março 22, 2009

Rant: Uma Resposta Parcial

Muito boa a dica do blog do Mankiw sobre este texto do Prof. Scott Sumner, a respeito da hipótese dos mercados eficientes (EMH, em inglês), base da descrição dos mercados de ativos em modelos de equilíbrio geral. Parte da minha discordância em relação ao texto do Prof. Willem Buiter está exatamente na sua crítica à adoção da EMH. Ao comentar a solução dos modelos de equilíbrio geral, Prof. Buiter diz:

clipped from blogs.ft.com

The efficient markets hypothesis assumes that there is a friendly auctioneer at the end of time - a God-like father figure - who makes sure that nothing untoward happens with long-term price expectations or (in a complete markets model) with the present discounted value of terminal asset stocks or financial wealth.

What this shows, not for the first time, is that models of the economy that incorporate the EMH - and this includes the complete markets core of the New Classical and New Keynesian macroeconomics - are not models of decentralised market economies, but models of a centrally planned economy.

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Além de não entender o resultado sobre a equivalência entre a economia do "central planner" e a economia descentralizada no modelo neoclássico na sua forma mais básica (ver Stokey, Lucas & Prescott, 1999, capítulo 15, teoremas 15.3 e 15.4, mais conhecidos como o Primeiro e o Segundo Teoremas do Bem Estar), Prof. Buiter ignora também que, em economias onde a equivalência não se sustenta (caso da estrutura novo-keynesiana), ainda pode existir um equilíbrio suportando a convergência para um steady-state. Ou seja, mesmo que a formulação neoclássica não seja a mais adequada para o problema, a existência do equilíbrio pode ser provada a partir da análise das condições de primeira ordem dos agentes no modelo. E, para isto, uma estrutura de ativos ainda que parcialmente compatível com a EMH é necessária.

Assumindo-se, então, para satisfazer Prof. Buiter, que a EMH não se sustente de forma alguma, e que, ainda assim, seja possível estabelecer um equilíbrio para a economia, o que a ausência da hipótese traria de novo? Aqui entra o texto do Prof. Sumner, onde o grande resumo está aqui:

[I]magine two people looking at Mt. Monadnock. One says “That’s a very small mountain.” The other says “No, that’s just a big hill.” Pointless debate, isn’t it? Now imagine two economists look at the tech bubble. One says “boy, those rational investors made a big mistake,” whereas the other says “no, the investors were irrational.” Another pointless debate.

The only aspect of the EMH/anti-EMH debate that is of any interest is the policy implications. Are there any practical implications to the anti-EMH position? I have no trouble looking at some of the bubbles we considered here and saying: “Boy, those investors sure seemed irrational.” But it doesn’t help, because unless the anti-EMH people can find some interesting policy implications (investment advice for me, or public policy advice that will sway my vote), I would just as soon toss the anti-EMH theory away. I have found the EMH to be very useful in all sorts of ways mentioned in previous posts. The anti-EMH position? Not so much.

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Ou seja, seria ótimo, mesmo, ter modelos onde os trabalhos de Stiglitz, Akerloff, Shiller, entre outros, fossem incorporados. Infelizmente, como estes trabalhos não resultam em proposições gerais de política (uma vez que cada um destaca um aspecto dos mercados financeiros não tratados no "mainstream", o famoso equilíbrio parcial), o acréscimo de informação trazida para os modelos de equilíbrio geral acaba minimizado.

Além de não entender as proposições que derivam equilíbrios nos modelos de equilíbrio geral (como diria um famoso senador brasileiro, chamar estes modelos de "economias centralizadas" desperta em mim meus piores instintos...), Prof. Buiter atira trabalhos cuja generalidade dos resultados é mínima. Afinal, se o modelo dos autores acima citados é tão relevante, qual é a semelhança entre as crises de 1987, a de 2000 e a atual? "Ah, os investidores, em todos os casos, foram irracionais." E daí? A EMH permite explicar muitos eventos, mas não consigo explicar fatos esporádicos (um a cada 10 anos, na média dos três citados) sem partir para estudos de caso. E aí, onde fica a generalização que a teoria deve trazer?

Parte do meu "rant" está aqui. Com certeza, mais textos serão produzidos sobre as outras críticas feitas pelo Prof. Buiter, e que estão se espalhando sobre a técnicas de DSGE. Como estou sem tempo de produzir algo, vou colecionando estas observações aos poucos.

Abraços!

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