dezembro 31, 2006

Do Ano

Passou mais um ano...

Um ano de mais surpresas que rotinas.

Um ano de mais avanços que retrocessos.

Um ano de mais novidades, ainda que algumas velhacarias tenham nos assombrado.

Um ano de mais desafios que comodidades.

Um ano de mais vitórias que de derrotas.

Um ano de mais mudanças que de continuidade.

Um ano de mais dinâmica, onde ficar estático poderia ser fatal.

Um ano de mais gritos, ainda que o silêncio pudesse falar muito.

Um ano de mais gente nova, mesmo com a eterna presença de quem já conhecíamos.

Um ano demais!

Que 2007 guarde a todos as mesmas emoções que o último ano nos reservou, e que as tritezas e amarguras sejam apenas um ponto perdido no passado!

Abraço a todos, e feliz 2007!

dezembro 28, 2006

Declaração

Eu, Angelo Marsiglia Fasolo, funcionário do Banco Central do Brasil, SOU CONTRA A INDICAÇÃO DE NOMES PETISTAS PARA O BC!!! Infelizmente, no Brasil, "quadros partidários" não equivalem a "quadros competentes" para funções técnicas. Vide ANAC.

Abraços!

P.S.: E depois ainda me perguntam por que eu não faço parte de sindicatos do Banco. Humpf!

dezembro 27, 2006

O Esporte É Fantasia, Mas o Dinheiro...

Quantas vezes na vida você já se imaginou dirigindo o próprio time de futebol, comprando e vendendo jogadores no início da temporada e tirando sarro dos outros donos de times à medida que a temporada avança. Em alguns casos, garanto, existiriam times que nunca teriam ido para a segunda divisão... Pois bem, além dos jogos para computador onde é possível montar o próprio time, a grande febre aqui nos Estados Unidos é esta aqui. A receita básica da diversão é a seguinte:

1) junte um grupo de amigos.

2) façam o cadastro em algum website que organize as ligas (alguns dos mais conhecidos são este, este e este).

3) escolham as regras da liga. Deve ser selecionado um presidente da liga, responsável pela organização do torneio e cadastro dos participantes. É possível escolher, também, quais as estatísticas relevantes para avaliação dos jogadores (pontos marcados, erros cometidos, minutos jogados, por exemplo).

4) marquem a data para o draft, onde a seleção inicial dos jogadores é feita de acordo com as regras das ligas reais. No caso, é possível contar com a sorte, e deixar o site organizador escolher os jogadores a partir de um ranking prévio que você tenha montado, ou acompanhar passo a passo a seleção de jogadores, escolhendo a cada rodada o seu preferido.

5) torcer para que os jogadores que formam o seu time tenham bom desempenho nos jogos.

A "brincadeira" tomou proporções tão sérias que já existe a Associação das Indústrias de Fantasy Sports e a Associação dos Jornalistas de Fantasy Sports. Tudo isto porque já se falam em valores na casa de alguns bilhões de dólares movimentados com o negócio. Para sinalizar por onde anda o dinheiro, basta dizer que empresas de telecomunicações estão faturando com o envio de torpedos para os celulares dos "donos de times" com as notícias mais recentes a respeito dos principais jogadores das ligas.

Se eu estou jogando? Faço parte da liga de fantasy basketball dos alunos do primeiro ano do doutorado da economia de Duke. São oito colegas, cada um com o seu time, se divertindo com os resultados dos confrontos entre os times virtuais e tirando sarro dos desempenhos vexatórios dos outros. Meu time está em segundo lugar na liga, e conta com jogadores como Dwyane Wade, Michael Redd, Pau Gasol e Ben Wallace, sendo que o maior destaque (quase uma surpresa no campeonato) é o brasileiro Leandrinho, que joga no Phoenix Suns, e que me garante, atualmente, 16 pontos, 4 assistências e 3 rebotes por jogo!

Abraços!

O Hábito é que Faz o Monge

O assunto é chato, sei que a notícia não vai resultar em coisa alguma, nem para as empresas, nem para o Governo, mas ainda assim quero chamar a atenção para um detalhe que passa em branco, neste instante, pelos nossos amigos, colegas de serviço público, do Ministério da Defesa. Esta história de proibir o chamado overbooking – venda de algumas passagens aéreas a mais para um determinado vôo – não passa de uma grande bobagem que, se levada a extremos, pode resultar em prejuízos para um setor que já é deficitário como a aviação comercial.

Por que eu acho que esta proibição do governo não vai resultar em nada nesta área? Porque esta medida, no longo prazo, vai resultar em aumento de custos para os usuários frequentes de aviões, e isto não costuma ser muito tolerado pela "turma do andar de cima", como diz o Élio Gaspari. Imagine, por exemplo, que uma pessoa muito ocupada, como o nosso Ministro da Defesa, esteja em São Paulo e queira retornar à Brasília no mesmo dia. Seus assessores, para agilizar o transporte do chefe, irão reservar passagens para o Ministro retornar à Brasília em todos os vôos disponíveis para a cidade naquele dia. Uma vez definido em qual vôo o patrão retorna, remarcam-se as demais passagens para outros trechos previstos na agenda do ocupado Ministro. Esta é a rotina de secretárias de executivos de altos escalões tanto do governo quanto da iniciativa privada.

Qual é a reação atual da empresa aérea ao constatar que o Ministro, por mais ocupado que seja, não é onipresente como o Criador a ponto de estar em TODOS os vôos São Paulo-Brasília naquele dia? Viaja com a certeza de que, em todos os vôos para Brasília, exceto um, ela terá sempre uma poltrona vazia? Não! A empresa vende uma passagem a mais para todos os vôos, e indeniza um passageiro do vôo em que o Ministro se fizer presente. O overbooking representa, justamente, um seguro que a empresa faz contra este (péssimo) hábito dos grandes usuários do tráfego aéreo: ao invés de repassar o custo de assentos vazios em uma aeronave para o preço médio das passagens, corre-se o risco de oferecer algum reembolso para o excesso de passageiros em um determinado vôo. Um "seguro" para correr "riscos" parece um contra-senso, mas, na verdade, é a lógica de mercado reagindo aos padrões dos consumidores (ver também aqui).

Qual será a reação da empresa proibida de fazer overbooking? Entre as possíveis, ela poderá não aceitar mais a remarcação das passagens para outros horários e destinos – para que remarcar a passagem de alguém que não aparecerá de novo? A tendência passa a ser a criação (formal ou informal) de uma "lista negra", onde os passageiros "furões", ao comprar a sua passagem, pagarão um ágio pela possibilidade de não aparecerem no vôo (lembram das aulas de microeconomia, sobre discriminação de preços em empresas com poder de mercado?). No limite, a empresa aérea pode simplesmente se recusar a vender as passagens para o nosso ocupado Ministro.

Se nenhum tipo de discriminação de preços for permitida? Bom, aí sobra, naturalmente, para o consumidor pagar a conta - neste caso, alguém do "andar de cima" -, ou as empresas aéreas arcarem com os custos destes lugares vazios. Como as empresas não podem se dar ao luxo de perder passageiros, sobrará a solução de aumentos lineares nos preços das passagens. Ou seja, o tiro saindo pela culatra, pelo hábito dos nosso monges (inclusive) da Defesa.

Abraços!

dezembro 23, 2006

Feliz Natal

Fiz um esforço aqui para ver se tinha alguma lembrança de Natal guardada, que fosse realmente importante para mim, mas não encontrei. Posso dizer que sempre gostei mais das festividades de Ano Novo, por representarem uma idéia de reinício, recomeço, de revisão do que passou e da expectativa do que está por vir. Mas, do Natal, não tenho muitas recordações.

De toda forma, aproveitem! Toda a pausa junto à família é um momento a ser aproveitado. Um Feliz Natal para os quatro leitores do blog!

Abraços!

Música para Ouvir no Trabalho

Já ouvi sobre todos os macetes possíveis e imagináveis para obter o máximo rendimento nos estudos: há quem exija o silêncio absoluto; tem aqueles que estudam melhor deitados em uma cama; também existe quem precise de algum objeto para extravazar o nervosismo. Eu também tenho os meus macetes , mas quero discutir um em especial. Não gosto de estudar em completo silêncio (me dá sono), mas também não posso ouvir conversas ao meu redor (acabo distraindo com facilidade). A minha solução: ouvir música.

Lógico que algumas pré-condições são necessárias para a fórmula funcionar: não é qualquer volume o ideal, como também não é qualquer música que serve. Sobre o volume, para os interessados, cabe a experiência: existe uma espécie de "volume ótimo", em que a pessoa tem certeza absoluta que a música está sendo tocada, pois o som ambiente está abafado, mas em que a música não tire a atenção do objeto central de estudo. Assim, fica estabelecido um mínimo e um máximo para o volume.

O objetivo, aqui, é discutir o que eu ouço ao estudar. Vou citar tanto o que funciona como o que não funciona. Já tinha prometido este post a algum tempo para um dos quatro leitores do blog, e ao saber do tema ele me jurou de morte caso alguns nomes aparecessem por aqui. Vou correr o risco. Segue a seguir uma lista de discos, músicas e artistas que costumam frequentar a minha lista de favoritos, e os seus resultados sobre os meus estudos.

1) Pearl Jam: os discos mais novos não funcionam muito, mas curiosamente as guitarras distorcidas em Ten, o álbum de lançamento, não prejudicam a concentração. É um álbum que flui tranquilamente, e os vocais de Eddie Vedder, muitas vezes amargurados, funcionam para evitar dispersões desnecessárias na leitura.

2) R.E.M.: muito cuidado aqui!!! As baladas dos discos Out of Time e Automatic for the People são excelentes pedidas. Entretanto, evite músicas como Everybody Hurts no meio da leitura do capítulo 4 do Stockey e Lucas, ou do capítulo 1 do Mas-Colell: a vontade de largar tudo e ficar se achando um inútil tende a ser incontrolável.

3) Sepultura: não funciona para estudo. Já tentei o Chaos A.D. e o B-Sides. Poucos momentos de concentração efetiva ouvindo Kaiowas. Entretanto, são excelentes soluções para provas pela manhã, em que a mente ainda está adormecida, e torna-se necessário fazer o cérebro funcionar "no tranco" (ainda que, para esta última função, Helmet, com o disco Meantime, seja imbatível).

4) Simon & Garfunkel: passe longe disto!!! Músicas como Mrs. Robinson podem dar um barato momentâneo, mas é depressivo demais para boa concentração! Sounds of Silence geram efeitos parecidos com Everybody Hurts, citado acima.

5) Pink Floyd: não é todo o álbum que funciona. The Wall, apesar de excelentes momentos para obter foco em Comfortably Numb, é ruim no geral, muito em função dos gritos agonizados ao fundo, que tiram a atenção. Todavia, Wish You Were Here é ótimo! Ainda em Pink Floyd, merece um capítulo à parte...

6) The Dark Side of the Moon: talvez este seja o melhor disco para ser ouvido durante leituras de artigos e capítulos de livros!!! A abertura, com Speak to Me/Breath parece seguir a mesma lógica de artigos científicos, com uma introdução definida, metódica, gritos com hora marcada para acabar, seguida de melodia em ritmo quase grudento. The Great Gig in the Sky mantém o foco, como o desenvolvimento de um tópico importante. Brain Damage e Eclipse fazem um fechamento perfeito, como em capítulos em que você chega na conclusão contente por ter efetivamente aprendido algo. Também é a hora da revelação, em que as idéias do texto se conectam, as proposições fazem sentido, o todo aparece na plenitude. Excelente pedida!!!

7) Jorge Ben: sim senhores! Funciona! Mas apenas um disco: o acústico da MTV, com muitas músicas com sopros reduzidos, mais melodias, menos improvisações. O mestre do suingue brazuca manda sua bronca na leitura acadêmica.

8) Fito Paez: os hermanos se fazem presentes, com o grande disco Euforia. Uma releitura acústica dos sucessos do melhor dos portenhos, com letras maravilhosas. Combinam perfeitamente com a resolução de listas de exercícios.

9) Eric Clapton: não é todo o disco que funciona! A coletânea The Cream of Clapton é uma boa pedida, mas discos como From the Cradle e Reptile, que revelam o lado mais blues do guitarrista, devem ser evitados.

10) Rush, Led Zeppelin, The Who: infelizmente, nenhum destes funcionam, apesar de músicas interessantíssimas para um início de capítulo, ou para entender algumas anotações de aulas. Ainda que abafem bem o som externo e sejam excelentes por definição, músicas como Natural Science, Gallows Pole e Baba O'Reilly não se sustentam em uma tarde de estudos.

Esta é uma amostra do que passa nos meus ouvidos enquanto tento colocar conteúdo na cabeça. Cabe lembrar, mais uma vez: cada um possui o seu método preferido de estudo. Se você não consegue estudar com barulho, não será seguindo as minhas dicas musicais que os estudos irão começar a render alguma coisa.

Abraços!

dezembro 22, 2006

Caos nos Aeroportos

Quem foi que disse que em aeroporto de primero mundo não tem atraso nos vôos? Estamos ficando exatamente iguais a Londres, ou a Denver. Só faltam a neblina e a nevasca de cada uma das cidades para as causas serem iguais!!!

Um abraço!

Adaptando...

... o blog às mudanças do Blogger! Alguns detalhes de lay-out se perderam, mas muita coisa melhorou. Vou corrigindo aos poucos.

Abraços!

dezembro 21, 2006

dezembro 20, 2006

Discursando Sobre Economia

"Did you ever think that making a speech on economics is a lot like pissing down your leg? It seems hot to you, but it never does to anyone else."

Do presidente americano Lyndon B. Johnson para o economista John Kenneth Galbraith.

Azar, vocês vão continuar lendo sobre isto por aqui. Mas que a frase é boa, é!!!

Abraços!

dezembro 19, 2006

Política de Ponto de Ônibus

Dias de compras para a casa, em função da nova moradora (para que mais uma vassoura? Não discuto, deixo a piloto dizer) e da falta de comida por causa da preparação para os exames de final de ano. Ponto de ônibus, retorno para casa do Wal-Mart. Eu, Chris, e uma garota com uma sacola pequena da "Whole Foods" pendurada no seu celular Nokia. Diálogo:

[Garota com sacola da "Whole Foods"] — De onde vocês são?

[Chris] — Brasil.

[Garota com sacola da "Whole Foods"] — Você sabe para onde vai o dinheiro que você gastou no Wal-Mart?

[Chris] — Eu acho que sei, mas...

[Garota com sacola da "Whole Foods", para uma outra garota que tinha chegado naquele instante] — Pois é, porque o Wal-Mart... (e segue um discurso que eu não entendi, porque estava querendo saber a que horas o ônibus iria passar, e me interessava mais chegar em casa de uma vez. De acordo com a Chris, algum papo tipo "Wal-Mart explorador de países pobres e oprimidos, que coloca o trabalhadores em regime de trabalho escravo, yada-yada-yada...").

O diálogo não foi bom. Acho que deveríamos ter sido mais objetivos na resposta, até para evitar o discurso infame em parada de ônibus. Assim, levantamos algumas alternativas para respostas que a Christiane deveria ter dado à garota sobre "para onde vai o dinheiro que você gasta no Wal-Mart":

— Você sabe para onde vai o dinheiro que você gastou no Wal-Mart?

1) — De volta para o meu bolso: tenho algumas ações da Wal-Mart na minha carteira de aplicações. Logo, estou apenas recolhendo parte dos meus dividendos.

2) — Para o mesmo lugar onde foi o dinheiro que você gastou no seu celular Nokia de último tipo.

3) — Sinceramente, espero que vá para algum lugar que produza alguma comida com gosto, ao invés desta alfafa integral que você está carregando na sacola.

4) — Estou investindo no meu país: com este dinheiro, o Wal-Mart abre mais filiais no Brasil, gerando empregos por lá. Quem sabe, se eu gastar muito, as sacolas de plástico de lá acabem sendo tão boas e resistentes quanto as daqui.

5) — Eu bem que falei para o Angelo que não era certo comprarmos no Wal-Mart: bom mesmo seria escravizarmos os chineses que moram no nosso condomínio, pagando mixarias para eles produzirem bugigangas que nos abasteceriam, e ainda sobraria um troco para tomar uma cerveja no final de semana!

6) — Para onde vai o dinheiro que eu gasto, não sei. Mas sei que vou fazer com o dinheiro que eu economizei comprando aqui. E não é torrar tudo na produção da sua alfafa integral.

7) — A senhora já ouviu falar de Barbacena? Pois é, eu tenho um primo que mora por lá que vende verduras para o Wal-Mart. O dinheiro vai para ele. É a forma que eu tenho de mandar grana para o Brasil sem passar pela fiscalização do Banco Central.

8) — Tomara que não vá para a "Whole Foods": assim ela pára de vender a alfafa integral que você está carregando na sacola.

9) — Eu comprei no Wal-Mart???? Que coisa!!! Achei a cara do lugar tão parecida com a padaria que eu tinha na esquina de onde eu morava no Brasil...

10) — Vai para o cofrinho em formato de porquinho que o dono do Wal-Mart tem em casa, ora bolas!

11) — Não me interessa para onde vai o dinheiro: quem pagou a conta foi o meu marido!

Abraços!

dezembro 17, 2006

dezembro 07, 2006

Te Cuida, Ben Wallace!

Tô chegando lá!!!

Presentes

A todos os que mandaram presentes antecipados de aniversário e Natal, através do pacote do correio que a Christiane postou, meus sinceros e comovidos agradecimentos. Todavia, infelizmente, ainda não abri nenhum dos pacotes que chegaram: quero fazer isto com calma, no dia 17 mesmo, para poder curtir direito cada uma das lembranças (o horário em que esta mensagem foi postada deve dizer um pouco da correria por aqui). Mas fica o registro que tudo chegou direitinho aqui.

Abraços a todos!

dezembro 05, 2006

Campanha!!!

Colega economista,

Uma nova campanha está no ar, depois do estrondoso sucesso da anterior. Para você, colega economista:

- Que começa a sonhar com as festas que podem ser feitas no encontro da ANPEC/SBE a partir do momento em que o local é anunciado (os últimos encontros foram em Natal, 2005, João Pessoa, 2004, Porto Seguro, 2003, e o deste ano é em Salvador).

- Que pega aquelas suas notas de aula que gastou um tempo organizando, ou aquela monografia que ficou perdida em uma gaveta, olha para elas com carinho e se abraça em um dicionário de inglês, acreditando que "papers" são mais aceitos que "artigos".

- Que passa horas na frente do computador até altas horas da madrugada perto do prazo limite de submissão dos arquivos para a ANPEC, porque a maldita vírgula faz com que o artigo fique com 21 páginas, ao invés das 20 permitidas pela organização.

- Que fica olhando as listas de pareceristas do encontro, e pensando se o seu paper sobre história do pensamento econômico não poderia ser submetido na área de finanças, já que o cara é seu amigo, e pode lembrar que você escreveu alguma coisa na área.

- Que briga com a mulher dos Correios para postar o envelope com as cópias dos artigos com a data do dia anterior, ao invés da data correta, já que era um prazo que você não poderia perder de jeito nenhum.

- Que começa a rezar todo o dia para o seu santo, jurando que, se o "paper" for aceito, no ano que vem você vai gastar um tempo para escrever algum material novo.

- Que liga, depois da aprovação, para todos os amigos, tanto os que tiveram trabalhos aceitos (para marcar as festas), quanto para os que foram rejeitados (para receber os parabéns e dizer que as bancas são umas porcarias, mesmo, e que nada presta neste evento, que o trabalho do cara dizendo que o seu fluxo de caixa é um bom indicador da saúde dentária é muito bom).

- Que reserva as passagens, faz as malas, separa o principal (calção, bronzeador, máquina fotográfica, chinelos) e até algumas coisas desnecessárias (a apresentação e uma cópia com anotações do "paper").

- Que chegou no aeroporto hoje, 5 de dezembro de 2006, pronto para fazer a festa em Salvador, E TEVE O SEU VÔO CANCELADO PELA ANAC!!!!

Meu amigo economista, deixo aqui o espaço para a sua manifestação: faça aqui o seu desabafo!!! Escreva, e eu estarei aqui para oferecer toda a solidariedade neste momento difícil! O espaço é seu, amigo economista!

Abraço, e muita força nesta hora!!!

P.S.: se você ainda estiver constrangido para escrever, veja aqui e aqui a ficha dos "especialistas na área" que cancelaram o seu vôo hoje (detalhe para o prêmio que o segundo recebeu), e depois sinta-se livre para desabafar.

Alô ANAC...

... pedido de socorro: minha esposa tem que chegar, pô!!! Não vai mostrar todas as tuas cagadas agora – aparelhos falhos, falta de funcionários, problemas no treinamento das novas turmas, presidente que não é técnico da área –, impedindo que ela chegue, que tá cheio de roupa aqui para ela lavar, casa prá limpar, panela engordurada... A propósito, senhor presidente da ANAC, ela não está vindo para cá a passeio. Logo, ou arruma esta bronca, ou pede o boné e vai cuidar de agência de turismo!

Abraços!

P.S.: brincadeira, viu, Kiki?

dezembro 04, 2006

Registro

Só para dizer que, na minha opinião, ainda que o calendário oficial diga o contrário, o inverno chegou: são 19:22hs e neste instante faz -1ºC lá fora.

Abraços!

dezembro 02, 2006

Led Zeppelin, O Bonde do Tigrão e o Regime de Metas no Brasil

Uma das grandes vantagens do regime de metas de inflação é estabelecer uma aplicação direta do chamado "Axioma da Preferência Revelada". O axioma, com este nome horroroso, diz basicamente o seguinte: se você pode fazer uma escolha entre A e B, e escolhe A, então ou você gosta mais de A do que de B, ou você não pode comprar B. Por exemplo, digamos que você tenha alguma grana guardada no final do mês e resolve comprar um CD. No mercado, existem três tipos de CD's: o box com três CD’s do Led Zeppelin “How the West Was Won”, que custa quase R$ 90,00; o disco “Reptile” do Eric Clapton, por R$ 18,00 (boa música garantida); ou o último CD do Bonde do Tigrão, vendido no camelô da esquina (versão pirata) por R$ 2,00. Se você tiver R$ 20,00 no bolso, eu espero (mais do que isto, torço!) que você compre o CD do Eric Clapton, porque: 1) o disco do Led Zeppelin é caro; e 2) você não gosta do Bonde do Tigrão. (Estou propositalmente excluindo possibilidades como "o CD do Led Zeppelin vendido no camelô por R$ 10,00, ok?)

Voltando para a discussão sobre o regime de metas de inflação, o debate na imprensa deveria dar um passo adiante, através de considerações baseadas na lógica acima. Por exemplo, em 2005, o sindicalista Luiz Marinho chegou a pedir a cabeça dos diretores do BC por causa de um aumento de juros. Em 2005, a inflação fechou acima da meta estipulada pelo governo. Logo, na lógica do sistema de metas de inflação, o BC, na prática, teria errado ao não usar juros mais altos para enquadrar a inflação na meta. Agora, em 2006, o Ministro do Trabalho diz que o resultado do PIB faz parte das “conseqüências de uma política monetária conservadora”, ainda mais porque as projeções apontam para uma inflação de 2006 abaixo da meta – ou seja, o BC deveria ter baixado mais rapidamente os juros.

A lógica do Ministro para 2006, a posteriori, está correta já que o BC pode, no máximo, estimar o comportamento atual da economia quando fez a decisão de juros – ou seja, culpa de quem errou a projeção (eu??? hahahah). Entretanto, e aí dando um passo adiante, poderíamos aplicar o “Axioma” para chegar a duas conclusões possíveis a respeito do atual Ministro do Trabalho: 1) ou ele não entende nada de política econômica, pois não vê que o BC não tem como atingir no curto prazo a combinação “maior crescimento + inflação baixa” (ou seja, o box do Led Zeppelin); ou, 2) ele gosta de inflação (ou seja, o CD pirata do Bonde do Tigrão), já que, para qualquer relação entre a taxa de inflação e a meta estipulada pelo governo, o ex-sindicalista vai sempre preferir juros mais baixos.

Evidências sobre a hipótese número 1 do comportamento do Ministro do Trabalho podem ser encontradas em vários lugares: todo o dia aparece alguém na imprensa usando o BC como bode expiatório, ainda que a escolha da meta de inflação seja atribuição exclusiva do governo. O CMN, ao escolher a meta, conta com dois votos do “governo”, contra um do BC, assumindo-se que o BC seja parte efetivamente independente do resto do governo. Ou seja, no regime de metas, quem escolhe a meta, em última instância, é o governo, e o BC que a execute. Querer o CD do Led Zeppelin (mais crescimento com inflação baixa), todos querem, mas o BC só pode cuidar de um pedaço do problema.

A respeito da hipótese número 2, eu também não duvido da sua comprovação. Vale lembrar que os sindicatos, no Brasil, ganharam muita força justamente na época de inflação elevada, onde as categorias organizadas conseguiam garantir aumentos muito mais expressivos em relação aos setores não-sindicalizados. Sem a ilusão gerada pela inflação alta, os aumentos salariais ficam restritos ao que for possível, e isto diminui muito o poder de barganha dos nossos “companheiros”.

Se o Ministro acha que os juros estão muito altos, que faça direito o seu trabalho, ou que arque as conseqüências e venha a público dizer que acha que “um pouco mais de inflação não faz mal ao país”. Vale o mesmo para outros ministros, sindicalistas ou pseudo-empresários. Esta é a preferência, a escolha, que o sistema de metas traz à tona, e que poderia ser melhor explorada pela imprensa. Outro dia, o Reinaldo Azevedo, no seu blog, estava perguntando onde é que estavam as pessoas que gostam de mais inflação, que o presidente do BC ficava apontando. Consegui deixar um rascunho de resposta?

Abraços!