maio 12, 2008

Hoochie Coochie Man

Quando a coisa começa a dar certo, dá nisto... Um minuto de auto-elogio, por favor!!!

Hoochie Coochie Man

Por Willie Dixon

Gypsy woman told my momma, before I was born
"You got a boy-child comin', gonna be a son-of-a-gun
Gonna make these pretty women, jump and shout
And the world will only know, a-what it's all about"

Y'know I'm here
Everybody knows I'm here
And I'm the hoochie-coochie man
Everybody knows I'm here

On the seventh hour, of the seventh day,
on the seventh month, the seventh doctor said:
"He's born for good luck, and I know you see";
Got seven hundred dollars, and don't you mess with me

Y'know I'm here
Everybody knows I'm here
And I'm the hoochie-coochie man
Everybody knows I'm here

I got a black cat bone, I got a mojo too
I got John the Conqueror, I'm gonna mess with you
I'm gonna make you, pretty girl, lead me by the hand
Then the world will know, the Hoochie-Coochie Man

Y'know I'm here
Everybody knows I'm here
And I'm the hoochie-coochie man
Everybody knows I'm here


Música disponível aqui.

Agora volta para o trabalho, vagabundo!

Abraços!

maio 10, 2008

London, London

Para a nova cidadã do mundo.

London, London

Caetano Veloso

I'm wandering round and round, nowhere to go
I'm lonely in London and London is lonely so
I cross the streets without fear
everybody keeps the way clear
I know, I know no one here to say hello
I know they keep the way clear
I am lonely in London without fear
I'm wandering round and round here nowhere to go

while in my eyes
go looking for flying saucers in the sky

oh Sunday, Monday, autumn pass by me
and people hurry on so peacefully
a group approaches a policeman
he seems so pleased to please them
it's good at least to live, and I agree
he seems so pleased, at least
and It's so good to live in peace
and Sunday, Monday, years, and I agree

while my eyes
go looking for flying saucers in the sky

I choose no face to look at, choose no way
I just happen to be here, and it's ok
green grass, blue eyes, grey sky, God bless
silent pain and happiness
I came around to say yes, and I say

but my eyes
go looking for flying saucers in the sky



Beijão para ti também, mana!

Abraços!

maio 07, 2008

Rush: De Novo!!!!

Está no calendário: 20 de julho, Charlotte. Ingressos já na mão. Grande evento de verão!

Abraços!

maio 04, 2008

O Ressurgimento do Camelo

"Há uma questão que a muito tempo me incomoda:
Qual será a vantagem de se ter uma ou duas corcovas?
O que iremos formular é somente um questionário:
Qual diferença haverá entre o dromedário e o camelo?
E entre o camelo e o dromedário?"


(Fromer, Bellotto, Reis e Miklos - "O Camelo e o Dromedário")

Talvez em um delírio típico dos anos 80, os Titãs já se perguntavam sobre as características destes animais em vias de extinção. Pois quem disse que o preço alto do petróleo não serve para alguma coisa? Saiu no Financial Times:
clipped from www.ft.com
As the cost of running gas-guzzling tractors soars, even-toed ungulates are making a comeback, raising hopes that a
fall in the population of the desert state’s signature animal can be reversed.
“It’s excellent for the camel population if the price of oil continues to go up because demand for camels will also go up,” says Ilse Köhler-Rollefson of the League for Pastoral Peoples and Endogenous Livestock Development. “Two years ago, a camel cost little more than a goat, which is nothing. The price has since trebled.”
 blog it

Vejam a grande análise econométrica possível: a substitutibilidade entre tratores e camelos na agricultura do Rajasthan. Já vejo sistemas de equações estimados tendo o preço do petróleo como variável explicativa da demanda por camelos no interior da Índia.

Também merece uma menção a sutileza da taxa de câmbio estabelecida pelo entrevistado: um camelo valia um pouco mais que um bode!!!! E agora, notem a tendência de apreciação da mercadoria, um camelo vale cerca de três bodes ("The price has since trebled.")!!! Para que eu vou gastar meu dinheiro aplicando em Reais contra o Dólar: o grande negócio do mundo é comprar camelos no interior da Índia!

Espero que este "boom" esperado na reprodução dos camelos resulte em alguns exemplares para os zoológicos. Seria muito mais útil do que o espaço gasto em um jornal como o FT.

Este doutorado ainda me mata.

Abraços!

maio 01, 2008

Mensagem ao Sr. Presidente

"O que é importante é que não é o real que está se valorizando diante do dólar, o que é importante é que o dólar está se desvalorizando diante de todas as moedas do mundo. (...) Eu até brincava, outro dia, qual é a agência que está medindo o risco americano? Porque com a crise do suprime que, na verdade, não passa de uma dívida imobiliária, ninguém mediu risco o americano, o FMI não foi lá dar um único palpite na economia americana. E o que nós recebemos agora é apenas o aval de que nós passamos a ser donos do nosso nariz em determinarmos as políticas que acharmos convenientes para o Brasil."


Presidente,

Com todo o respeito que o seu cargo merece, e que os seus assessores também merecem, vou me conceder uma pequena liberdade. Sei que o Estado brasileiro paga pelos meus estudos aqui, em troca de quatro anos de serviços e pesquisas junto ao Banco Central do Brasil - ao que sou muito grato - mas têm certas coisas que eu acredito que meus colegas de serviço público não estão fazendo direito. E por não fazerem direito é que me concedo a liberdade de gastar parte do meu tempo aqui para lhe explicar alguns conceitos e falar um pouco de história. Eu sei que o senhor pode achar o tema chato, mas mais chato ainda, como cidadão, é ver um representante do povo mal assessorado.

Presidente, o "risco-Estados Unidos", mencionado em seu discurso nas Alagoas, por conceito, é igual a ZERO. Pretendo, primeiro, explicar a convenção, e depois tratar dos motivos que levam a esta convenção. Tratando do primeiro ponto (o conceito), o risco de um país é medido através da diferença entre as taxas de juros reais do país e uma taxa de juros real que possua risco de calote, "default", igual a zero. E aqui vem a convenção: os economistas adotam, como taxa de juros sem risco de calote, a taxa de juros dos Estados Unidos. Logo, o "risco-Estados Unidos" corresponde à taxa de juros dos Estados Unidos subtraída da taxa de juros dos Estados Unidos! Se minha matemática não falha, esta conta é igual a ZERO, como afirmei no começo do parágrafo.

Agora, um pouco de história. Por que os economistas escolheram os juros americanos como medida de taxa de juros sem risco de calote? Presidente, eu sei que isto lhe parece estranho, mas recessões e crises fazem parte de países capitalistas. Muitos assessores seus (não os do Estado, mas aqueles que lhe acompanham faz tempo) dizem, a cada recessão daqui, que o fim do capitalismo está próximo, pois os Estados Unidos darão um grande calote no resto do mundo (se o senhor tiver tempo, pode ler o meu comentário sobre isto aqui). Entretanto, os Estados Unidos nunca "pediram auditoria na dívida externa", nem "propuseram plebiscito sobre o pagamento do acordo com credores", entre outras medidas "alternativas" diante de uma recessão.

Por que estas medidas não prosperaram por aqui? Fico com a opinião de um ex-professor daqui com nome famoso, que em sala de aula declarou: "A coisa mais importante que os fundadores da república fizeram neste país ao escrever a Constituição não foi este monte de bobagens sobre liberdades e direitos civis. A coisa mais importante escrita na Constituição Americana foi a obrigação do governo americano em pagar todas as dívidas das colônias junto à Inglaterra. Por isto os Estados Unidos não são..." E aí ele desandou a falar impropérios não publicáveis a respeito de certas economias ao sul do Equador.

A despeito de sua incontinência verbal, meu professor levantou um ponto importante: se um novo país estava sendo constituído a partir daquela Constituição, por que as dívidas de cada membro que forma o novo Estado deveria ser reconhecida? De fato, existia uma pressão muito forte por parte dos industriais do novo país em usar os recursos emprestados pela Inglaterra para satisfazer suas necessidades sem precisar efetuar o pagamento em retorno. Aí veio o Artigo Sexto da Constituição Americana:

clipped from www.law.cornell.edu
All debts contracted and engagements entered into, before the adoption of this Constitution, shall be as valid against the United States under this Constitution, as under the Confederation.
 blog it

Ops, desculpe, Presidente: faço a tradução. "Todas as dívidas contraídas e compromissos firmados, antes da adoção desta Constituição, devem ser válidos contra os Estados Unidos sob esta Constituição, tal como sob a Confederação". Acho que não é possível ser mais claro, não é?

Agora, comparemos com o histórico de um país hipotético, localizado ao sul do Equador, ainda na América. Este país possui um brilhante economista que resolve documentar o seu histórico do endividamento externo nos dez primeiros anos a partir da fundação da República. O que ele encontra como primeira medida do novo governo republicano? Calote. Outros economistas resolvem fazer estudos sobre este país hipotético e constatam que o país hipotético deu calote, só na dívida externa, SETE vezes em espaço de 175 anos. Note que o número se refere apenas à dívida externa: se verificarmos que também existem calotes da dívida interna, este número sobe mais um pouco.

Assim, Presidente, trazendo de novo para o mundo real, se o senhor tivesse um dinheirinho sobrando, onde aplicaria? Em um país cuja a lei o obrigou a cumprir todos os seus contratos desde o seu nascimento, ou no nosso país hipotético, onde mudanças costumam gerar comportamentos "revolucionários" por parte dos novos ocupantes do palácio de governo? Acho que a resposta é óbvia, não? Não? (Presidente, acorde, Presidente!!! Eu sei que não estou falando do Corinthians, mas estou me esforçando nas metáforas, Presidente! Obrigado!)

Por isto, Sr. Presidente, não fale mais em "risco-Estados Unidos": além de uma bobag..., ops, um erro pela falta de informação dos seus assessores, isto só reflete um recalque diante da história de um país que deu certo. Espero que seus assessores sejam mais cuidadosos ao preparar seus discursos. Fico envergonhado ao ver o senhor falando estas coisas, seja pelos seus assessores (que não lhe explicam estes detalhes), seja como contribuinte (que exige que o senhor seja bem assessorado para não fazer papel de bobo).

Grato pela atenção, e desculpe tomar-lhe o tempo.

Abraços!

Grandes Momentos do Investment Grade

Fazer as coisas da forma correta costumam dar bons resultados. Também deixar de fazer coisas erradas ajuda a não fazer coisas erradas. Nesta semana, todo mundo sabe, o Brasil passou as ser considerado "investment grade" pela agência Standard & Poors. De acordo com a diretora da agência, "a política econômica pragmática do Brasil indica que o País tem uma perspectiva de crescimento mais forte no futuro e que deve ser sustentável". Além disso, de acordo com a matéria do Estadão:

Lisa afirmou que acredita que a política econômica desenvolvida pela administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve continuar no longo prazo. Tal política é sustentada pelo regime de metas de inflação, austeridade fiscal e câmbio flutuante. "Essa ação do governo gera as bases para mitigar o tamanho da dívida pública em relação ao PIB no Brasil, que é maior do que em outros países que já são investment grade", disse.


Vamos, então, aos depoimentos de atores fundamentais para a obtenção de tamanho reconhecimento dos mercados:

— "Vou citar cinco diretrizes programáticas, sobre as quais há um razoável grau de consenso na frente e das quais emergirão decisões técnicas, de governo, quando governarmos: 1) redução drástica das importações supérfluas e predatórias, com o impulsionamento da produção de máquinas e equipamentos, para privilegiar a criação de um mercado interno de massas; 2) renegociação e reescalonamento da dívida pública, interna e externa, combinando essas ações com a denúncia do acordo atual com o FMI; 3) reforço do sistema financeiro público e adoção de um circuito de crédito, por fora do sistema bancário tradicional, para estimular novas empresas e proporcionar a qualificação tecnológica das pequenas e médias empresas já existentes; 4) reforma agrária e política agrícola, que combinem a produção de alimentos para o mercado interno com uma agricultura mais competitiva (e protegida, como fazem os EUA e a França) para disputar o mercado externo; 5) reforma fiscal e tributária para adotar forte progressividade e também acabar com a guerra fiscal e simplificar o sistema." (Tarso Genro - Folha de São Paulo - 14/09/1999)

— "Nunca houve uma palavra minha contra o Copom. O Copom é um órgão eminentemente técnico. A única coisa que eu falo é que a decisão não é técnica, é política. Por quê? Porque, por princípio, responsabilidade não se transfere. Você pode delegar autoridade a um ministro e ao Copom, mas não lhes transfere a responsabilidade pelos resultados." (José de Alencar - Folha Online - 15/12/2005)

— "Esse instrumento é danoso para a nossa economia. É responsável pelo fato de estarmos gritando aqui ou nas casas onde não há pão. E precisamos crescer e reduzir esses juros a um patamar de padrão internacional. Estamos pagando dez vezes a taxa média básica real do mundo. Dez vezes. Isso é um crime." (Ainda José de Alencar, sobre os juros no Brasil - Folha Online - 15/12/2005)

— "Essas taxas de juros elevadas, despropositadas, têm contribuído para esse câmbio, que é um câmbio burro, que prejudica a economia brasileira, prejudica a capacidade competitiva da indústria nacional, porque ele está errado". (Mais José de Alencar, Folha Online - 28/11/2005)

— "As políticas monetária e cambial são restritivas, e a TJLP não estimula o investimento". (Guido Mantega, então presidente do BNDES - 26/11/2005)

— "Esses bancos de investimentos têm se equivocado com frequência e orientado mal seus clientes. Antes da crise argentina, o risco daquele país, na avaliação deles, era menor que o do Brasil, o que se provou errado." (Guido Mantega, então professor da FGV/SP e assessor do PT - Folha Online - 30/04/2002)

— "O Morgan Stanley era o banco ao qual pertencia o Francisco Gros [ex-presidente da Petrobras e ex-presidente do BNDES, na gestão tucana], por exemplo. Esses bancos costumam mais é especular e ganhar dinheiro com suas avaliações, como ocorreu recentemente com as taxas de juros." (Aloízio Mercadante - Folha Online - 30/04/2002)

— "O trabalho do ex-ministro Palocci e do Meirelles foi fundamental para o país. Nós não estaríamos podendo debater crescimento econômico hoje se não tivesse feito ajuste fiscal severo, reforma previdenciária e tributária. Só que, daqui para frente, nós não temos que continuar aumentado superávit primário, temos que fazer ajuste fiscal para aumentar o investimento público." (Aloízio Mercadante - Folha Online - 10/11/2006)

— "Se nós queremos migrar para uma economia saudável, precisamos necessariamente focar o nosso futuro na redução da relação dívida/PIB, mesmo que isso signifique meta de inflação um pouco menos apertada." (Ricardo Berzoini - Folha Online - 18/02/2005)

E teriam muitas outras declarações deste nível. Às vezes, deixar de fazer a coisa errada é a melhor solução para os problemas.

Abraços!

abril 30, 2008

Novidade

Olha aí, pessoal: na barra direita do blog, um aplicativo para ouvir uma pequena seleção musical minha. Prometo mantê-la mais atualizada que o blog... rsrsrsr

Abraços!

abril 29, 2008

Chatice

Já que me cobraram uma opinião sobre futebol, segue.

Alguém assistiu Barcelona e Manchester United hoje à tarde? Não sei se é o fato de não ver futebol a muito tempo, mas achei o jogo uma das coisas mais chatas já transmitidas pela televisão nos últimos tempos! Excetuando os últimos três minutos de jogo, com a (quase) pressão do Barcelona, o resto foi uma dor de assistir.

Abraços!

abril 24, 2008

Novas Aquisições

Pacote da Amazon chegou hoje, e isto é sempre uma boa notícia. Duas aquisições:

1) Do show que fomos assistir no ano passado, o álbum ao vivo: Rush, no cd da turnê Snakes and Arrows de 2007. Grande pedida, complemento para a coleção, além das versões ao vivo de músicas mais antigas (Witch Hunt, Circumstances, entre outras).


2) Definido na capa como uma "monografia", o novo livro do Galí, "Monetary Policy, Inflation, and the Business Cycle" é um excelente guia para estudo de política monetária. Linguagem menos rebuscada que o Woodford, mas com certeza um livro muito completo nos fundamentos dos modelos com sticky-prices. Também explora muito as comparações entre função de impulso-resposta a cada evolução do modelo básico, além de questões de bem estar no uso de regras de política monetária. Um "must have", com certeza.



Abraços!

Mais "Haroldo Oficioso"

Mais uma vez,texto excelente do Sérgio Malbergier, Editor de Economia da Folha. Quando falo de instituições de Estado, ele dá um bom resumo das consequências do que pode dar errado.

Abraços!

abril 19, 2008

China vs Tibet em Duke

Já escrevi uma vez, creio, que o condomínio onde moro é chamado, ironicamente, de Chinatown, devido à quantidade de famílias orientais que moram por aqui. Os chineses daqui possuem uma noção muito particular de propriedade no que diz respeito ao espaço compartilhado do condomínio. Exemplo do que digo, é normal ver brinquedos infantis, poltronas velhas e instrumentos de trabalho jogados no pátio do condomínio. Como as crianças chinesas compartilham os brinquedos, os pais se dão o direito de mantê-los à disposição de todos, à vista de todos, mesmo que esteja na área comum. Da mesma forma, as poltronas velhas, como são ocupadas pelos idosos para suas conversas, ficam em áreas que deveriam ser de livre trânsito dos moradores. Outro exemplo são as hortas cultivadas pelos idosos nos fundos da casa. Christiane odeia isto, mas um pedaço do nosso jardim foi ocupado por nosso vizinho para a sua horta de tempero verde e salsinha. Eu não reclamo: não cuido, não tenho tempo para cuidar do jardim. Entretanto, sim, me sinto atingido, pois, afinal, é um espaço a que tenho direito por estar alugando a casa.

Toda esta longa introdução serve para contar um episódio que ainda dá o que falar por aqui. No dia dos protestos contra a passagem da tocha olímpica por São Francisco, um grupo de estudantes de Duke resolveu organizar um protesto contra a violação dos direitos humanos no Tibet. Ao saber do protesto, a Associação de Estudantes Chineses da universidade organizou um movimento a ser realizado na mesma hora, no mesmo local (em frente à igreja da universidade) e com um número muito maior de participantes, buscando, nas palavras de um dos seus organizadores, "expressar o desacordo quanto às intenções de misturar política com Olimpíadas e boicotar as Olimpíadas de Beijing com base em desculpas políticas baseadas em fatos distorcidos".

Sinceramente, não me incomoda o fato de existir um protesto pró-China, um protesto pró-Tibet, ou qualquer protesto. De fato, não dou a menor importância para a questão China-Tibet, outros assuntos me interessam mais. Agora, a reação dos chineses ao protesto me incomodou, não por ter sido feita, mas por se sobrepor à manifestação em uma área pública que havia sido originalmente reservada para isto. Os gritos de "liars, liars" e a sobreposição de bandeiras, por mais que argumentem o contrário, eram uma forma agressiva de mostrar o seu ponto de vista: se sou contra uma posição, por que tenho que impedir meu oponente de falar?

E aqui volto ao ponto do comportamento chinês em áreas comuns: a despeito da área em frente à igreja da universidade ser pública, ela tinha sido reservada pelos protestantes pró-Tibet para aquele dia, aquele horário. Da mesma forma que uma área da minha residência foi ocupada para que uma horta fosse plantada (possivelmente, os meus vizinhos idosos não concordam com o uso que dou para a terra), colegas chineses invadiram uma área reservada (a partir do instante em que foi reservada, o ato caracteriza uma invasão) para que o ato fosse abafado. Mais do que isto, notícias dão conta que uma das garotas chinesas que participou do protesto apoiando o lado tibetano sofreu ameaças, e sua família teve a casa atacada por vândalos em função de sua participação nos protestos. De acordo com notícias, em diversos fóruns de chineses, a garota é tratada como traidora, vigarista e alguém apenas interessada em obter um green-card.

A reação dos chineses já foi comparada, em algum fórum de discussão, a crianças que nunca comeram doce e que, subitamente, encontram 100 dólares em seu bolso no meio de uma fábrica de chocolates. Ter a chance de expressar as suas opiniões contra ou a favor do Tibet sem sofrer pressões em contrário parece afetar o julgamento a respeito de reações apropriadas quando as opiniões são confrontadas. Tivessem organizado uma manifestação para o dia seguinte, ou mesmo para a hora imediatamente após o final do protesto pró-Tibet, e a reação não teria sido tão contestada como está sendo.

Por fim, devo começar a considerar o cultivo de alguma coisa no quintal da minha casa.

Abraços!

abril 16, 2008

A Preferência Por Jiló

Fechada a pesquisa, quero acreditar que os meus DEZ leitores (alguém deve ter aparecido por aqui por engano, só pode ser isto) possuem preferências estritas A FAVOR do consumo de jiló. Só isto para justificar a vitória sólida da opção contra os palpites econômicos da sra. MCT.

Qualquer dia desses, nova pesquisa no ar.

Abraços!

abril 15, 2008

"Haroldo Oficioso" Ataca Novamente

Eba! A coisa está ficando legal: quanto mais o sr. Haroldo Lima, Diretor-Presidente da ANP fala, mais ele se enrola. Desta vez, Haroldo, aquele que usou dados "oficiosos" da Petrobrás para fazer declarações sobre o campo de petróleo, resolveu se justificar. E aí veio a pérola:
"Não fiz anúncio de nada. Eu sou autoridade, não sou subordinado à Comissão de Valores Mobiliários. Sou membro do governo e estava falando para um público especializado"
blog it

E aqui fica evidente a confusão muito presente, no Brasil, entre Governo e Estado. Vamos para o exemplo mais simples: toda a vez que publicamos um artigo na série de Working Papers do Banco Central, sai um aviso, de todo o tamanho, dizendo que "As opiniões expressas neste trabalho são exclusivamente do(s) autor(es) e não refletem, necessariamente, a visão do Banco Central do Brasil". Por que é feito isto? Porque o trabalho, a despeito de ter sido produzido durante o Governo do Presidente A, B ou C, é um trabalho gerado para o Estado brasileiro: o Presidente (da República, do Banco Central, da Petrobrás, ou do órgao do Governo que seja) passa, mas o trabalho fica.

Qual a confusão que faz "Haroldo Oficioso"? Ao dizer que "é membro do Governo", ele coloca uma agência reguladora no mesmo nível do governante do momento, quando, na verdade, ela se encontra acima, em termos da execução de políticas de Estado (aquelas que o Governo do turno não consegue alterar com facilidade). Quando o "Haroldo Oficioso" falou aquilo, ele estava representando o Estado brasileiro: sendo Lula, Fernando Henrique, Collor, Sarney, o Diabo-que-me-carregue o Presidente da República, a informação divulgada por ele é uma informação de Estado. O que ele fez é o equivalente a um artigo do Banco Central que saísse, por exemplo, em meu nome, escrito a partir de informações que apenas eu teria acesso como funcionário do Banco Central. E, pior, que fosse dito que a crítica era ao Governo de Fulano ou Cicrano.

Para simplificar, mais uma vez, a confusão entre Governo e Estado no Brasil, pergunto: ao se colocar como "membro do Governo", quando Lula encerrar o seu mandato, "Haroldo Oficioso" vai pedir o boné também? Não deveria, por princípio, mas acredito que vá.

Abraços!

abril 14, 2008

O Comunista e o "Oficioso"

Li a notícia que o diretor geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) deu declarações sobre pesquisas de um campo de petróleo no Rio de Janeiro: o campo Carioca pode ser um dos três maiores campos do mundo, e a exploração preliminar e pesquisas estão a cargo da Petrobrás, British Gas e Repsol. No instante da declaração, as ações das empresas, negociadas tanto em seus países quanto no mercado americano, dispararam, fechando o dia em forte alta. Ao ler apenas as manchetes, achei que fosse um anúncio programado, ou mesmo feito com base em dados que as empresas oferecessem garantias para a agência reguladora.

Entretanto, outras notícias me chamaram a atenção, em especial as notícias com opinião da CVM e do Ministro do Planejamento criticando a divulgação dos dados. Lendo as informações, descubro que o senhor Haroldo Lima, com base em informações "oficiosas" (expressão utilizada na justificativa publicada pela ANP), resolveu falar sobre o tamanho do campo de petróleo, fazendo uso de informações preliminares que a Petrobrás teria coletado no campo. Ao falar, com base em informações "oficiosas", o senhor diretor tornou a ação da Petrobrás uma das 30 mais negociadas no pregão americano naquele dia.

Mas, afinal, qual o problema da declaração? Companhias abertas possuem certas regras para a divulgação de informações importantes. Operar no possível terceiro maior campo de petróleo do mundo é uma informação relevante. Entre as regras, é praxe que as companhias esperem pelo fechamento do mercado para divulgar informações relevantes, e informações com credibilidade. O que o diretor da ANP fez, com poucas palavras, foi movimentar bilhões de dólares em mercados de todo o mundo, com informações "oficiosas". Ou seja, se as informações "oficiosas" não se confirmarem, quem vendeu as ações agora que o preço estava alto faturou um bom dinheiro no mercado.

E quem é o diretor? Procurei alguma informação técnica relevante sobre o senhor Haroldo Lima em seu currículo no site da ANP. O incrível: eu não consegui saber muito mais além do fato que ele foi presidente do Diretório Acadêmico de sua universidade, da União dos Estudantes da Bahia, que ele fugiu da ditadura, que em algum momento de 1967, "sentindo que iria ser preso, Haroldo Lima decidiu entrar na clandestinidade" (sim, isto está no seu currículo). Além disso, o senhor Haroldo Lima participou da campanha das Diretas Já, pelo MDB, elegendo-se deputado federal. Assim que o partido sai da clandestinidade, ele se filia ao PC do B. Ainda em seu currículo, consta que as suas publicações relevantes estão na área de "assuntos de política nacional", além de "assuntos de petróleo, de águas, de direitos humanos e de história brasileira."

Esperando que, finalmente, aparecesse alguma informação técnica sobre as suas publicações, sua biografia na Wikipedia mostra que foi candidato a senador derrotado em 2002, recebendo depois a indicação do presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva para o cargo de presidente da ANP. Que coincidência, né? E é este revolucionário que provocou uma movimentação incrível no mercado acionário mundial. Com tamanha credencial técnica, nada além do esperado.

Abraços!

Macumba Made in USA

Estádio novo em construção, e uma denúncia anônima é confirmada: existe uma camiseta do time rival enterrada em algum ponto do estádio. Se fosse na Bahia, talvez em Pelotas (onde o Candomblé é muito forte), talvez se entendesse a história. Mas em NY???

Eu creio que o máximo que se chegou em termos de superstição em estádios por aqui é a chamada "Maldição do Bambino", onde os torcedores do Yankees, time que está construindo o novo estádio, tiravam sarro dos fãs do Red Sox dizendo que seu time tremia nas finais em função de uma maldição rogada por Babe Ruth, um dos maiores de todos os tempos, ainda nos anos 20, ao ser negociado do time de Boston para o time de NY.

Pelo visto, os torcedores de Boston resolveram tentar algum troco sobrenatural sobre o rival.

Abraços!

abril 13, 2008

O Grande Esquecimento

Tinha alguma coisa para falar sobre este artigo... mas esqueci.

Abraços!

Bandeira

Bandeira

Autor: Zeca Baleiro

Eu não quero ver você cuspindo ódio
Eu não quero ver você fumando ópio, pra sarar a dor
Eu não quero ver você chorar veneno
Não quero beber o teu café pequeno
Eu não quero isso seja lá o que isso for
Eu não quero aquele
Eu não quero aquilo
Peixe na boca do crocodilo
Braço da Vênus de Milo acenando, tchau

Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro, se bem me lembro
O melhor futuro este hoje escuro
O maior desejo da boca é o beijo
Eu não quero ter o Tejo escorrendo das mãos
Quero a Guanabara, quero o Rio Nilo
Quero tudo ter, estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo água e sal

Nada tenho vez em quando tudo
Tudo quero mais ou menos quanto
Vida vida, noves fora, zero
Quero viver, quero ouvir, quero ver
(Se é assim quero sim, acho que vim pra te ver)

abril 07, 2008

Tiger Woods e Incentivos Adversos

Um estudo que apareceu na tv por aqui chamou muito a atenção, e os resultados são interessantíssimos para quem se interessa pelo papel dos incentivos na organização e desempenho econômico individual (alô Shikida!!!!). Jennifer Brown, estudante de doutorado de Berkley, comparou e mediu, com uma econometria até bem básica (quem disse que econometria avançada é condição indispensável para testar hipóteses mais complexas?) o efeito da presença de um competidor de desempenho esperado muito acima da média entre os demais. O caso não poderia ter sido melhor: Brown constata que o desempenho médio de jogadores de golfe de elite é significativamente piorado quando Tiger Woods está presente nas competições.

Por que o exemplo é bom? Três motivos básicos:

1) Desempenho em golfe é facilmente mensurável: o desempenho de um jogador é medido através do número de tacadas que o jogador gastou para fazer todo o percurso. Como as exigências em termos de número de tacadas para cada jogador é a mesma, a comparação entre jogadores é óbvia. Além disso, tal como no tênis, a premiação é feita por torneio a partir da colocação. Ou seja, avaliar o ganho esperado é bem mais fácil, porque mensurável.

2) O desempenho de um jogador não é condicionado às ações dos outros: fazer a mesma comparação em outros esportes não avalia, exatamente, o desempenho e o esforço individual, já que o desempenho dos seus adversários pode anular o seu esforço. Exemplo disso é o basquete: alguém poderia argumentar que o mesmo estudo poderia ser repetido nos jogos em que Michael Jordan esteve na quadra. O problema é que, com ele em quadra, a exigência em termos de esforço individual para produzir os mesmos números é muito maior, não apenas por ele jogar muito bem no ataque, mas por ser um excelente marcador. Assim, um jogador que, sem ele na quadra, fazia em média 20 pontos por partida, poderia fazer 15 pontos e sair satisfeito, se ele impedisse que Jordan fizesse os seus 30 pontos de média. No golfe, não existe esta interação: Tiger Woods não vai acertar uma tacada na cabeça de um jogador que o ameace no torneio.

3) Tiger Woods é o cara: talvez em nenhum esporte um jogador foi tão dominante quanto Tiger Woods está sendo para o golfe. Qualquer comparação, tanto entre seus pares atuais, quanto ao longo do tempo, favorece o fenômeno. No basquete, existe sempre a discussão sobre o quanto os outros times eram mais fracos a ponto de constituir o fenômeno Michael Jordan; no futebol, Pelé foi um fenômeno, mas em uma época que a preparação física não era exigida dos jogadores; no futebol americano, Peyton Manning e Tom Brady estão quebrando sucessivos recordes até então inimagináveis (número de touchdowns por temporada, número de jardas passadas, etc), e ainda existe o debate sobre quem é o melhor. No golfe, é Tiger Woods e o resto. Ponto.

Qual a explicação para o desempenho inferior dos demais jogadores de elite quanto Tiger Woods está no campeonato? A autora se concentra na questão da premiação esperada. Fatores como maior número de jogadas de risco para tentar atingir o nível de Tiger são facilmente controláveis em análise de regressão. Além disso, outros fatores que interferem em um campeonato, como condições do tempo, também são controlados.

Em que o estudo é útil? Imagine que você coordene uma equipe de funcionários, e resolva implementar um esquema de premiação por desempenho para sua equipe. O resultado é sempre positivo? A resposta é um sonoro "DEPENDE". Se a premiação levar em conta a heterogeneidade da qualidade da equipe, os resultados podem ser bons. Senão, as chances pequenas de atingir a maior premiação podem desmotivar toda a equipe e sobrecarregar o seu melhor funcionário.

Abraço!

abril 01, 2008

Capitão Nascimento no Fed

O repórter da Folha deve ter assistido "Tropa de Elite" recentemente. Só isto justifica o trecho da reportagem descrevendo a nova estrutura de fiscalização do sistema bancário americano:

"Pelo apresentado na manhã de ontem em Washington pelo secretário Henry Paulson Jr., o Fed ganha poderes para regular também outras áreas financeiras que não só bancos comerciais, como bancos de investimento e financeiras. Além disso, o órgão presidido por Ben Bernanke contaria com uma espécie de "polícia financeira" -agentes de elite que seriam enviados a investigar bancos cuja situação possa representar riscos ao sistema financeiro."


Eu e Chris até imaginamos o diálogo:

— E aí, banqueiro de merda, o senhor vai me contar onde está aquele subprime vagabundo?

— Eu não sei de subprime nenhum, não senhor...

— Onde foi que tu escondeu a merda da hipoteca, senhor banqueirozinho? O senhor vai falar?

— Eu não sei de hipoteca nenhuma, Capitão Bernanke...

— Como não sabe de hipoteca nenhuma???!!! Acha que eu não sei daquele mexicano pé-rapado que recebeu empréstimo para comprar casa para as próximas 8 gerações???

— Eu não estive com mexican...

— Ah, não teve com mexicano? O senhor sabe voar, senhor banqueiro? Sabe voar, banqueirozinho de merda? 02, traz o vagabundo para cá!!!

— Mas senhor...

— O senhor está vendo esta papelada podre em cima da sua mesa??? O senhor está vendo? Quem foi que espalhou esta porcaria no mercado?

— Eu não sei, senh...

— QUEM FOI QUE ESPALHOU ESTA PORRA DE CRÉDITO PODRE NO MERCADO?!??!??!

— Eu não sei...

— FALA, VAGABUNDO, QUEM FOI QUE ESPALHOU ESTA MERDA NO MERCADO?!?!?!?

— Foram vocês, que mantiveram os juros baixos por muito tempo, na época do Greenspan...

— Um de vocês, o caralho!!! Um de vocês, o caralho!!! O senhor é um moleque, senhor banqueiro!!! Um moleque!!! O senhor faz esta merda de pacote de crédito, espalha seu risco por todo o mercado, aí nós temos que subir a Wall Street prá corrigir a cagada que vocês fizeram! FOI VOCÊ QUE CRIOU ESTA MERDA, FOI VOCÊ!!!

— Mas capitão...

— Teu lugar não é aqui em Wall Street, banqueirozinho de merda, teu lugar não é aqui, não. Pede prá sair, pede prá sair, criador subprime de merda!!!! Teu lugar é operando título de dívida externa de país de terceiro mundo!!! Teu lugar é em coluna econômica de jornalzinho fuleiro dizendo que a moeda tá apreciada!!! PEDE PRÁ SAIR, VAGABUNDO!!!!

— Capitão Bernanke, e o meu bônus de fim de ano?

— 02, traz o saco.