outubro 31, 2006

Tempestade

Tempos negros vêm do sul. Por aqui, o frio vem do norte, mas a tempestade é sempre do sul. Os sinais não são bons, o final de outubro representa o final do outono, início de um inverno que promete ser longo, muito longo. Não me refiro ao inverno daqui, mas à longa estação de trevas que se anuncia em outras bandas. O tempo frio normalmente traz a melancolia; este, traz o medo, a falta de esperança. É marcado pela violência, pela intolerância no contraditório, pela cisão do “nós” contra “eles”, quando deveríamos ser “todos”.

Tempos negros vêm do sul. Seriam tempos de lutar, travar a boa guerra, o bom debate. A tempestade traz a fúria dos que se dizem injustiçados, ainda que os fatos todos se mostrem contra os furiosos. Os falsos injustiçados se armam: bandeiras não representam mais idéias, mas armas para a luta física, para a caça aos traidores da causa; falar, agora, é vigiado, deve ser contornado; se somos contra, somos contra todos – “todos” escondem o mau-caráter de alguns.

Tempos negros vêm do sul. Aqui, o final de outubro abre espaço para os monstros escondidos em todos nós. No sul, os monstros já andam entre nós, ao longo de todo o ano, de toda a nossa existência. Até achamos normal! E os monstros entre nós não se acalmam com doces. Trick or Treat, a travessura já está indo longe demais, já até deixou de ser travessura: virou assunto sério, caso que deveria ser de polícia. Mas qual polícia?

Tempos negros vêm do sul. E só vem do sul porque estou no norte. O lado meridional começa a desaparecer, a não interessar. “Hein? Ah, carnaval!” Não, o carnaval é no verão, é tempo de alegria. A tristeza ainda não chegou, mas as amarguras geradas pelos sinais de início do longo inverno me fizeram pensar, pela primeira vez, em abandonar o rincão.

Abraços!

3 comentários:

Anônimo disse...

Ângelo,
Os ventos que vêm do sul também parece escuros, mesmos para aqueles que estão no sul. Mas nem todos que seguram as bandeiras como se fossem armas têm consciencia disto. Eu acredito que apesar da neblina que cobre nossas cabeças, existe a esperança e a certeza de não abandonar a luta e a fé em um mundo melhor, independente dos percalços.
Abraço forte.
José Ricardo

Anônimo disse...

Ângelo,
Os ventos que vêm do sul também parece escuros, mesmos para aqueles que estão no sul. Mas nem todos que seguram as bandeiras como se fossem armas têm consciencia disto. Eu acredito que apesar da neblina que cobre nossas cabeças, existe a esperança e a certeza de não abandonar a luta e a fé em um mundo melhor, independente dos percalços.
Abraço forte.
José Ricardo

Anônimo disse...

Ângelo,
Os ventos que vêm do sul também parece escuros, mesmos para aqueles que estão no sul. Mas nem todos que seguram as bandeiras como se fossem armas têm consciencia disto. Eu acredito que apesar da neblina que cobre nossas cabeças, existe a esperança e a certeza de não abandonar a luta e a fé em um mundo melhor, independente dos percalços.
Abraço forte.
José Ricardo