas (e eu sei do que falo pois já fui estagiário e coletava estes números para uma das pesquisas). Agora, é uma barbaridade, um escândalo não ser mantida alguma série que possibilite uma análise decente das condições do mercado de trabalho ao longo do tempo. Mesmo que fosse uma série inferior, com menos informação que novas metodologias permitam produzir, algum número tinha que estar disponível.

É óbvio que vai ter gente da análise de elevador que vai dizer: "ei, mas eu posso continuar dizendo que a massa salarial subiu, que o número de horas trabalhadas caiu, com base em números do IBGE." É óbvio que sim. Mas análise econométrica séria pressupõe um conjunto de dados mínimos que não existem no país hoje. Falar de tendências, ciclos, efeitos de choques, decomposições de variância, tudo isto assume, sempre, que a série disponível seja longa o suficiente para que o mapeamento entre causas e efeitos seja devidamente estabelecido.

Fica o pedido: se alguém conhece alguma série que caracterize a evolução dos salários e das horas trabalhadas no Brasil que comece ao menos no início dos anos 90, por favor, um pobre bolsista precisa da sua ajuda.

Abraços!

fevereiro 03, 2008

Meu Post de Carnaval...

... coincide com a volta das pesquisas do blog. E o Carnaval não merece de minha parte muito mais do que isto.

Abraços!

Parado

O blog andou um pouco parado, já que a semana foi um pouco puxada. Também contribuiu a ausência de notícias interessantes para comentar. Agora, mais um acumulado de pequenas notas:

1) Domingo de Superbowl. A final do campeonato de futebol americano é hoje, com os seus comerciais de milhões de dólares e um jogo interessante, já que, pela primeira vez desde o Miami Dolphins de 1972, um time pode completar a temporada invicto: o New England Patriots assombrou a todos ao longo da temporada e pode coroar o que seria uma temporada perfeita, não apenas em função dos jogos ganhos, mas dos recordes quebrados. Resolvemos ficar em casa, ainda que muitas festas devem estar ocorrendo ao redor do país para acompanhar o jogo.

2) Um dos motivos para ficar em casa foram as listas de exercícios, que continuam sobrando, mesmo ao longo do segundo ano de curso. Entretanto, duas motivações a mais nas listas deste semestre: a) foco em séries de tempo, um dos meus temas preferidos: das três cadeiras que estou fazendo neste semestre, duas são em séries de tempo; b) uma das cadeiras é ministrada por Tim Bollerslev, o mais próximo do que pode ser chamado de "candidato a prêmio Nobel de economia" pela faculdade. A aula dele é muito boa, muito boa mesmo!!!

3) Perguntam sobre a "crise americana". Na boa, não dá para "sentir" nada. Não sei se tem a ver com o fato de eu andar apenas no circuito casa-universidade, ou se o auge ainda não apareceu, ou se "crise" aqui é algo bem mais suave do que no Brasil. O que eu sei é que a chamada "crise americana" não passa de um tema de debates para a televisão.

4) É interessante acompanhar o processo eleitoral daqui. Tenho gastado algum tempo acompanhando os debates e as apurações das primárias. Processo bem elaborado, e debates de altíssimo nível. Sobre as preferências da região, o jornal da universidade publicou levantamento sobre as doações dos funcionários para os pré-candidatos a presidência. O dinheiro arrecadado não é muito (cerca de US$41 mil até o final de setembro do ano passado), mas a distribuição parece dizer muito sobre o que acontece hoje: apenas Barack Obama recebeu quase a metade de todo este dinheiro, que inclui as doações para nove candidatos, entre republicanos e democratas. Seria legal se esse levantamento fosse atualizado, até para ver se o acirramento da campanha entre os democratas resultou em aumento das doações para o partido.

5) Ainda sobre política, excelente frase em uma caneca que vimos em Washington (vou comprá-la na próxima vez que for para lá): "I love my country. It's the government I am affraid of".

Um abraço!