dezembro 19, 2006

Política de Ponto de Ônibus

Dias de compras para a casa, em função da nova moradora (para que mais uma vassoura? Não discuto, deixo a piloto dizer) e da falta de comida por causa da preparação para os exames de final de ano. Ponto de ônibus, retorno para casa do Wal-Mart. Eu, Chris, e uma garota com uma sacola pequena da "Whole Foods" pendurada no seu celular Nokia. Diálogo:

[Garota com sacola da "Whole Foods"] — De onde vocês são?

[Chris] — Brasil.

[Garota com sacola da "Whole Foods"] — Você sabe para onde vai o dinheiro que você gastou no Wal-Mart?

[Chris] — Eu acho que sei, mas...

[Garota com sacola da "Whole Foods", para uma outra garota que tinha chegado naquele instante] — Pois é, porque o Wal-Mart... (e segue um discurso que eu não entendi, porque estava querendo saber a que horas o ônibus iria passar, e me interessava mais chegar em casa de uma vez. De acordo com a Chris, algum papo tipo "Wal-Mart explorador de países pobres e oprimidos, que coloca o trabalhadores em regime de trabalho escravo, yada-yada-yada...").

O diálogo não foi bom. Acho que deveríamos ter sido mais objetivos na resposta, até para evitar o discurso infame em parada de ônibus. Assim, levantamos algumas alternativas para respostas que a Christiane deveria ter dado à garota sobre "para onde vai o dinheiro que você gasta no Wal-Mart":

— Você sabe para onde vai o dinheiro que você gastou no Wal-Mart?

1) — De volta para o meu bolso: tenho algumas ações da Wal-Mart na minha carteira de aplicações. Logo, estou apenas recolhendo parte dos meus dividendos.

2) — Para o mesmo lugar onde foi o dinheiro que você gastou no seu celular Nokia de último tipo.

3) — Sinceramente, espero que vá para algum lugar que produza alguma comida com gosto, ao invés desta alfafa integral que você está carregando na sacola.

4) — Estou investindo no meu país: com este dinheiro, o Wal-Mart abre mais filiais no Brasil, gerando empregos por lá. Quem sabe, se eu gastar muito, as sacolas de plástico de lá acabem sendo tão boas e resistentes quanto as daqui.

5) — Eu bem que falei para o Angelo que não era certo comprarmos no Wal-Mart: bom mesmo seria escravizarmos os chineses que moram no nosso condomínio, pagando mixarias para eles produzirem bugigangas que nos abasteceriam, e ainda sobraria um troco para tomar uma cerveja no final de semana!

6) — Para onde vai o dinheiro que eu gasto, não sei. Mas sei que vou fazer com o dinheiro que eu economizei comprando aqui. E não é torrar tudo na produção da sua alfafa integral.

7) — A senhora já ouviu falar de Barbacena? Pois é, eu tenho um primo que mora por lá que vende verduras para o Wal-Mart. O dinheiro vai para ele. É a forma que eu tenho de mandar grana para o Brasil sem passar pela fiscalização do Banco Central.

8) — Tomara que não vá para a "Whole Foods": assim ela pára de vender a alfafa integral que você está carregando na sacola.

9) — Eu comprei no Wal-Mart???? Que coisa!!! Achei a cara do lugar tão parecida com a padaria que eu tinha na esquina de onde eu morava no Brasil...

10) — Vai para o cofrinho em formato de porquinho que o dono do Wal-Mart tem em casa, ora bolas!

11) — Não me interessa para onde vai o dinheiro: quem pagou a conta foi o meu marido!

Abraços!

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