novembro 15, 2008

"Show me Money", "Dog House", Fim de Página: NYT

A matéria do NYT sobre a reunião do G-20 em Washington serviu para mostrar o quão desigual ainda é a pauta dos países envolvidos na crise, e a pouca possibilidade de gerar uma "solução comum", "regulação global", e outras pirotecnias tão presentes (e supostamente eficientes) no noticiário brasileiro quanto o emplastro Brás Cubas.

A despeito da declaração conjunta do grupo, o NYT destaca que qualquer solução vai, necessariamente, passar pela posse de Obama na Casa Branca. Mais do que isto, a matéria também se mostra cética, à la Thomas Friedman, quanto à soluções que o futuro governo americano possa implementar sozinho. E este parágrafo deixa claro a noção "show me the money" que o colunista já expôs durante a semana:


clipped from www.nytimes.com
Though the proposals were cast as ambitious reform, they mainly reflected steps that the countries were already undertaking. What remained to be seen was whether, working with a new White House, they will cast aside their political and economic differences to come up with dramatic changes.
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Ou seja, muito bonito cobrar a solução americana, mas na hora de sentar com o novo governo para propor um ajuste conjunto, o tom da conversa deve mudar significativamente. Propor "harmonização dos padrões de contabilidade", para que a informação entre países seja mais transparente, é fácil. Duro, mesmo, vai ser quando Obama não abrir mão de posições pró-mercado (e a presença de Larry Summers e Timothy Geithner na equipe do novo governo me leva a crer nisto), e tiver que bater de frente com presidentes como Sarkozy (um francês, como sempre!).

Também interessante, não poderia deixar de ser, o papelão argentino na reunião, onde o grande destaque dado pela matéria foi na estatização dos fundos de pensão do país. Seguindo a linha de um blogueiro do Brasil, o governo argentino foi, literalmente, colocado na "dog house" dos investidores internacionais (e o pior, tem quem ache bom isto, seja por lá, seja no Brasil...):


clipped from www.nytimes.com
Argentina, meanwhile, announced it would nationalize $26 billion of private pension funds, raising fears that the government was short on cash and putting Mrs. Kirchner into an economic dog house with foreign investors, who are pulling their money out of the country.
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Por fim, para os deslumbrados com o "novo papel" que "nossoguia" exercita na política externa, o final da matéria chega como uma ducha de água fria: dizer que "para quem clama por um assento no encontro de verão, apenas estar por aqui já era uma vitória" é uma baita sacanagem!!!

(se não entenderam a última frase, a parte do "baita sacanagem" é uma ironia, tá?)

Abraços!

2 comentários:

Anônimo disse...

Não que seja bom, entretanto muitas vezes para subir um degrau temos que descer dois para pegar impulso..quem sabe depois dessa, nossos hemanos nao aprendem?

Abraço

Angelo M Fasolo disse...

O problema é que eu acho que nem eles mais acreditam em "aprender algo": amigos meus, argentinos, estão muito desanimados. Também, o histórico não ajuda: Menem, de la Rúa, um grupo, depois Duhalde e o casal Kirchner... dá para ficar desanimado.

Abraço, e obrigado pela visita!