janeiro 29, 2009

Obama e o Trabalho Feminino

Cuidado!!! Existem horas (certas) e horas (erradas) para fazer leis inócuas - e toda a hora é errada para um pouco de demagogia. Imagine um patrão que fique sabendo que, de acordo com a lei assinada por Obama, os salários de homens e mulheres devem ser iguais para quem executa as mesmas atividades. Este patrão possui dois funcionários, um homem e uma mulher, e os dois executam a mesma atividade, ainda que o homem, por outros critérios (antiguidade no serviço, talvez), ganhe um pouco mais.

Pergunto: em tempos de crise, com as vendas da lojinha caindo, e tendo, por lei, que igualar os salários dos dois funcionários, qual será a mudança dos salários? O salário da mulher sobe, aumentando os custos da loja que já está com problemas por causa da crise? Ou o salário do homem cai, dando refresco para o patrão?

Lei estranha na hora mais estranha.

Abraços!

6 comentários:

Anônimo disse...

huuuummmmm..... ha' controversias. E' de longa data estudos que mostram - ate' mesmo especificamente para a economia americana - que mulheres que desempenham a mesma funcao ganham menos. E nao sao casos isolados, que possam ser explicados por "antiguidade no servico" ou coisa assim. E' um fato.
Lembre-se que por aqui o salario nao e' fixo pela funcao. Existe uma banda dentro da qual o salario varia - inclusive o aumento - e fica a cargo da chefia decidir onde o de determinado funcionario ficara'. E' possivel ter, portanto, 2 pessoas, na mesma funcao, com o mesmo tempo de servico, no mesmo local, e ganhando salarios diferentes.
Estudos estatisticos podem ser bem bons para controlar este tipo de variaveis, e eles nao sao isolados, mas bem consistentes em apontar que a uma tendencia para mulheres ganharem menos.

Acho que a opcao da lei ser uma das primeiras do governo tem, sim, seu lado de demagogia, de "acoes de causar impacto" assim como anunciar, como 1a medida, o fechamento de Guantanamo. Mas que o fato existe e a diferenca nao e' por criterios objetivos e nem "um pouco mais" (25% e' 1/4, nao e' "um pouco mais").

Vc. sabe bem que tenho birra da justificativa "sou preterida por ser mulher / indio/ minha pele ser roxa/ etc.". Acho, sim, que muitas vezes a pessoa se esconde atras desta desculpa para justificar uma qualidade inferior que e' real. Todavia, isto tudo colocado de lado, a diferenca salarial por genero puro e simples existe.

So' nao sei como isto sera' regulado no mercado de trabalho americano. Talvez apenas em casos como o que deu nome a lei (Lilly Ledbetter) que va' para a justica e consiga provar a diferenca. Mas nao creio ser viavel que "na lojinha" o cara precise fazer isto do inicio.
E' ver no que vai dar.

Angelo M Fasolo disse...

Onde foi que eu escrevi que discriminação não existe? Lógico que existe, não nego (li algo entre 20 a 30% de distância, dependendo do setor de atividade). Se não gostou do exemplo que eu dei para o homem estar ganhando mais, invente qualquer outro não relacionado com produtividade (quero que sejam trabalhadores iguais em produtividade) ou gênero (senão vira redundância e o exemplo não vale nada).

O que estou discutindo é por onde a diferença eventualmente será abatida em uma época de crise, assumindo que a lei efetivamente seja cumprida. Se eu tivesse uma lojinha, já saberia por onde fazer dinheiro com esta lei...

Anônimo disse...

"Se eu tivesse uma lojinha, já saberia por onde fazer dinheiro com esta lei..."
Isto pq tu es um arrogant bastard (http://dukeofhazard.blogspot.com/2008/12/arrogant-bastard.html), capitalista, safado, vendido pro Uzamericano!
hahahahahahahahahahahahahahaha

Fiquei, sim, com a impressao que vc. negava a discriminacao... mas pode ser por causa do meu pessimo humor hoje (culpa do meu marido que nao me deixou dormir roncando... briga com ele! hahahahahahaha)

Cláudio disse...

Vou fazer um questionamento sobre essa polêmica no meu site depois. Vou apresentar um dado muito interessante que "apimentará" a discussão.

Angelo M Fasolo disse...

Oi Cláudio,

Desculpe a demora para responder: como vc pode notar nos outros posts, a coisa por aqui anda um tanto corrida.

A respeito da discriminação entre homens e mulheres, antes de escrever eu fui buscar alguns dados e estudos, até para não sair falando bobagem. E um paper de 2008 (Mulligan e Rubinstein, QJE) justamente sugere o que tu escreveste no teu post: a redução da desigualdade de renda entre homens e mulheres ao longo dos últimos 30 anos ocorreu porque houve um AUMENTO da desigualdade entre as mulheres. Mulheres mais capacitadas começaram a ganhar mais, enquanto as "mulheres estúpidas continuam ganhando menos que homens e mulheres competentes" (tal como registrado no teu post).

Entretanto, e aí é que eu discordo um tanto do que tu escreveste, é que o estudo pega dados individuais ao longo do tempo, e controla os efeitos de produtividade, escolaridade, etc, além do gênero. E, mesmo depois destes controles, ainda existe um gap de 30% nos ganhos entre homens e mulheres (ver figura 3). Ou seja, quando eu comparo os "homens e mulheres competentes", ainda existe um diferencial importante entre salários. O diferencial tem caído, mas ainda existe.

Um abraço!

Cláudio disse...

Oi Angelo, repare que eu reconheço que há a discriminação:

"Veja bem, HÁ uma discriminação na maioria dos setores sim, mas num setor específico, por exemplo, isso não é verdade. Aliás, é exatamente o contrário. Se não há uma sistemática discriminação contra as mulheres em todos os setores é possível que haja motivos racionais para uma empresa atribuir menor valor ao trabalho de uma mulher."

Meu questionamento é se essa discriminação é motivada por preconceito de gênero ou por suposições racionais feitas na hora de decidir entre mulheres e homens. Por isso eu usei o exemplo das mulheres que recebem remunerações melhores que os homens assim como o exemplo da indústria pornô onde a discriminação é ao contrário.