Para justificar o argumento, ele se apóia em alguns parâmetros e multiplicadores de consumo bem simples, das aulas de macro I, para calcular o efeito final do plano de expansão de gastos. Entretanto, a partir daí, ele dá um pulo com o seguinte parágrafo:
clipped from krugman.blogs.nytimes.com But if $100 billion in spending raises GDP by $150 billion, and the marginal tax rate is 1/3, $50 billion of the spending comes back in additional revenue. So bang for the buck — increase in GDP per dollar of added debt — is 3, not 1.5. Since the main concern about stimulus is that it will add to government debt, it’s this bang for the buck measure, rather than the multiplier, that’s relevant. And 3 sounds a lot better than 1.5. |
Entretanto, em uma análise de equilíbrio geral, os agentes econômicos consideram, também, o problema intertemporal de solvência do governo: se o governo aumentou o seu consumo hoje, estes gastos têm que ser pagos de alguma forma, seja através de um aumento de impostos no futuro, seja através de inflação por excesso de demanda. Daí porque, de uma forma ou de outra, o total do valor gasto pelo governo equivale, em termos de dívida presente ou futura... ao total do valor gasto pelo governo!
O autor do post parece estar viciado na idéia keynesiana rudimentar que, em tempos de recessão/depressão, os parâmetros gerais da economia não funcionam em função do subemprego dos fatores. Assim, de acordo com Krugman, parece que a política de "distribuir dinheiro de um helicóptero" através dos gastos do governo, seria inócua para o problema de solvência do governo. Mais do que inócua, a política seria uma solução: gerar incrementos de renda em magnitudes muitas vezes maiores que o total do valor gasto.
Entretanto, um dos bons resultados da "batalha das divas" sobre os planos de estímulos para a economia americana mostra exatamente o contrário: os valores que a literatura econômica obtém para os seus multiplicadores e parâmetros são calculados de forma a não dependerem do estado da economia. Estando em recessão, expansão acelerada, ou até mesmo depressão, os multiplicadores são os mesmos, e o efeito dos multiplicadores sobre o valor total da dívida do governo é o mesmo.
Ou seja, um gasto ainda é um gasto. Seja sob recessão, seja sob expansão, um dólar ainda é um dólar.
Abraços!
P.S.: Na medida em que escrevia este post, um comentarista no blog de Krugman disse algo que pensei assim que li o post original pela primeira vez. Transcrevo:
"Is it just me, or is this argument for government spending starting to sound just a bit like the Democratic version of the Laffer Curve? i.e. more borrowing means more tax revenue, instead of lower tax means more tax revenue !
Honest, I’ve got an equation.
It’s fine to attempt to calculate the total, net impact, but then figure in the impact on the economy of years saddled with additional Trillions in debt."
Congrats, JimF! You hit the nail right in the head!
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