abril 28, 2009

Ainda dos Rótulos

Um observador atento pergunta se, ao trazer o debate sobre os modelos de equilíbrio geral nas versões neo-clássica e novo-keynesiana (ou a quase equivalência das suas metodologias), eu não estaria legitimando o processo de rotulação das idéias e, indiretamente, aprofundando as (ou "solidificando o nó" das) diferenças dentro do espectro econômico.

Na verdade, não, não estou reafirmando as diferenças, tendo em vista que, nesta literatura, a designação "neoclassical" e "new-keynesian" é mais usada como um "transmissor de idéias" do que um rótulo ideológico. Assim, na apresentação de um paper na área, sempre se lê uma frase do tipo "o modelo que desenvolvemos é uma variante do modelo de real business cycles" (exemplo aqui, na página 3, segundo parágrafo: "we feed the estimated stochastic volatility process for real interest rates in an otherwise standard small open economy business cycle model"), ou "o modelo segue a linha novo-keynesiana" (exemplo aqui, na página 2, terceiro parágrafo: "The paper is structured as follows. Section 2 outlines two versions of a five-equation New Keynesian DSGE model along the lines of Woodford (2003) that differ with respect to the monetary policy rule."). No primeiro exemplo, mesmo sem ler o resto do artigo, já tenho a idéia do trabalho com preços totalmente flexíveis. No segundo exemplo, já sei que, além das equações de Euler descrevendo os comportamentos inter e intratemporais, vai ter alguma curva de Phillips falando da dinâmica de preços.

E as diferenças metodológicas terminam por aí. Não se lê, ao longo do paper, referências a algum livro de 1936, ou um paper do início dos anos 70, tentando reescrever aquelas idéias.

É bem diferente, por exemplo, deste texto aqui (ok, o exemplo pode não ter sido muito feliz, mas faz a linha ideológica da rotulação), onde cada equação é justificada por um parágrafo de um texto de 70 anos atrás. Nada contra os textos antigos, mas será que a ciência ficou parada nos últimos 70 anos?

Abraços!

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