Aproveitando o início das minhas férias, uma dica de leitura para doutorandos procurando temas para teses: artigo novo no NBER de Jesús Fernández-Villaverde e Juan Rubio-Ramirez. O artigo faz uma revisão muito detalhada das aplicações de processos de "time-varying volatility" em modelos DSGE, com atenção para a forma correta de especificação e estimação de modelos com estruturas não-lineares. A maior contribuição deste trabalho é apontar para onde anda a pesquisa nesta área, e algumas das questões que ainda não foram devidamente tratadas por este tipo de formulação.
Vale a leitura.
Abraços!
"Hazard - 1. A hazard is something which could be dangerous to you, your health or safety, or your plans of reputation. (...) 2. If you hazard or if you hazard a guess, you make a suggestion about something which is only a guess and which you might be wrong." - Do Dicionário "Collins Cobuild"
dezembro 20, 2010
Dica de Leitura
dezembro 15, 2010
TK Thoughts (2)
Do programa de hoje, 15-12. Discutindo sobre a capa especial homenageando a "Person of the Year" da Revista Time, Tony é informado que, em 2005, Bono, junto com Melinda e Bill Gates, foi homenageado pela publicação:
"Bono?!?!? Bono changed the world??? Yeah, Bono really changed the world... really?! Honestly, Bozo changed the world, not Bono, BOZO THE CLOWN!!!"
dezembro 14, 2010
Vento Negro
(Vitor Ramil - Fogaça)
Onde a terra começar
Vento Negro gente eu sou
Onde a terra terminar
Vento negro eu sou
Quem me ouve vai contar
Quero luta, guerra não
Erguer bandeira sem matar
Vento Negro é furacão
Tua vida o tempo
A trilha o sol
Um vento forte se erguerá
Arrastando o que houver no chão
Vento negro, campo afora
Vai correr
Quem vai embora tem que saber
É viração
Dos montes, vales que venci
Do coração da mata virgem
Meu canto, eu sei, há de se ouvir
Em todo o meu país
Não creio em paz sem divisão
De tanto amor que eu espalhei
Em cada céu em cada chão
Minha alma lá deixei
Semeadura
(Vitor Ramil - Fogaça)
Nós vamos prosseguir, companheiro
Medo não há
No rumo certo da estrada
Unidos vamos crescer e andar
Nós vamos repartir, companheiro
O campo e o mar
O pão da vida, meu braço, meu peito
Feito pra amar.
Americana Pátria, morena
Quiero tener
Guitarra y canto libre
En tu amanecer
No pampa, meu pala a voar
Esteira de vento e luar
Vento e luar.
Nós vamos semear, companheiro
No coração
Manhãs e frutos e sonhos
Pr'um dia acabar com esta escuridão
Nós vamos preparar, companheiro
Sem ilusão
Um novo tempo, em que a paz e a fartura
Brotem das mãos.
Minha guitarra, companheiro
Fala o idioma das águas, das pedras
Dos cárceres, do medo, do fogo, do sal
Minha guitarra
Tem os demônios da ternura e da tempestade
É como um cavalo
Que rasga o ventre da noite
Beija o relâmpago
E desafia os senhores da vida e da morte
Minha guitarra é minha terra, companheiro
É meu arado semeando na escuridão
Um tempo de claridade
Minha guitarra é meu povo, companheiro.
dezembro 10, 2010
TK Thoughts
Sempre fui um cara de rádio: gostava de ouvir futebol pelo rádio quando morava no interior do Rio Grande do Sul, sempre brigando com a interferência da antena da televisão para achar o som mais nítido. Ficava em uma guerra, onde cada centímetro de movimento do rádio era capaz de gerar ruídos estrondosos, ou um som pouco mais nítido. Morando nos Estados Unidos, e precisando ouvir algo para me isolar do resto do mundo durante os estudos, passei a buscar alternativas em rádios locais. Tony Kornheiser, apresentador do programa de debates de maior sucesso da ESPN, Pardon the Interruption (PTI)*, possui um programa diário de rádio na emissora local da ESPN em Washington, onde não necessariamente ele trata de esportes. Dono de um humor bastante ácido, fazendo o papel de rabugento muitas vezes (identificação do ouvinte?), Tony é o autor de frases fabulosas ditas ao longo do programa. Uma delas que eu ouvi hoje pela manhã, programa do dia 8/12, ao tratar de sessões de autógrafos em livros:
"What I used to get [in book signings], not anymore because nobody takes me seriously, I used to get somebody who used to say something like this, in order to show off, they would say: 'I read your stuff, I don't always agree with it, but I read your stuff'. And I would say to them always the same thing: 'You should always agree with it, because you are a loser!' And that was always an end of the conversation, because I hated that! I hated that they had to express their need to show their independence and superiority to me by saying that you are pretty much of a trifle, but then, why are you here?"
Abraços!
(*) Por favor, ESPN do Brasil: pare de tentar imitar a estrutura do PTI com o maldito programa "É Rapidinho"!!! A cópia é ruim, os apresentadores são péssimos, e brasileiros possuem problemas sérios para lidar com limitações de tempo, que é justamente o que confere o charme do original americano. Portanto, pare, ok? Chega!
novembro 29, 2010
CUDA 64-bit para o Povo!!!
O sumiço do blog não poderia ser por outro motivo que não o trabalho. Fica o registro aqui que eu acabo de colocar no ar na minha página pessoal um pequeno tutorial explicando como configurar o sistema de processamento paralelo da NVIDIA, baseado no GPU das placas de vídeo, para sistemas em 64-bits usando o Visual Studio Express 2008 da Microsoft. A grande vantagem do tutorial: usa apenas programas gratuitos, todos compatíveis com o sistema da NVIDIA (parece que outros compiladores dão problemas na criação de arquivos 64-bits com o sistema atual), e dispensa a mudança de sistema operacional para o Linux.
A versão no site ainda é muito preliminar, não foi revisada, mas funcionou bem no meu laptop. Espero que seja útil!
Abraços!
outubro 21, 2010
Pauta de Pesquisa: "Credit Constraints"
Para alunos de mestrado/doutorado que estejam pensando em pauta de pesquisa, prestem atenção na seguinte palavra: MICROFUNDAMENTOS! Eu estou fazendo uma revisão de literatura para encontrar alguns números relevantes para um trabalho novo. São raros, raríssimos, os números que podem ser definidos como bem estimados para a economia brasileira.
Exemplo do que estou falando: alguém pode afirmar, com uma boa argumentação, qual o grau (atual) de alavancagem (leverage) das empresas brasileiras? Este número pode definido como a razão entre estoque de dívida/total de ativos, ou estoque da dívida/valor da empresa, ou total de compromissos (liabilities)/total de ativos de uma empresa. Eu vejo na literatura brasileira, especialmente entre os amigos da administração e finanças, muitos estudos baseados em empresas listados na Bovespa. Adivinhem: grande parte deles mostram que empresas brasileira são mais alavancadas que as médias computadas para os Estados Unidos!!! Qual o motivo da distorção? Viés de seleção é uma boa explicação: empresas listadas na Bovespa são naturalmente empresas com facilidade para conseguir crédito, mesmo nas condições brasileiras.
Um estudo que está pedindo quase clemência para ser atualizado é o de Maria Cristina Terra (2003), "Credit Constraints in Brazilian Firms: Evidence from Panel Data". É uma análise interessante das restrições encontradas pelas emprsas brasileiras, baseada em um grupo de dados absolutamente único: balanços de empresas publicados na Gazeta Mercantil e no Diário Oficial no período entre 1986 e 1997. O número de firmas com balanços computados oscila entre 2091 e 4198 por ano. Se forem consideradas apenas as empresas que publicaram balanços em todos os anos da amostra (ou seja, um painel balanceado), o número cai para 550 firmas, o que é pouco mais que o dobro das informações utilizadas em estudos baseados em empresas na Bovespa.
Em termos de resultado, o esperado: o nível de alavancagem das empresas, medido pela razão entre liabilities/total de ativos, apenas começa a se aproximar de valores americanos no final da amostra. O que aconteceu depois de 1997? A tendência de crescimento na alavancagem das empresas continuou a tendência de crescimento iniciada em 1991? A chamada "restrição de crédito para o investimento", encontrada pela autora, ainda se sustenta atualmente? Em que medida? E se o painel fosse não-balanceado, os resultados mudariam significativamente?
Qual a maior dificuldade para a pesquisa? Atualizar a base de dados. Qual o benefício de um trabalho como este? Citações em número (muito) maior que o meu número de leitores no blog.
Tantas perguntas esperando por um estudante de mestrado/doutorado interessado.
Abraços!
outubro 14, 2010
Sobre o Prêmio Nobel
Gostei do prêmio Nobel de economia deste ano: o trabalho de Diamond, Mortensen e Pissarides sobre desemprego é um dos grandes pilares da macroeconomia moderna, e já estava na hora dos autores serem agraciados com a distinção.
O trabalho destes autores, em termos acadêmicos, é tão abrangente que mesmo colegas que nunca se interessaram pela macroeconomia gostavam dos modelos. Mais do que isto, grande parte dos estudos sobre Social Insurance, muito vistos em microeconomia e "public policy", se baseiam em variações dos modelos destes autores.
Na minha área, os autores que tentam incorporar explicitamente uma trajetória para o nível de emprego, com todos os detalhes sobre ocupação, desalento, população ativa e outros conceitos presentes em economia do trabalho, usam as idéias de Diamond, Mortensen e Pissarides para escrever os micro-fundamentos do modelo. Um bom exemplo da aplicação destes modelos no contexto do DSGE encontra-se aqui.
Minhas lembranças do estudo destes modelos? As piores possíveis. Ainda tenho dores de barriga quando vejo as funções valor necessárias para derivar os resultados. Talvez por isto tenha demorado para escrever sobre o prêmio...
Abraços!
Ricardo "Caetano" Caballero
"Tá tudo errado na macroeconomia, ou não!"
Esta é a mensagem que eu tiro do último texto, muito discutido no Brasil, de Ricardo Caballero (MIT) sobre o estado atual da macroeconomia. O artigo é paradoxal, uma vez que, ao mesmo tempo em que critica a abordagem tradicional de tratamento de "business cycles", o autor cita como passos acertados, ainda que não com a profundidade correta na sua percepção, os seguintes trabalhos:
1) Sims (2003), sobre "bounded rationality", na nota número 5, definido como "important line of recent work".
2) Kiyotaki e Moore (1997) e Bernanke e Gertler (1989), citados na página 12, modelos convencionais de fricções financeiras, já adaptados aos modelos de equilíbrio geral.
3) Hansen e Sargent (2007), entre outros, com os trabalhos sobre robustez, com "substantial progress in incorporating robust control techniques to economic policy analysis".
4) Michael Woodford (2010), no mesmo tipo de trabalho para modelos de bancos centrais.
5) Fernandéz-Villaverde (2009), "It is not nearly enough (although it is progress) to do Bayesian estimation of the dynamic stochastic general equilibrium model, for the absence of knowledge is far more fundamental than such an approach admits".
O que todos os autores e trabalhos possuem em comum? São todos os trabalhos fundamentados, em menor ou maior medida, naquilo que Caballero chama de core da disciplina. Se estivesse tão mal, a macroeconomia faria estes avanços listados, com seus melhores pesquisadores citados como exemplo do caminho a seguir?
A impressão que fica é que ele não gosta da técnica tradicional de Minnesota (vide a referência número 3, na página 7, ao trabalho de Chari, Kehoe e McGrattan, 2007), baseada na calibragem de parâmetros de acordo com dados microeconômicos, mas concorda com o restante, ainda que ache tudo insuficiente. Convenhamos, se os pesquisadores que estão na academia acreditassem que seus trabalhos eram suficientes, eles não estariam na academia, seja porque teriam conseguido empregos melhores para aplicarem suas "técnicas universais", seja porque a universidade não financiaria professores para jogar paciência no computador. Ou seja, o argumento da "insuficiência" do estado atual da ciência sempre estará presente na academia, ou não existiria mais academia.
De útil, o puxão de orelhas para aqueles que acreditam que um modelo é muito mais do que um modelo. Vale aqui o comentário repetido por Jesús Fernandez-Villaverde no seu blog, feito originalmente por um professor que ele omite o nome:
"What is exactly that you are against in DSGE models? Being dynamic? Being stochastic? Being aggregate? Or being a model?"
Sobre a última pergunta feita na citação, Caballero vai muito bem ao ponto:
"If we were to (...) simply use these stylized structures as just one more tool to understand a piece of the complex problem, and to explore some potentially perverse general equilibrium effect (...), then I would be fine with it. My problems start when these structures are given life on their own, and researchers choose to "take the model seriously" (a statement that signals the time to leave a seminar, for it is always followed by a sequence of naive and surreal claims)."
Lembre-se: independente do que você faça, da quantidade de trabalho dedicado e do quanto você acredita no modelo, o que você escreveu é apenas um modelo!
Abraços!
outubro 09, 2010
Um Belo Discurso
Parabéns a Jesús Fernández-Villaverde pelo Prêmio Banco Herrero conferido para o economista de destaque com menos de 40 anos, e pelo brilhante discurso proferido durante a premiação. O discurso merece ser lido e relido por todo o candidato a pesquisador sério na área de economia (e não vale tirar do discurso apenas a dica para se livrar dos chatos em avião).
Abraços!
setembro 27, 2010
Dynare
Para os apreciadores de armas, tive a chance de participar de um curso sobre o Dynare durante toda a semana passada com um dos desenvolvedores do pacote. Muitas discussões interessantes sobre métodos de solução de modelos DSGE, métodos de perturbação, qualidade das aproximações, computação em paralelo...
Fica aqui a dica sobre desenvolvimentos futuros do pacote, já anunciados na Wiki dos desenvolvedores:
1) estimação de modelos usando aproximações não-lineares das condições de equilíbrio;
2) computação em paralelo de cadeias de simulações no Metropolis-Hastings;
3) o uso do Dynare ++ para acelerar as estimações de modelos de grande porte;
Abraços!
setembro 12, 2010
Mudanças
Bom, conforme prometido, algumas mudanças por aqui. Vamos aos detalhes:
1) O blog agora vai falar menos da minha vida pessoal, já que a experiência nos Estados Unidos terminou, e com ela o tanto que eu me permitia mostrar nesta área.
2) O blog perde, também, o espaço para comentários curtos. Vou me impor o desafio de escrever estas notas no Twitter, e deixar idéias um pouco mais elaboradas para cá.
3) Combinando estas duas idéias, o blog agora vai ficar mais concentrado em comentários sobre economia, política e outros assuntos que mereçam, na minha opinião, alguma análise mais detalhada. Isto, obviamente, pode comprometer a frequência dos posts, admito.
4) Novos instrumentos: para o público geral, o já citado Twitter; para um pouco mais de "wonkery", como diz o Krugman, recomendo a visita a minha página pessoal. A página terá um mini-blog por lá, mas só para notificar as atualizações e alguns detalhes sobre o meu trabalho. Notem que, pelo aplicativo na página inicial, dá para acompanhar toda a minha produção on-line, seja no Twitter, aqui no blog ou no próprio site.
A página pessoal ainda está colocada no endereço padrão do Google Sites, inclusive com o servidor seguro (notem o "https" na barra de endereços). Quando eu tiver tempo, arranjo um endereço mais personalizado.
Por que fazer as mudanças? Eu já tinha escrito que, uma vez que eu enchesse o saco de escrever, o blog naturalmente acabaria. Entretanto, o retorno do blog foi bem maior do que eu esperava, e eu acabei gostando da brincadeira. Ainda que eu ainda leve o desenvolvimento do blog como um hobby, o retorno recebido, na forma de visitas, contatos e comentários, valeu muito a pena para simplesmente ser terminado de uma hora para outra. Entretanto, para que continuasse e fizesse algum sentido, era importante tirar do blog a carcaça estudantil e partir para a descrição do mundo sob a ótica de um economista. O estudante continua escrevendo, mas o blog não é mais estudantil, se é que vocês conseguem me entender.
Bom, era isto. Espero que tenham gostado. Opiniões? Deixem o recado aqui, ou na pesquisa aí do lado.
Abraços!
setembro 07, 2010
Tom Sargent
Excelente entrevista com Tom Sargent, publicada na revista "The Region", do Federal Reserve of Minneapolis. Sargent trata de tópicos como regulação financeira, desemprego nos Estados Unidos e Europa, além de abrir a conversa com mais uma resposta às críticas sobre a macroeconomia moderna.
Leitura obrigatória.
Abraços!
P.S.: hat tip JFV at NeG.
Sintomático
Quando eu era criança, uma tia-avó abriu uma caderneta de poupança em meu nome, onde ela depositava sempre que possível as poucas sobras da sua aposentadoria. Ontem, fomos ao banco para abrir uma conta para Bia. Dentro do espírito dos tempos atuais, o máximo que conseguimos, no dia do seu aniversário, foi solicitar o seu CPF.
Antes, uma decisão econômica de longo prazo; hoje, mais um número para tomarem conta da sua vida.
Abraços!
agosto 26, 2010
Aguardem
Em breve, algumas mudanças aqui no blog, e mais alguns links legais relacionados ao meu trabalho. Ok, talvez não seja tão "em breve", mas colocando o post fica ao menos o compromisso moral de fazer algo que estou adiando já faz um bom tempo.
Aguardem.
Abraços!
agosto 15, 2010
DSGE e a Crítica de Lucas
Meu orientador durante o doutorado já dizia que procurar literatura nos grandes journals de economia era perda de tempo: dada a velocidade de publicação de um artigo, é muito mais vantagem buscar por novidades em economia nas páginas dos professores que trabalham na sua área de pesquisa. Com o tempo gasto nestas buscas, além de ganhar informação sobre quais os temas em voga na academia, ganha-se tempo para inovar sobre o que está, atualmente, sendo avaliado pelas grandes publicações.
Uma vertente que parece estar crescendo em importância são as análises sérias sobre a robustez dos chamados "parâmetros estruturais" em modelos DSGE em resposta à mudanças de política. Eu tinha assistido a apresentação de Frank Schorfheide falando do problema de agregação quando a heterogeneidade dos agentes é significativa, e as implicações disto na estimação de modelos DSGE (artigo aqui). Agora, Timothy Cogley aparece com um trabalho muito interessante sobre a invariância dos parâmetros quando a própria estrutura do modelo contém discrepâncias em relação ao verdadeiro processo gerador dos dados (ver aqui). Pelo abstract, Cogley é muito mais otimista sobre o futuro dos modelos DSGE do que Schorfheide, já que ele encontra ainda algum uso para estes modelos, mesmo que a estrutura esteja errada.
Está na minha lista de leituras, espero que esteja na sua.
Abraços!
agosto 03, 2010
Concurso na UFRGS
Com atraso (desculpe, S.), mas segue a divulgação de concurso para a área de economia da minha alma mater. Ver por áreas aqui, aqui e aqui.
Abraços!
CUIDADO! Estudantes de Economia Armados
Poucos meses depois do retorno ao Brasil, tive que reformular uma piada antiga que já circulava nos (bons) mestrados do país*: o Dynare é uma arma da macroeconomia, e, como tal, só deveria ser utilizado com licença prévia, com garantias de permanência em mãos capazes. As consequências do uso indevido do programa podem ser irreparáveis.
Abraços!
(*) A piada, na minha época, relacionava o uso do E-views nas cadeiras de econometria.
julho 28, 2010
Chari e DSGE
Na mesma sequência de depoimentos no Congresso Americano onde Solow deixou sua opinião sobre modelos DSGE, segue a argumentação de V.V.Chari, professor da Universidade de Minnesota e economista do Federal Reserve de Minneapolis. Chari faz uma análise mais extensa dos modelos, inclusive respondendo a alguns dos pontos levantados por Solow nas suas três páginas.
Ainda relacionado aos depoimentos, segue o debate no blog espanhol Nada Es Gratis, com quem sabe muito do tema também.
Interessante, nos dois sites, é que boa parte da argumentação em favor destes modelos já foi abordada por aqui. Quem lê o blog já ouviu falar do que se discute por lá.
Abraços!
Sobre o Filho de Cissa
clipped from www1.folha.uol.com.br
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Abraços!
julho 27, 2010
Solow e DSGE
Mais críticas aos modelos DSGE. Ao menos, desta vez, são sérias: Robert Solow sabe muito. A crítica ao chamado "agente representativo" é séria, ainda que antiga (inclusive, o próprio Solow, em um dos seus artigos mais famosos, utilizou fartamente do artifício). O problema é que modelos que fogem deste paradigma ou são de difícil computação (por exemplo, Krusell e Smith, 1998), ou assumem hipóteses que, nas palavras do próprio Solow, não passam do "smell test".
É sabido, nos meios acadêmicos, que Solow nunca aceitou bem a idéia que o seu modelo, de alguma forma, é a base daquilo que hoje se chama de modelos DSGE: a idéia de um agente maximizador de utilidade que oferece trabalho no mercado em troca de um salário capaz de financiar o seu consumo já estava no trabalho de 1956. O que a literatura atual fez foi adicionar, como ele mesmo destacou, fricções capazes de incrementar a aderência do modelo aos dados na frequência do "business cycle". A grande crítica por ele elaborada é que o mesmo modelo que explicaria o crescimento de longo prazo (o dele) não serviria para ser aplicado na macroeconomia de curto prazo.
Não deixe de ler a nota de Solow, vale a pena.
Abraços!
O ABC do C
Agora com tempo, depois do doutorado terminado, estou aproveitando para estudar outros tópicos de alguma forma complementares ao que faço na minha pesquisa. Tenho usado meu tempo aprendendo o básico da programação em C/C++ e colocando os programas para rodar dentro do Matlab (formando os chamados Mex-files). Até algum tempo atrás, existia uma percepção que usar os Mex-files dentro do Matlab gerariam ganhos substanciais de velocidade, especialmente em casos que não fossem carregados em álgebra linear. Hoje, com as novas versões disponíveis do Matlab, corre um rumor que a diferença de velocidade já não seria mais tão grande.
Além da curiosidade de aprender a programação em C/C++, estou usando isto também para, daqui algum tempo, fazer minhas incursões sobre programação em paralelo, em especial com base na tecnologia CUDA. A linguagem desenvolvida pela NVIDIA para processamento paralelo é quase um complemento da programação tradicional em C.
Não, eu não abandonei a economia. Só quero fazer mais rápido o que hoje me toma muito tempo e recurso em termos de horas na frente do computador. Vale a pena.
Abraços!
julho 15, 2010
They're Back!!!!
"I'm the Great Cornholio!!! I need T.P. for my butthole!!!"
"That's gonna be cool", apesar da baixa qualidade de alguns remakes. Ainda que só o fato do formato proposto consista no retorno dos "heróis" criticando vídeos atuais já vale o esforço.
Abraços!
julho 08, 2010
Conduta Pessoal no Futebol
Algo a se pensar, depois de casos como Adriano, Vagner Love e, mais recentemente, Bruno. Na Liga de Futebol Americano Profissional (NFL), o assunto é sério.
Abraços!
julho 03, 2010
Novo Dicionário Português
Agora vai:
1) Faço a assinatura da tv à cabo. A atendente da Net, muito prestativa, pegava todos os dados, dava a suas dicas sobre os pacotes de programação, explicava detalhes, marcava o dia e hora da instalação. Aí veio a pérola:
— Sr. Angelo, como cortesia pela sua nova assinatura, a Net gostaria de lhe oferecer uma DEGUSTAÇÃO dos canais PFC durante três meses. Com a DEGUSTAÇÃO, o senhor pode assistir a todos os jogos do Brasileirão na sua casa. É uma cortesia da Net.
Da forma como o Grêmio está jogando, dá para reclamar de diarréia após assistir alguns dos jogos e dizer que a "degustação" não foi muito boa?
2) Compramos um carro. Fazemos o seguro. Banco do Brasil coleta os dados. Recebemos o que, antigamente, se chamava "Kit do Segurado". Agora, logicamente, mudou o nome. O "Enxoval do Segurado" (ver página 2) me dá total confiança de que serei bem atendido em caso de acidentes: é casa, comida e roupa lavada!
Abraços!
junho 27, 2010
Tudo (Quase) Normal
Aos poucos, volta a normalidade da vida no Brasil:
a) trânsito infernal;
b) burocracias para resolver no trabalho, ao invés de trabalhar;
c) aficcionados em teorias conspiratórias ao meu redor vendo minha filha (cidadã americana) quase como uma infiltrada na Grande Nação do hemisfério sul;
d) preços altíssimos para serviços ruins;
e) tolerância e adaptações com o que não devia ser tolerado (pense no carro que você compraria sabendo que ele não tem garagem para ficar: é o mesmo que você compraria em condições normais? Quão pior deve ser o carro comprado já que ele não vai ficar à noite em uma garagem?);
f) boa comida, menos artificial, mas também, em alguns aspectos, menos saborosa e com certeza, mais cara do que quando eu saí daqui;
g) adaptação ao clima seco da capital, eu estou bem, Chris mais ou menos, Bia nem tanto;
h) várias visitas a pediatras e postos de saúde: quase tudo ajeitado para Bia, dentro do possível atendimento de saúde no país;
i) e já ia esquecendo, os sacos de supermercados cada vez menores, e mais impróprios para serem usados como lixo. Quanta ecologia!!!
Devagar, tudo volta ao normal. Mas volta.
Abraços!
junho 14, 2010
Brasil nos EUA: A Pérola Burocrática
Meu retorno ao Brasil não poderia ter sido melhor caracterizado pelo meu contato com o Consulado Brasileiro de Atlanta. O Consulado atende um conjunto de estados que inclui a Carolina do Norte. Logo, todos os trâmites burocráticos que os brasileiros residentes nos EUA devem enfrentar passam por este Consulado. Fomos até Atlanta, por exemplo, para fazer o registro de nascimento da Bia, que, obviamente, ainda que o Consulado tenha feito o registro, precisou de um segundo documento a ser solicitado em cartório depois do retorno ao Brasil (uma "transcrição", o que quer que isto faça sobre um documento oficial do governo brasileiro).
Mas este post não está aqui para falar do registro da Bia. Sabendo da necessidade de revalidação do diploma, resolvi, ainda nos EUA, escrever para o Consulado buscando informações sobre como iniciar o processo. Para quem não sabe, todo o brasileiro que estuda no exterior (com exceção de alguns países) precisa revalidar o diploma para este ter valor no território nacional. Como tivemos que marcar horário para comparecer pessoalmente no Consulado para o registro, mandei o seguinte e-mail no dia 08 de abril:
"Prezado Sr(a):
Sou brasileiro, estudante de doutorado em Duke University (Durham-NC) e estou terminando o curso neste semestre. De acordo com as instruções brasileiras, o diploma do curso de doutorado precisa ser carimbado pelo consulado da minha região para iniciar o processo de revalidação do diploma no Brasil. Eu tenho algumas perguntas sobre o procedimento:
1) qual é, exatamente, a lista de documentos que eu tenho que apresentar no consulado para a autenticação? É apenas o diploma? Eu já vi alguns sites do governo (vide, por exemplo, http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12405&Itemid=867) afirmarem que é necessário também o histórico escolar, entre outros documentos.
2) por uma condição particular do meu financiamento aqui nos EUA, eu tenho que retornar para o Brasil antes que o diploma seja efetivamente emitido pela universidade. Existe algum outro procedimento para iniciar a revalidação do diploma antes de recebê-lo?
3) É necessário fazer o agendamento também para este procedimento?
Grato desde já pela atenção,
Angelo M. Fasolo"
No dia 09, recebo a seguinte pérola:
"On Sex 09/04/10 16:22 , legal@atlantaconsulatebrazil.org sent:
Somente legalizamos o original do diploma e o "official transcript".
LEGALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS ESCOLARES E ACADÊMICOS
ATENÇÃO: a legalização de documentos SOMENTE é feita por CORREIO. Importante: a JURISDIÇÃO do Consulado-Geral do Brasil em Atlanta cobre os estados de Alabama, Georgia, Mississippi, North Carolina, South Carolina, e Tennessee e somente pode legalizar documentos emitidos dentro de sua jurisdição.
1) Históricos (school records and transcripts), cartas, certificados, diplomas, e outros documentos emitidos por schools, high schools, colleges e universities devem ser enviados no original, ou seja, devem estar impressos em papel timbrado, contendo o nome/endereço/estado da escola ou instituição acadêmica, bem como selo ou carimbo em relevo (raised seal). Cartas, certificados e diplomas devem ainda estar assinados por funcionário autorizado (normalmente o principal, register, or counselor).
2) O valor da legalização é de US$ 5,00 por cada documento escolar/acadêmico. Mais de três (3) documentos escolares/acadêmicos podem ser legalizados em forma de maço (o que significa que não podem ser desmembrados) ao custo de US$ 15,00. A única forma de pagamento aceita pelo Consulado é money order do correio norte-americano (U.S. Postal Service) nominal ao Consulate of Brazil.
3) O Consulado somente aceita correspondência enviada por envelope Express Mail do correio norte-americano (U.S. Postal Service - não confundir com UPS-United Parcel Service). Outras formas de envio como Fedex, DHL, UPS, etc não serão aceitas e seus envelopes serão devolvidos sem ser abertos.
4) Os documentos enviados por correio devem vir acompanhados de um envelope Express Mail pré-pago (ou seja, já com os selos postais) e auto-endereçado para devolução ao interessado. O endereço de devolução pode ser tanto nos EUA, quanto no Brasil. Dada a impossibilidade de o Consulado arcar com o pagamento de tarifas de correio internacional, o interessado deve prestar atenção para que o valor dos selos postais colocados no envelope Express Mail de retorno correspondam ao custo exato de envio internacional para o Brasil. Outra alternativa para os estudantes que já se encontram no Brasil é que a legalização seja providenciada por alguém nos EUA.
5) O Consulado não se responsabiliza por atrasos ou perdas de documentos enviados por correio e recomenda que a pessoa interessada anote o número de contole (tracking number) dos envelopes de Express Mail.
6) Em caso de extravio, nova documentação original deverá ser providenciada pelo interessado e um novo processo de legalização deverá ser iniciado, seguindo os procedimentos aqui descritos.
7) Documentos que sejam enviados de forma incompleta, ou seja, sem seguir os requisitos acima, não poderão ser legalizados (como por exemplo documentos que não tenham sido emitidos dentro da jurisdição, ou que não sejam originais, ou que não contenham assinaturas e carimbos) e serão devolvidos pelo envelope Express Mail de retorno fornecido pelo interessado.
8) O prazo para a legalização de documentos escolares é geralmente no mesmo dia, a partir da data de seu recebimento no Consulado, ou seja, sem contar o tempo gasto no correio. Dado que o Consulado cobre 6 estados e recebe um grande volume de documentos escolares/acadêmicos enviados por estudantes de intercâmbio, estudantes universitátios e de pós-graduação ao final do ano letivo norte-americano, o prazo de legalização nessa época pode ser mais longo.
9) Para entrar em contato com o setor de legalizações, os estudantes devem enviar email para: legal@atlantaconsulatebrazil.org .
Atenciosamente,
Setor de Legalizações
Consulado do Brasil em Atlanta
3500 Lenox Road, Suite 800
Atlanta, GA 30326"
Por partes:
1) O Consulado não presta serviços para quem já voltou para o Brasil: se o infeliz resolveu sair dos EUA, não pode mais contar com os serviços do Consulado, mesmo que consiga provar que morou em algum dos estados atendidos pela representação brasileira. Como diz a mensagem, devemos contar com a boa vontade de amigos, já que "[O]utra alternativa para os estudantes que já se encontram no Brasil é que a legalização seja providenciada por alguém nos EUA." Também não adianta pegar um avião e aparecer na sede: como diz a mensagem "a legalização de documentos SOMENTE é feita por CORREIO."
2) Obviamente, também não é qualquer correio que resolve o problema: seja por causa do pagamento do serviço, seja pelo envio do documento, o único meio válido para o Consulado abrir o processo é "envelope Express Mail do correio norte-americano (U.S. Postal Service - não confundir com UPS-United Parcel Service). Outras formas de envio como Fedex, DHL, UPS, etc não serão aceitas e seus envelopes serão devolvidos sem ser abertos." Para economistas, o Consulado de Atlanta estimula monopólios?
3) Finalmente, cabe lembrar que este não é o passo final para a revalidação do diploma: agora, o meu diploma será enviado para alguma universidade federal que reunirá uma comissão para dizer se o meu diploma é válido ou não para o exercício da profissão no país. Se vocês já observaram com cuidado a barra de links na lateral, vocês devem ter associado que dois dos meus financiadores no PhD são agências governamentais. O interessante é que o governo do Brasil gastou dinheiro para me sustentar durante quatro anos, para só depois avaliar, através dos procedimentos do Consulado e de alguma universidade, se o diploma que eu ganhei é válido no país. Ou seja, teoricamente, a bolsa de estudos do governo pode estar sustentando alguém cujo diploma não será aceito no país.
Eu juro que tentei explicar isto para os meus colegas, mas eles não conseguiram entender. Eu também tenho dificuldades para entender isto. Welcome to Brazil!
Abraços!
junho 06, 2010
Dissertação
A versão final do trabalho apresentado em Duke já está disponível no site da universidade. Para o abstract, ver aqui. Para a versão em pdf da dissertação completa, aqui.
Abraços!
junho 01, 2010
Pra Não Dizer que Não Falei...
... do tão discutido texto de Narayana Kocherlakota, Presidente do FED de Minneapolis, um breve comentário. Eu encerrei um post antigo com a seguinte frase: "[A macroeconomia moderna] apenas (ainda) não é computável de uma maneira adequada. Seja para clássicos, seja para keynesianos".
No post, eu fazia considerações sobre a inadequação da classificação americana entre economistas "de água doce" e "de água salgada", tendo em vista a convergência metodológica entre os grupos. Com a frase final, tinha deixado a idéia no ar que pretendia desenvolver em um post mais cuidadoso que aquele. Felizmente para o leitor deste blog, um economista muito mais competente e inteligente que eu formalizou os conceitos que eu ainda mal elaborava quando pensava no tema. Este trecho genial da introdução já diz tudo:
"According to the media, the defining struggle of macroeconomics is between people: those who like government and those who don’t. In my essay, the defining struggle in macroeconomics is between people and technology."
Depois de uma revisão da história da macroeconomia nos últimos 40 anos, desde a decadência dos velhos modelos keynesianos, passando pela revolução das Expectativas Racionais e do uso recente de modelos DSGE pelos governos, Kocherlakota destaca os problemas existentes para a resolução de modelos macroeconômicos mais complexos. Ele também trata da necessidade de cuidados na definição precisa das origens dos ciclos de negócios (os "choques" dos modelos) e no uso de uma maior formalização na análise de política econômica.
O texto é brilhante na análise do estado atual da macroeconomia, dos cuidados necessários para o uso dos modelos DSGE na formulação de políticas, e das perspectivas para o futuro, sempre condicionadas à evolução da tecnologia para a resolução dos modelos. A mensagem que eu creio que fica do texto é que nenhum macroeconomista abre mão de aspectos relevantes da realidade na construção de seus modelos por maldade, incompreensão, birra ou burrice: o que falta, mesmo, é capacidade de solução de estruturas mais complexas. E Kocherlakota, neste ponto, sabe muito do que está falando.
Abraços!
maio 30, 2010
Correndo
Correndo demais. De volta à terra, revendo a família no sul, os amigos, agora a família em Minas. Sem tempo de colocar mais posts*, especialmente a primeira impressão do país depois de dois anos sem aparecer. Mas ainda estamos vivos.
Abraços!
(*) Foi mal, Berman, nem o teu comentário no último post tive tempo de colocar no ar.
maio 12, 2010
Fechando a Conta
Dias tumultuados por aqui: fechando mudança, carro vendido, impressão de comprovantes, escolha sobre o que vai conosco no vôo e o que é despachado pela transportadora, mais impressões de comprovantes, um primeiro contato com o departamento para onde posso ir trabalhar, cerimônia de formatura (começa na sexta-feira, termina no domingo), cancelamento de contas (luz, telefone, internet), outras impressões de comprovantes.
No fim, tudo se organiza. Por bem ou por mal, tudo se organiza.
Abraços!
abril 29, 2010
Eu Acho Engraçado...
... quando colunistas no Brasil tentam esticar para países desenvolvidos a mesma lógica "periferia-centro" ao tratar dos problemas dos PIGS. Eles não se dão conta que o problema é único: solvência das contas externas e/ou fiscais. Nenhum membro do "Deus-Mercado" passa por cima de alguém que tenha contas em ordem, seja da "periferia", seja do "centro". E o mais interessante do reducionismo: quando o problema é na "periferia", os mercados "massacram"; quando é no "centro", é "crise do capitalismo global". Ei, estamos em 2010, ok?
... quando colunistas que estão ocupando efetivas posições de poder reclamam que o seu trabalho é prejudicado por "quinta-colunas", "brasileiros de sotaque espiritual" e "países em desenvolvimento adesistas". Nunca passou pela cabeça que o problema pode estar na ação do colunista?! Dedicar uma coluna inteira para justificar nas costas dos outros a própria ineficiência é de doer! Ah, e ainda começa a coluna reclamando que "leitores estrangeiros" interferem na sua conversa com os brasileiros. Não posso fazer nada se colunistas têm problemas com os conterrâneos do Ulises, um dos meus oito leitores.
... quando empresários sem empresas questionam a competência dos outros.
... quando mais burocracia é necessária para corrigir erros e problemas de outra ponta da burocracia. É chocante, mas esta história fica para depois.
Abraços!
abril 26, 2010
Em uma Esquina de Durham
— Está terminando o doutorado em quê?
— Economia.
— Ah, que legal. Minha mãe é economista, dá aulas em uma universidade lá na Índia.
— Que bom, que legal. E tu nunca te interessou pelo assunto?
— Eu sempre achei muito estranha esta coisa de "oferta e demanda", pegar o comportamento individual e agregar para falar de um país inteiro... muito estranho para mim. Preferi estudar bioquímica.
— Ah, tá.
Pouco tempo depois:
— O carro que vocês estão vendendo está bom, possui boas condições de uso, mas eu vou gastar algum dinheiro fazendo reparos. Dá para negociar o preço que vocês postaram?
— Não, aquele é o preço final.
— Mas comprando o carro eu tenho que gastar mais um tanto para os reparos.
Resposta dada:
— Lamento: nós temos outras duas pessoas interessadas no carro, e ambas aceitaram pagar o preço final. Se não tivesse mais ninguém interessado, eu aceitaria negociar, mas não é o caso.
Respostas alternativas, que poderiam ter sido dadas:
— Ligue para a mamãe, e ela pode te explicar por que eu não estou baixando o preço.
— Estou apenas usando o meu conhecimento sobre "oferta e demanda". Ainda não entendeu? Mamãe, sim.
— Nota bem: eu fiz um exercício de maximização intertemporal restrito, resolvendo o problema das preferências individuais de vocês, possíveis compradores, e a minha oferta para chegar neste valor. Não entendeu?
Espero contribuições dos meus oito leitores para outras respostas que eu poderia ter dado para a possível compradora do nosso carro.
Abraços!
O Que Ele Anda Lendo???
Eu já escrevi aqui outras vezes do quão vazia se tornou, em termos metodológicos, a discussão entre "escolas de água salgada" (Princeton, MIT, Harvard, Berkley, entre outras) e "escolas de água doce" (Chicago e Minnesota, principalmente). Krugman quer recuperar o debate, argumentando sobre uma possível ignorância das "escolas de água doce" a respeito os modelos novos-keynesianos.
Na boa, eu não sei o que ele anda lendo, mas até onde eu saiba, este paper aqui foi escrito por um pessoal muito competente de Minnesota, e ainda não vi respostas específicas, só citações.
Abraços!
abril 19, 2010
Welcome to the Jungle
Os preparativos para o retorno ao Brasil me lembraram desta música.
"Welcome to the jungle
It gets worse here everyday
You learn to live like an animal
In the jungle where we play
If you got a hunger for what you see
You'll take it eventually
You can have anything you want
But you better not take it from me"
abril 12, 2010
Cookies e Café versus Pole Dancing
Pole dancing em Cambridge. Para relaxar durante os estudos. É. Assim mesmo. E o máximo que a universidade oferece aqui é café e cookies de graça na biblioteca central durante a semana de provas. Sensível diferença.
Abraços!
P.S.: H.T. Selva Brasilis
abril 09, 2010
Copa do Mundo pela ESPN
Tem algum tempo que eu estava querendo fazer este comentário, mas infelizmente faltava tempo. O comercial abaixo está passando todo o dia na ESPN, fazendo propaganda das transmissões de jogos da Copa do Mundo para os EUA.
Produção bonita, né? As imagens dos estádios, as celebrações dos gols,... tudo bem filmado. Agora, vamos avaliar o que exatamente existe do nobre esporte bretão no filme:
1) Aos 7 segundos, um gol de uma seleção africana (não consegui identificar qual) contra o Brasil;
2) Aos 10 segundos, um zagueiro de Portugal entrando com o pé no queixo de um jogador do time adversário;
3) Aos 12 segundos, um gol da Argentina (curioso, o editor parece gostar de gols feitos com chutes de longa distância);
4) Aos 13/14 segundos um zagueiro grosso até não poder mais (inglês?) espanando para trás uma bola do jeito que ela veio.
Ou seja, das quatro jogadas mostradas, duas são de uma falta de técnica absoluta. Eu não tenho nada contra, muito antes pelo contrário, se o zagueiro do meu time entra com a chuteira na cara de um atacante, mas não creio, e meus amigos publicitários podem falar disto melhor do que eu, que este seja o lance ideal para promover o esporte em um país que não é muito adepto da prática. Às vezes eu acho que estes lances aparecem para mostrar que o futebol também é um esporte viril (por aqui, soccer jogado por homens não é visto como um esporte sério, o que é fácil de entender quando a maior audiência esportiva está no football dos sábados e domingos). Mas ainda assim, listar quatro lances em um comercial e dois deles absolutamente toscos é de doer!
Abraços!
P.S.: notei que o vídeo ficou cortado no blog. Ele pode ser visto por aqui.
abril 05, 2010
Duke 2010 NCAA Champions!
abril 02, 2010
março 28, 2010
fevereiro 26, 2010
Pergunte ao Google, Bia Responde II
Dando continuidade à série, outra pergunta começou a ficar frequente no Google, e os resultados trazem curiosos para cá, como se pode notar na figura abaixo.
Mais uma vez, consultamos a pessoa mais inteligente da casa para saber a resposta que aflige tanto os visitantes do blog. Bia, o povo de São Paulo e Salvador quer saber: se te oferecessem o cargo de Presidente dos Estados Unidos, tu aceitarias? A resposta veio no melhor estilo Alborghetti (RIP):
"SAI DAQUI, PORRA!!!!!!"
Abraços!
fevereiro 23, 2010
fevereiro 22, 2010
Step 2
Depois de e-mails reclamando da nota técnica, um pouco mais de conteúdo para os interessados: os dois primeiros capítulos da tese, com modelo comentado e a análise do estado estacionário, já estão no ar.
Também a nota técnica foi atualizada para a correção de alguns pequenos erros na notação.
Mais uma vez, comentários, críticas, erros, favor entrar em contato!
Abraços!
fevereiro 20, 2010
Canadá Anexado
É o que entendo desta reportagem da Folha Online. Acho que "queimados" não foram os jogadores que participaram da brincadeira: um pouco de geografia não faria mal nenhum na redação.
Abraços!
fevereiro 05, 2010
Porcos
O problema dos PORCOS são os porcos. Explico:
PIGS: Portugal-Italy-Greece-Spain. Acrônimo em inglês bem explicado pelo Cristiano.
Pelo comentário do Juan, um dos problemas da Espanha pode estar relacionado com o excesso de "porco" distribuído: ver "Pork barrel". Ainda que o comentário esteja centrado no projeto de reforma da previdência espanhola, aposto que tem muito "porco" distribuído pelos governos, suficiente para comprometer a situação fiscal dos PORCOS.
Abraços!
fevereiro 02, 2010
Software
Duas dicas para quem precisa de programinhas fáceis para organizar o trabalho:
1) Dica do Shikida (na verdade, quem usa parece que é o Leonardo Monastério) excelente sobre o Zotero. Escrevendo a tese, não perco mais tempo com códigos em LaTex para escrever a bibliografia: basta achar na internet o link e as referências do artigo que quero citar e adicionar à minha base de dados do Zotero. Depois, é só exportar a base de dados no formato BibTex e tudo está resolvido. Livros? Basta entrar na página de alguma livraria virtual (sim, serve até a Amazon), achar o livro e adicionar a referência na base de dados. Tudo com um clique dentro do Mozilla Firefox.
2) Todo mundo na faculdade está usando, eu devo instalar aqui no meu computador amanhã, o Dropbox. Para quem trabalha em mais de um computador e precisa ter os arquivos atualizados sempre à mão, é uma tranquilidade. Backup imediato a cada alteração dos arquivos e acesso aos dados onde quer que esteja.
Abraços!
janeiro 28, 2010
Step 1
Como prometido, o primeiro passo: para os interessados na minha pesquisa, uma nota técnica para começar a quebrar a cabeça.
Como sempre, comentários, críticas, erros encontrados, favor entrar em contato!
Abraços!
janeiro 24, 2010
Notas de Um Blog Parado
Blog parado. Para quem acompanha a viagem desde o começo, deve estar se dando conta que o fim pode estar próximo. Para tirar um pouco a poeira da bodega, algumas notas:
1) Para os pais de primeira viagem que curtem música, uma dica que vale muito a pena: uma coleção de cd's com regravações de clássicos do rock em versão de canção de ninar. Compramos para Bia um dos cd's da coleção com regravações de Pink Floyd. Ela adora as versões de Time, Wish You Were Here e Mother. As versões são muito bem feitas, e existem cd's de regravações de outros artistas, como Guns'n'Roses, Beatles, Rolling Stones, Queen, AC/DC, Led Zeppelin e Metallica.
2) Também tenho trabalhado muito na tese. Por não ter o compromisso de participar do processo do Job Market, o departamento não me pede para colocar todo o meu trabalho no ar. Entretanto, espero, daqui alguns dias, colocar ao menos a nota técnica do modelo base dos papers que estou elaborando. Como o modelo é relativamente comum, não tenho preocupações com plágio (isto, garanto, apavora os meus colegas). O importante do meu trabalho é o que faço com o modelo, e não o modelo em si. Além disso, sei de leitores que apreciariam acompanhar um pouco da álgebra para a construção de um modelo como o que eu estou mexendo.
3) Não tenho tido tempo de ler o noticiário do Brasil, e quem me criticar pela minha falta de opiniões a respeito, é um babaca!
4) No front local, muita discussão sobre se Ben Bernanke deve ficar ou não no comando do Fed. Está muito fácil de coletar opiniões a favor, contra, ou mesmo neutra sobre o tema; logo, não perco meu tempo com isto. Uma nota que achei muito interessante, e que diz respeito ao processo de decisão no serviço público de uma maneira geral, está no Blog do Mankiw. Muitas vezes, o que já se discute à portas fechadas nos departamentos técnicos do serviço público acaba explorado de forma política por conveniência.
5) Nos esportes, hora de observar mais o basquete, já que o futebol americano está perto do seu final, com as disputas das finais de conferência hoje, e o Super Bowl no dia 7 de fevereiro.
Abraços!
janeiro 14, 2010
Imprensa: Percentual do Percentual
A manchete de hoje da Folha é de uma infelicidade tremenda, que mais engana do que informa:
"Inflação no governo Lula é 37% menor que nos anos de FHC"
Ok, sem problemas. Façamos as contas: a inflação média do governo anterior (argh!, já não gostei do uso de médias aqui, mas vá lá...) foi de 9,1%. No atual governo, a média da inflação é de 5,7%. Logo: (5,7 - 9,1)/9,1 = -37.4%. De fato, o jornalista acertou na conta. Os mais avançados podem dizer "tá vendo, não tem problema algum, está tudo correto".
Consideremos, então, dois governos hipotéticos: o governo A possui inflação média de zero no seu período, estabilidade absoluta do nível de preços. O governo seguinte, B, tem uma inflação de 0.1% no seu período. Façamos as contas: (0,1 - 0)/0 = Um número muito alto que tende ao infinito!!!
Qual deve ser a manchete da Folha neste caso? Uma sugestão: "Inflação explode no governo B". Bem dramático, não? Mas, como assim?, inflação de 0,1% explodiu? Sério? Tem muito país na América Latina que adoraria ter uma "explosão" destas. É o gênero do jornalismo econômico atual no Brasil. Infelizmente.
Abraços!
janeiro 13, 2010
Política Fiscal no Fed de Atlanta
Ocorreu no Fed de Atlanta um excelente seminário sobre política fiscal. Muita, mas MUITA, gente boa falando por lá, com contribuições novas, muitas explorando as relações com a política monetária e a medição de choques fiscais. Entre os participantes, Michael Woodford, V.V.Chari, Bruce Preston, Chris Sims, Andrew Levin, Jesus Fernandez-Villaverde, Harald Uhlig, Lars Svensson...
Para quem acompanha as discussões sobre macro aqui no blog, o encontro foi importante por juntar muita gente cujo trabalho foi severamente criticado, em especial por aqueles que não gastaram seu tempo estudando modelos de equilíbrio geral.
Para resumir, leia os papers. Se apenas as apresentações estiverem disponíveis no site, procure os papers. Ponto.
Abraços!
P.S.: a dica foi de um dos comentaristas do evento.
janeiro 10, 2010
Dica: Livro em Construção
Boa dica de um dos meus nove leitores (grande abraço, Ulises): está em construção um livro muito interessante do prof. Carlos Végh, da Universidade de Maryland, sobre macroeconomia aberta em economias em desenvolvimento. Os poucos capítulos que tive tempo de dar uma olhada pareceram bem completos, e o projeto é bastante ambicioso, com capítulos específicos tratando, por exemplo, de políticas ótimas, dolarização e crises financeiras. Para quem se interessa pela solução dos modelos, o site também disponibiliza os programas de Matlab que geraram os resultados publicados em cada capítulo.
Vale a leitura desde já!
Abraços!
janeiro 09, 2010
A Instrução 70 da Venezuela
A notícia das medidas cambiais na Venezuela me lembrou demais das aulas de história econômica do Brasil e as discussões intermináveis e chatas sobre a famosa "Instrução 70 da SUMOC". Digo, intermináveis e chatas para quem acha que o Brasil ainda precisa de instrumentos neste sentido, e tentam provar que este tipo de política funciona.
Notem que, na época, a taxa de câmbio mais desvalorizada no Brasil buscava estimular as exportações de café. Troquem "café" por "petróleo" e estamos muito próximos do atual caso venezuelano.
Abraços!
janeiro 02, 2010
Bolhas
Excelente pergunta do Scott Sumner: afinal de contas, o que são as "bolhas"?
Abraços!
janeiro 01, 2010
Dos Medos e Manias
Muito bom o comentário de um professor de filosofia, publicado no NYT, associando ao final o medo gerado pelo famoso Bug do Milênio (alguém ainda lembra?) com as teorias do aquecimento global.
Um abraço!
Duke Basketball: Foi Mal
Ô Cristiano, foi mal, cara. Mas jogar contra Duke, com direito à transmissão pela tv para todo o país, foi um estímulo para a gurizada daqui. Não adiantou nem trazer o Denzel Washington (pai de um dos jogadores da UPenn) aqui para Durham, que a turma do K passou por cima.
Um abraço!