outubro 14, 2007

Nobre Al Gore?

Um excelente artigo no Boston Globe questionando o prêmio Nobel da paz concedido ao ex-vice presidente americano Al Gore deixa implícito no final uma questão importante: qual a importância de um trabalho concluído para a obtenção de um prêmio Nobel da paz? Em outras palavras, uma obra puramente idealista é merecedora deste prêmio Nobel?

A resposta, até a premiação deste ano, parece indicar que não. O vencedor do prêmio de 2006, Muhammad Yunus, construiu uma instituição bancária de crédito popular em Bangladesh - uma obra concreta e acabada. Mohamed ElBaradei e a International Atomic Energy Agency (IAEA), vencedores do prêmio de 2005, efetivamente tiveram a sua participação na construção da política nuclear atual - ainda que de qualidade questionável, é uma obra concreta. A ativista política Wangari Maathai ganhou o prêmio de 2004 pelo combate à ditadura no Quênia. A luta pelos direitos humanos, especialmente de mulheres e crianças, em países islâmicos, na figura de Shirin Ebadi, talvez seja outra causa menos concreta agraciada com a premiação, em 2003. Todavia, as obras de Kofi Anan (a despeito dos escândalos com seu filho), Jimmy Carter, Nelson Mandela, Henry Kissinger, Yasser Arafat, Ytzhak Rabin, Madre Tereza, entre outros, apresentaram resultados concretos.

O prêmio dado a Gore refere-se a um problema existente, mas note que até mesmo a instituição que compartilha o prêmio afirma que a manutenção do estado atual causará efeitos bem menos nefastos que os alardeados pelo ex-vice-presidente. Será que agora, para ser premiado, basta estar "apaixonado" por uma causa, ou resultados concretos voltarão a ser considerados?

Abraços!

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