Como diz o Reinaldo Azevedo, "cabeça desocupada é moradia do capeta"... Resolvi usar estas primeiras horas de descanso pós-provas (e pré-preparação para o qualifying) para me informar um pouco mais sobre o que se passa no rincão. Pois não é que eu descubro a "ocupação" da reitoria da USP por estudantes, em protesto contra a política neoliberal-privatista-elitista-conservadora-comedora de jiló-fora FMI do governo José Serra.
"Que coisa! O que, de tão grave, fez o Serra para que a reitoria da USP fosse invadida?" pensei eu, inocente, por aqui. Decidi me informar sobre, afinal, qual era a reivindicação. O que os estudantes reclamam:
- Contra um contingenciamento de verbas feita no início do ano pelo governo estadual, consequência do atraso na votação do orçamento para 2007 (problema resolvido);
- Contra a formação de uma "Secretaria Estadual de Ensino Superior", com direito a voto e a presidência no Conselho de Reitores das Universidades de São Paulo (um novo decreto do governo mantém a presidência do Conselho com os reitores, e o ensino universitário sempre esteve a cargo de alguma secretaria estadual, seja a de Educação, Ciência e Tecnologia, ou qualquer outra. Logo, problema resolvido);
- Contra a incorporação dos gastos das universidades estaduais no SIAFEM (Sistema Integrado de Administração Financeira de Estados e Municípios). Hummmm... Por que será que os estudantes não querem isto? Será que o barulho feito pelo seu equivalente federal incomoda tanto? Que gastos que são feitos nas universidade de São Paulo que não podem aparecer no sistema de contas públicas? Se eu fosse paulista, morasse em São Paulo, e não tivesse acesso à universidade "pública, gratuita e de qualidade para todos", eu gostaria de saber para onde está indo o dinheiro pago com ICMS, IPVA, etc, etc, etc... Onde é que isto fere a "autonomia universitária"?
Ainda intrigado, resolvi pesquisar um pouquinho mais, e descobri o link para o "Blog da Ocupação da USP". Ou seja, os "estudantes" se mantém informados do que ocorre lá dentro através de um blog. Ao contrário do Reinaldo Azevedo, acho que o problema maior não está aí, afinal de contas é fácil escrever textos e colocar no ar um blog de qualquer lugar do mundo, e desligar o acesso à internet do prédio da reitoria poderia prejudicar o acesso em outros prédios. O problema maior é a "criação", sabe-se Deus como, de uma rádio transmitindo, em FM, de dentro da reitoria!!! Qualquer pessoa sabe que rádio, no Brasil, é concessão pública. Assim, dado que não saiu nenhuma portaria liberando a frequência 106.7 para os ocupantes da USP, acho que, além de "perturbadores da ordem burguesa", os manifestantes agora se tornaram ilegais.
Mais intrigado ainda, continuei lendo o "Blog da Ocupação" ("cabeça desocupada..."). Além das "moções de apoio" e "chamamento para as plenárias", o blog lista a vasta programação cultural realizada pelos ocupantes, lista todas as visitas de professores aos ocupantes do prédio. Acho que vou voltar para o Brasil para ser estudante da USP: tenho casa, comida, festa, telefone, rádio, internet banda larga e ninguém para me incomodar com provas, listas de exercícios, cobrança com desempenho, relatórios de atividade do semestre... É uma vergonha!
Abraços!
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