Modelo no papel, idéia na cabeça, estou na frente do computador. Matrizes, filiais do inferno, inverte, transpõe todos os limites. Tudo certo, aperto o play. Erro, não converge. Convergência, na Wikipedia, “medida pela qual determinado método iterativo se aproxima do seu resultado.” Leio outra: “propriedade de um feixe de radiação ou de partículas em que os raios ou as trajetórias se dirigem para um mesmo ponto.” Sim, o lunático está na minha cabeça. Ergo a minha lâmina, faço as minhas mudanças. Play, de novo: não converge. Mudo os parâmetros, as matrizes se invertem de novo. Tudo o que eu crio, tudo o que eu destruo está no papel, no programa. Convergência? Não. O maluco está na minha cabeça: “You gotta smash your head in the wall until the answer appears in front of you”. O italiano maldito está certo. Mais café. Outra tentativa. O computador pára. Ei, tem alguém aí dentro? Faça algum aceno se estiver me ouvindo... Sem resposta, desligo tudo. A água ferveu, a cabeça ferve. Maldito Ramsey: se ele tivesse o Matlab na época dele, teria lido as mesmas mensagens de erro! Não, não reconheça a derrota sem uma luta. Não vou trocar meus heróis por fantasmas. Sigo em frente, mais café. O feixe de radiação passa raspando pela minha cabeça. Eu sou jovem, a vida é longa, mas eu não tenho tempo para perder hoje. Outro ajuste, mais um raio que passa perto, a resposta é diferente. Convergiu? Não sei. Mas também não apareceu a mensagem de erro. Testes. As nuvens fazem barulhos, trovões em meus ouvidos. Eu grito, mas ninguém parece me ouvir. Convergência, o nirvana. Todos no seu lugar, no mesmo ponto, coordenados. Cheguei no lado escuro da lua.
Este texto foi escrito logo após terminar uma lista de exercícios de macroeconomia. Estava ouvindo Pink Floyd, como as referências devem deixar claro.
Abraços!
2 comentários:
tá... mas convergiu?
Para deleite dos "cabeças de planilha" leitores deste blog: é claro que convergiu!!!!! hahahahaha...
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