dezembro 23, 2006

Música para Ouvir no Trabalho

Já ouvi sobre todos os macetes possíveis e imagináveis para obter o máximo rendimento nos estudos: há quem exija o silêncio absoluto; tem aqueles que estudam melhor deitados em uma cama; também existe quem precise de algum objeto para extravazar o nervosismo. Eu também tenho os meus macetes , mas quero discutir um em especial. Não gosto de estudar em completo silêncio (me dá sono), mas também não posso ouvir conversas ao meu redor (acabo distraindo com facilidade). A minha solução: ouvir música.

Lógico que algumas pré-condições são necessárias para a fórmula funcionar: não é qualquer volume o ideal, como também não é qualquer música que serve. Sobre o volume, para os interessados, cabe a experiência: existe uma espécie de "volume ótimo", em que a pessoa tem certeza absoluta que a música está sendo tocada, pois o som ambiente está abafado, mas em que a música não tire a atenção do objeto central de estudo. Assim, fica estabelecido um mínimo e um máximo para o volume.

O objetivo, aqui, é discutir o que eu ouço ao estudar. Vou citar tanto o que funciona como o que não funciona. Já tinha prometido este post a algum tempo para um dos quatro leitores do blog, e ao saber do tema ele me jurou de morte caso alguns nomes aparecessem por aqui. Vou correr o risco. Segue a seguir uma lista de discos, músicas e artistas que costumam frequentar a minha lista de favoritos, e os seus resultados sobre os meus estudos.

1) Pearl Jam: os discos mais novos não funcionam muito, mas curiosamente as guitarras distorcidas em Ten, o álbum de lançamento, não prejudicam a concentração. É um álbum que flui tranquilamente, e os vocais de Eddie Vedder, muitas vezes amargurados, funcionam para evitar dispersões desnecessárias na leitura.

2) R.E.M.: muito cuidado aqui!!! As baladas dos discos Out of Time e Automatic for the People são excelentes pedidas. Entretanto, evite músicas como Everybody Hurts no meio da leitura do capítulo 4 do Stockey e Lucas, ou do capítulo 1 do Mas-Colell: a vontade de largar tudo e ficar se achando um inútil tende a ser incontrolável.

3) Sepultura: não funciona para estudo. Já tentei o Chaos A.D. e o B-Sides. Poucos momentos de concentração efetiva ouvindo Kaiowas. Entretanto, são excelentes soluções para provas pela manhã, em que a mente ainda está adormecida, e torna-se necessário fazer o cérebro funcionar "no tranco" (ainda que, para esta última função, Helmet, com o disco Meantime, seja imbatível).

4) Simon & Garfunkel: passe longe disto!!! Músicas como Mrs. Robinson podem dar um barato momentâneo, mas é depressivo demais para boa concentração! Sounds of Silence geram efeitos parecidos com Everybody Hurts, citado acima.

5) Pink Floyd: não é todo o álbum que funciona. The Wall, apesar de excelentes momentos para obter foco em Comfortably Numb, é ruim no geral, muito em função dos gritos agonizados ao fundo, que tiram a atenção. Todavia, Wish You Were Here é ótimo! Ainda em Pink Floyd, merece um capítulo à parte...

6) The Dark Side of the Moon: talvez este seja o melhor disco para ser ouvido durante leituras de artigos e capítulos de livros!!! A abertura, com Speak to Me/Breath parece seguir a mesma lógica de artigos científicos, com uma introdução definida, metódica, gritos com hora marcada para acabar, seguida de melodia em ritmo quase grudento. The Great Gig in the Sky mantém o foco, como o desenvolvimento de um tópico importante. Brain Damage e Eclipse fazem um fechamento perfeito, como em capítulos em que você chega na conclusão contente por ter efetivamente aprendido algo. Também é a hora da revelação, em que as idéias do texto se conectam, as proposições fazem sentido, o todo aparece na plenitude. Excelente pedida!!!

7) Jorge Ben: sim senhores! Funciona! Mas apenas um disco: o acústico da MTV, com muitas músicas com sopros reduzidos, mais melodias, menos improvisações. O mestre do suingue brazuca manda sua bronca na leitura acadêmica.

8) Fito Paez: os hermanos se fazem presentes, com o grande disco Euforia. Uma releitura acústica dos sucessos do melhor dos portenhos, com letras maravilhosas. Combinam perfeitamente com a resolução de listas de exercícios.

9) Eric Clapton: não é todo o disco que funciona! A coletânea The Cream of Clapton é uma boa pedida, mas discos como From the Cradle e Reptile, que revelam o lado mais blues do guitarrista, devem ser evitados.

10) Rush, Led Zeppelin, The Who: infelizmente, nenhum destes funcionam, apesar de músicas interessantíssimas para um início de capítulo, ou para entender algumas anotações de aulas. Ainda que abafem bem o som externo e sejam excelentes por definição, músicas como Natural Science, Gallows Pole e Baba O'Reilly não se sustentam em uma tarde de estudos.

Esta é uma amostra do que passa nos meus ouvidos enquanto tento colocar conteúdo na cabeça. Cabe lembrar, mais uma vez: cada um possui o seu método preferido de estudo. Se você não consegue estudar com barulho, não será seguindo as minhas dicas musicais que os estudos irão começar a render alguma coisa.

Abraços!

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